Filme do Dia: Os Visitantes da Noite (1942), Marcel Carné

 



Os Visitantes da Noite (Les Visiteurs du Soir, França, 1942). Direção: Marcel Carné. Rot. Original: Jacques Prévert & Pierre Laroche. Fotografia: Roger Hubert. Música: Maurice Thriet. Montagem: Henri Rust. Dir. de arte: Georges Wakhévitch & Alexandre Trauner. Cenografia: Leon Barsacq. Figurinos: Georges Wakhévitch. Com: Arletty, Marie Déa, Fernand Ledoux, Alain Cuny, Pierre Labry, Jean d’Yd, Roger Blin, Gabriel Gabrio, Marcel Herrand, Jules Berry.

No final do século XV, dois ministreis, secretos enviados do Diabo, Dominique (Arletty) e Gilles (Cuny) chegam ao castelo do Barão Hugues (Ledoux) e semeam a discórdia. A fillha do Barão, Anne (Déa), encontrava-se prometida para casar com o Barão Renaud (Herrand). Gilles finge se apaixonar por Anne, enquanto Dominique seduz Renaud e posteriormente o próprio Barão Hugues, que nunca mais sentira nada por nenhuma mulher desde o falecimento de sua esposa. O Diabo (Berry) em pessoa vem ajudar nos planos de destruição da felicidade no Castelo, porém ele não contava com o fato de Gilles se apaixonar de fato por Anne.

Esse, que talvez seja o mais célebre filme realizado durante a Ocupação Nazista na França e um referência subliminar a própria ocupação, é grandemente comprometido  pelo tom grave e mesmo teatral, que soa tão em falso quanto a sua própria cenografia e impede que a fábula ganhe a vitalidade necessária. Ainda assim pode ser considerado um alento em comparação a um épico histórico contemporâneo produzido na Itália, quase tão célebre, ao menos na época, A Coroa de Ferro (1941), de Alessandro Blasetti. Talvez o que acabe por comprometer ainda mais o filme seja a tentativa consciente de Carné de transformá-lo em algo com “pretensões artísticas” através de expedientes como o que o feitiço do casal de enviados do demônio congela a vida no castelo, procurando sem sucesso fazer uso expressivo da imagem lenta, mas longe de extrair o que o conterrâneo Jean Cocteau conseguiria a partir do mesmo efeito em filmes como Orfeu (1950). A cena final, em que o Demônio mesmo tendo transformado o casal em estátuas de pedra, não consegue conter as batidas de seus corações, é um evidente aceno de ressistência à situação política contemporânea da França, por mais sentimental, pueril ou compensatória que seja. Productions André Paulvé para Discina. 115 minutos.

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