Filme do Dia: A Morte (1962), Bernardo Bertolucci





A Morte (La Commare Secca, Itália, 1962). Direção: Bernardo Bertolucci. Rot. Original: Bernardo Bertolucci, Sergio Citti & Pier Paolo Pasolini. Fotografia: Giovanni Narzisi. Música: Piero Piccioni & Carlo Rustichelli. Montagem: Nino Baragli. Figurinos: Adriana Spadaro. Com: Giancarlo De Rosa, Carlotta Barilli, Alvaro D´Ercole, Romano Labate, Silvio Laurenzi, Gabriella Giorgelli, Allen Midgette, Renato Troiani, Santina Lisio, Alfredo Leggi.
Grupo de suspeitos do assassinato de uma prostituta é interrogado pela polícia. Entre os suspeitos se encontra o soldado Teodoro (Midgette) e a dupla de jovens Francolicchio (D´Ercole) e Pepito (Labate).
Utiliza-se do modelo de investigação criminal como mero suporte secundário para uma descrição da Roma repleta de personagens do lumpen-proletariado como pequenos marginais, prostitutas e homossexuais bastante cara a Pasolini, influência notória no início da carreira de Bertolucci, e co-roteirista do filme (sendo esse seu filme de estréia realizado quando ele tinha somente 22 anos). Ainda assim, tal influência não consegue esconder uma marca narrativa própria de Bertolucci, que afasta da visão explicitamente melodramática e de influência marcadamente neo-realista presente em Pasolini para uma mais sofisticada, intimista e distanciada observação sobre seus personagens. Tais marcas distintivas também já se encontram presentes na fluência do trabalho de câmera que se tornará recorrente na obra do cineasta e seu tom mais sóbrio talvez já traia uma influência dos cineastas da Nouvelle Vague que começaram a produzir pouco antes. Curiosamente, ainda que o cineasta faça uso de diversos testemunhos que se referem a um crime, não existe praticamente contradição nos testemunhos dos personagens como no célebre Rashomon, de Kurosawa, traindo uma dimensão tanto de fé nos personagens quanto na memória dos mesmos. O resultado final, ainda que com momentos inspirados, é bem menos efetivado que em seu segundo filme, Antes da Revolução (1964), que se beneficia de utilizar ainda com mais talento algumas das estratégias aqui presentes para um universo com o qual o cineasta parece mais familiarizado, a burguesia decadente de Parma ou ainda que a realização contemporânea do próprio Pasolini sobre realidade semelhante em seu Accattone - Desajuste Social. Cinematografica Cervi/Cineriz. 88 minutos.

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