Filme do Dia: Close-Up (1990), Abbas Kiarostami
Close-Up (Nema-ye Nazdik, Irã, 1990). Direção e Rot. Original: Abbas Kiarostami. Fotografia: Ali Reza
Zarrindast. Montagem: Abbas Kiarostami. Com: Ali Sabzian, Mehrdad Ahankhah,
Mahrokh Ahankhah, Abolfazl Ahankhah, Mohsen Makhmalbaf, Hooshang Shamaei,
Hossain Farazmand, Haj Ali Reza Ahmadi.
A denúncia de
que um homem, Ali Sabzian (Sabzian) faz-se passar pelo cineasta iraniano Mohsen
Makhmalbaf faz com que um repórter, acompanhado por dois policiais, o levem
preso da casa de uma rica família de Teerã, os Ahankhah. Perante o juiz
(Ahmadi), no entanto, Sabzian desfaz as intenções de roubo e apenas afirma que
fazia-se passar pelo cineasta por que amava o cinema, assim como o respeito que
as pessoas lhe devotavam quando afirmava ser Makhmalbaf. Após ser perdoado pela
família Ahankhah, Sabzian encontra-se com o verdadeiro Makhalbaf, indo até a
residência dos Ahankhah pedir-lhes desculpas.
Esse filme de
Kiarostami leva a sua habitual mescla entre fantasia e realidade ao extremo, no
sentido de que a maioria dos envolvidos – inclusive o pivô do ocorrido – no caso
representam ou reencenam o que de fato ocorreu. Utilizando-se de seu repertório
estilístico habitual – longas seqüências que aproximam-se do tempo real, como o
diálogo entre o jornalista e o taxista no prólogo; longos planos acompanhando
motivos de menor importância, como o cano chutado pelo taxista descendo a
ladeira – Kiarostami constrói uma tocante narrativa, em que muitas vezes não
sabe-se ao ao certo o que vem a ser encenado ou não: será o emotivo encontro
final entre Sabzian e o verdadeiro Makhmalbaf uma encenação ou realidade? O
título advém do fato das seqüências no tribunal, que compõem a maior parte do
filme – e que, embora aparentem serem encenadas, são documentais - utilizarem-se de planos
fechados, para melhor captar a emoção dos envolvidos, sobretudo do réu. As
sequências do tribunal são intercaladas por flashbacks
que reconstituem eventos que são expostos perante o juiz. A voz de Kiarostami
aparece em vários momentos, ponderando sobre o que virá ou não a ser destacado
no filme. Ao apresentar as sutilezas entre a arte e a realidade como poucos, o
filme certamente exerceu forte influência sobre A Maçã de Samira Makhmalbaf, que também acompanha um caso
jornalístico e documenta cenas de tribunal. Instituto
para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens. 100 minutos.
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