O Dicionário Biográfico de Cinema#263: Alan Rudolph
Alan Rudolph, n. Los Angeles, 1943
1977: Welcome to L.A. 1979: Remember My Name [Lembre Meu Nome]. 1980: Roadie. 1982: Endangered Species [A Morte Vem do Céu]. 1983: Return Engagement [d]. 1984: Choose Me [Corações Solitários]; Songwriter. 1985: Trouble in Mind [Vidas em Conflito]. 1987: Made in Heaven [Paixão Eterna]. 1988: The Moderns [A Arte do Amor]. 1990: Love at Large [Armadilhas do Amor]. 1991: Mortal Thoughts [Pensamentos Mortais]. 1993: Equinox. 1994: Mrs. Parker and the Vicious Circle. 1997: Afterglow [O Despertar do Desejo]. 1999: Breakfast at Champions [À Beira da Loucura]. 2000: Trixie. 2001: Investigating Sex. 2002: The Secret Lives of Dentists [A Vida Secreta dos Dentistas].
Os autoristas da velha guarda podem enlouquecer com Rudolph - poderia ser uma boa questão em um exame de curso de graduação em cinema se pedir que se vincule cada filme de Rudolph e o ajuste em um esquema de sua obra. Os autoristas que escaparam do cerco, podem simplesmente dizer com alegria (e alívio!) que o homem é constitucionalmente imprevisível.
Vamos supor, em acréscimo, que Rudolph é afetado pela companhia que mantém. Lembre Meu Nome teve Robert Altman como seu produtor, mas Rudolph fez o roteiro. Possui uma grande trilha de Alberta Hunter, e foi um exemplo inicial do gosto de Rudolph por escalar elencos inesperados: Geraldine Chaplin, Anthony Perkins, Alfre Woodward, Jeff Godblum, e Berry Berenson. O resultado é uma imagem seguramente, senão racionalmente, inserida na visão desequilibrada de sua heroína. E é também um filme que relembra a maravilha do final dos anos 70: ácido, lírico, independente e ainda assim fiel a Califórnia sulista, que Hollywood agora tenta ignorar.
A Arte do Amor é Rudolph em seu modo mais literário e artificial; existem momentos que se pode acreditar que o filme foi feito por Nabokov e Charlie Parker após assistir F for Fake [Verdades e Mentiras]. De fato, Rudolph teve Jon Bradshaw como seu roteirista, e outro elenco delicioso: Keith Carradine parece capaz de realizar pinturas; Linda Fiorentino e John Lone dão carnalidade à papéis meramente conceituais; Chaplin e Geneviève Bujold estão bastante divertidas; e Kevin O'Connor foi o melhor Hemingway do cinema. Mesmo Wallace Shawn está tolerável. Pelo caminho, A Arte do Amor foi uma piada gloriosa sobre a reputação criativa, um vibrante pastiche do período boêmio.
Somando-se a isto, Rudolph realizou alguns dos filmes mais inassistíveis já assinador por um diretor de primeira classe: Songwriter, Vidas em Conflito, Paixão Eterna e Armadilhas do Amor. Corações Solitários é uma raridade para o diretor, um filme com aspectos positivos e negativos. Mas Pensamentos Mortais pareceu um passo adiante. Ao menos, Rudolph parecia compreender o entretenimento padrão. A estrutura era intrincada e talvez excessivamente indicativa do final. Mas o filme nos proporciona vida operária, e possui interpretações excepcionais de Glenn Hedley e Demi Moore.
Rudolph é filho do diretor Oscar Rudolph. Esteve no programa de treinamento do Sindicato dos Diretores, e cresceu artisticamente com Robert Altman, como assistente de diretor em California Split [Jogando com a Sorte] e Nashville, e como co-roteirista em Buffalo BIll and the Indians [Oeste Selvagem] (76). Portanto, de uma forma estranha, esta criança de Los Angeles sempre esteve em desacordo com a percepção de Hollywood sobre a cidade e sua missão. Rudolph podia fazer qualquer coisa, mas é razoável se esperar por mais um ou dois triunfos excêntricos.
Gostei de Mrs. Parker, embora não esteja certo que encontraria um círculo de admiradores para ele. O Despertar do Desejo teve bastante orgulho de seu elenco - mas, então, por que não lhes entregar um roteiro melhor? À Beira da Loucura e Trixie se encontram entre as piores coisas que Rudolph já fez.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2311-12.
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