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Mostrando postagens com o rótulo Documentário

Filme do Dia: Brotherhood (2021), Francesco Montagner

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  B rotherhood (Itália/Rep. Tcheca, 2021). Direção   Francesco Montagner. Rot. Original Francesco Montagner & Alessandro Padovani. Fotografia Prokop Soucek. Montagem Valentina Cicogna. Mais que qualquer outra coisa, surpreende se saber se tratar de um documentário. Não que fosse algo completamente fora de questão. Mas a forma como é encenado, sua fotografia e enquadramentos elaborados, seus cortes, tudo parecia apontar para uma ficção de ritmo lento e despreocupada em esquemas dramáticos convencionais. O que convenhamos, não falta na produção contemporânea. O que traz uma densidade maior, aquilo que já fora percebido como um grande valor, ficção ou não: o afastamento e impenetrabilidade, em última instância, de todos os retratados. Visto como ficção, teme-se que em algum momento ocorra uma explosão catártica, agressão ou algo do tipo entre os três irmãos que são designados pelo pai, como em uma fábula realista, de funções específicas. O mais velho de cuidar dos outros e arranj

Filme do Dia: How do You Know It´s Love? (1950), Ted Peshak

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  H ow do You Know It’s Love? (EUA, 1950). Direção: Ted Peshak. Um rapaz, Jack, e uma moça, Nora,   demonstram interesse por si, mas não sabem definir exatamente pelo que passam. A garota busca aconselhamento com sua mãe, enquanto o garoto fala com seu colega de quarto, Bob que convida os dois para uma saída com ele e sua namorada. A mãe explica a garota diversos tipos de amor. Nora e Jack , saem com Bob e Jean para jantar. Esse tipo de produção, bastante popular à época, era uma forma de saciar o contraste entre o desejo coletivo crescente de incluir o sexo como pauta central da sociedade norte-americana – o relatório Kinsey masculino havia sido lançado há apenas dois anos – e as poucas possibilidades de escape, das quais os filmes se tornarão igualmente uma crescente válvula. Digno de registro que a garota busque aconselhamento através de uma via social mais “institucional”, a família, representada pela mãe, enquanto o garoto o faz de forma mais velada, com um amigo.   E que as r

Filme do Dia: JFK Revisitado: Através do Espelho (2021), Oliver Stone

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  J FK Revisitado: Através do Espelho ( JFK Revisited Through the Looking Glass , EUA, 2021). Direção Oliver Stone. Rot. Adaptado : James DiEugenio, baseado no seu próprio livro. Fotografia Robert Richardson. Música Jeff Beal. Montagem Brian Berden, Kurt Mattila & Richard B. Molina. A sanha com que esse documentário se lança em buscar a comprovação de que as investigações que se sucederam ao assassinato do presidente Kennedy foram manipuladas talvez possua um efeito colateral não previsto por seus realizadores – e Stone é um conhecido militante na área, tendo realizado um longa ficcional ( JFK: A Pergunta que Não Quer Calar ) de impacto sobre o tema, além de paralelamente a este documentário, ter dirigido uma minissérie para TV com título próximo. E qual seria este efeito?  O de não emergir nenhuma voz dissonante que se contraponha à conspiração pela CIA, tal qual um filme ficcional clássico (e a maior parte dos que são feitos até hoje), em que tudo parece à serviço da redundân

Filme do Dia: A História Não Contada dos Estados Unidos - A Bomba (2012), Oliver Stone

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  A   História Não Contada dos Estados Unidos – A Bomba ( The Untold History of United States. Chapter 3: The Bomb , EUA, 2012). Direção Oliver Stone. Rot. Original Matt Graham, Peter Kuznick & Oliver Stone. Música Adam Peters. Montagem Alex Márquez. Inicia com as chocantes manifestações – inclusive de personalidades públicas, a começar pelo presidente Truman – de racismo aberto contra os japoneses, geradas em sua maior parte pela trauma junto aos norte-americanos representado pelo ataque à base de Pearl Harbour. Os ataques aéreos – e Roosevelt advocava por não se utilizar de diligências bárbaras como atacar grandes cidades – já haviam se tornado lugar comum sobre as grandes metrópoles europeias e asiáticas (Madri, Xangai, Barcelona, Londres, Berlim, Moscou, Leningrado, etc.). Faz uso mais intenso e diversificado de filmes ficcionais. Iwo Jima – O Portal da Glória , retratando a agressividade dos combates e baixas americanas no Pacífico (até o herói John Wayne é ferido a tiro

Filme do Dia: Trabalhadoras Metalúrgicas (1978), Renato Tapajós & Olga Futemma

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  T rabalhadoras Metalúrgicas (Brasil, 1978). Direção Renato Tapajós & Olga Futemma. Rot. Original Olga Futemma. Fotografia Washington Racy. Montagem Olga Futemma. Indo bastante direto ao assunto esse documentário, aparentemente propositalmente sem grandes firulas estéticas (quando se pensa, em contraposição, na abordagem de um curta de meia década após como Chapeleiros ) para provavelmente servir como alimento para discussões dentro do próprio sindicato que o co-produziu – e, na abertura do congresso com participação exclusiva de mulheres quem o abre é ninguém menos que o presidente do sindicato à época, um imberbe Luís Inácio Lula da Silva. Inicia com uma fala de uma trabalhadora que afirma-se dividida entre querer voltar como o próprio sexo, mas também como homem, devido as diferenças salariais para o mesmo tipo de trabalho e depois faz um rápido comentário, mais que apanhado histórico, em cima de um punhado de ilustrações históricas de mulheres trabalhadoras do século XI

Filme do Dia: Maître Galip (1964), Maurice Pialat

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  M aître Galip (França, 1964). Direção: Maurice Pialat . Rot. Adaptado: A partir do poema de Nazim Hikmet. Fotografia: Willy Kurant. Ainda mais que em Pehlivan , centrado em tema único, esse curta de Pialat do momento inicial de sua carreira, também ambientado na Turquia, toma as palavras de um poeta como passaporte para olhares menos centrado ou mais dispersos sobre motivos vários. Complementa a poesia um canto tradicional e é da complexa tessitura entre o canto e sua música, a poesia e as imagens da primavera escaldante em Istambul que o curta trafega. Às crianças, entrevistas em meio a multidão em Pehlivian ,  observa-se com peculiar atenção, bem antes mesmo do narrador atentar para uma passagem do poeta que faz referência aos seus cinco anos de idade. Seus rostos miúdos surgem inicialmente valorizados apenas por si próprios. Posteriormente vinculados a passagem dos anos pelo poeta, como referido e aí, quando a idade adulta chega, é a preocupação com o trabalho que se torna pre

Filme do Dia: 25 (1975), Celso Luccas & José Celso Martinez Correa

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  2 5 (Moçambique, 1975). Direção e Rot. Original   Celso Luccas & José Celso Martinez Correa. Fotografia Guilherme Costa & Celso Luccas. Ao contrário da mera curiosidade histórica a ser despertada pelo que se produziu neste momento e previamente, em apoio ou completamente engajado nas lutas pela independência, o filme de Luccas, em colaboração com Zé Celso Martinez, é de um arrojo estético impensável, daí ser tão pouco visto na própria Moçambique, mesmo tendo sido feito no bojo das celebrações da independência do país, do qual testemunha seu título, referente ao dia da mesma. Em menos de cinco minutos se observa acordes de Rhapsody in White , de Barry White e de Take 5 , associados a um discurso a afirmar os dias contados de Lourenço Marques, e do domínio da burguesia portuguesa na mesma. Ou ainda os agradecimentos a Deus de Roberto Carlos em A Montanha sobrepostos às imagens de corpos mutilados pela tortura. E do outro lado do espectro ideológico é musicado um poema do ang

Filme do Dia: Sauna (1947), Holger Harrivirta

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  S auna (Finlândia, 1947). Direção: Holger Harrivirta. Esse documentário que apresenta, através de belas imagens pastorais e bucólicas, a importância da verdadeira instituição social que é a sauna no país, exibindo um grupo de mulheres que ao chegar do trabalho, vai relaxar em uma sauna a beira do rio e depois se banhar no mesmo, poderia ser tido como o equivalente esforço de tematização de valores e tradições nacionais empreendido pelo Instituto de Cinema Educativo no Brasil, sobretudo na década seguinte. Às  cenas de nudez feminina, tanto dessexualizadas quanto o possível, evita-se acrescentar as de nudez masculina, talvez por considerá-la menos estética aos propósitos visuais aqui pretendidos, mesmo que fique explicitado que os homens fazem uso do mesmo equipamento – um grupo deles espera que as mulheres saiam para lá adentrar. A interpretação um tanto mecanicista de seus “atores naturais” e a ausência de qualquer noção de conflito, em um mundo ao mesmo tempo harmonioso e anódino

Filme do Dia: Act YourAge (1949), Ted Peshak

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  A ct Your Age (Emotional Maturity) (EUA, 1949). Direção Ted Peshak. Jovem é abordado por professor não efetuando a prova, mas sim riscando a carteira com suas iniciais. Até no tema que aborda, o descontrole emocional – embora aqui associado a padrões etários – é muito similar a outro curta institucional realizado pelo mesmo Peshak no ano seguinte ( Control Your Emotions ). Como em outros curtas do tipo à época, um narrador auxiliar (nem sempre a voz que ouvimos em over é a mesma da figura de autoridade, aqui um psicólogo) é convocado para a elaboração do efeito didático, e sua voz se sobrepõe às imagens que observamos, que aqui não possuem função de flashback, mas de ilustração do discurso, apresentando um jogador de beisebol reagindo a frustração como uma criança de cinco anos, mesmo possuindo o triplo dessa idade. Aqui também se observa algumas pequenas variações sobre o mesmo tema, já que – e de forma não tão comum nessa produção – contamos também com uma voz over servindo par

Filme do Dia: 21 Up (1977), Michael Apted

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  21 Up (Reino Unido, 1977). Direção: Michael Apted. Fotografia: George Jesse Turner. Montagem: Andrew Page. Sutis mudanças ocorrem no terceiro filme da série em relação a sua matriz ( Seven Up ). Elas são tanto tecnológicas (agora são imagens em cores, como as do segundo), estilísticas (reduz-se as imagens observacionais, aumenta-se a cota de entrevistas diretas, a voz over agora é também dos próprios depoentes, além do narrador) e também de recorte – agora as mulheres tem talvez um pouco mais destaque que na produção original. E coroando essas mudanças se encontra, evidentemente, a própria utilização massiva de imagens de arquivo do primeiro filme da série e, com bem menos frequência, do segundo, 7 Plus Seven (1970), inclusive sendo observados em telas por eles próprios, mas não discutidos propriamente (como fazem os atores naturais do célebre e precursor Crônica de um Verão de Rouch). As diferenças sociais se agudizam na forma em que os mais escolarizados tendem a ter uma capac

Filme do Dia: Panoramic View of Newport (1900), James H. White

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P anoramic View of Newport (EUA, 1900). Fotografia: James H. White. Na verdade se trata menos de uma visao panorâmica de Newport, como afirma o título, do que uma longa cena na qual se percebe a movimentação extraordinária (devido a câmera os filmando?) de homens no convés de um barco. As poucas edificações da cidade ficam tão ao fundo e esparsas que tampouco condizem com o prometido pelo título. Cumpre ressaltar que o título o aproxima dos “panoramas”, um dos gêneros favoritos da época, ainda que aqui se tenha menos um movimento panorâmico da câmera, tal como habitualmente no gênero, que um travelling a partir de um barco. Edison Manufacturing Co. 1 minuto e 15 segundos.

Filme do Dia: O Cinegrafista de Rondon (1979), Jurandyr Passos Noronha

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  O Cinegrafista de Rondon (Brasil, 1979). Direção: Jurandyr Passos Noronha. Repleto de stills e voz over , o memorialista ( Carmen Santos , Panorama do Cinema Brasileiro ) evoca a trajetória do Major Thomaz Reis ( Ao Redor do Brasil ) ao lado da Comissão Rondon,  comparando-a (um tanto apressadamente, diga-se de passagem, dado o caráter muito mais aprofundado e inevitavelmente extenso do material) com os cinegrafistas dos Lumière nos primórdios das imagens em movimento. Ainda que o filme siga os passos do documentarismo acadêmico, traz uma trilha sonora um tanto dissonante com algo mais convencional nesse campo. Os índios praticamente só surgem em suas imagens próximo ao final. Quanto a seu comentário sobre o pobre estado de preservação do material filmado por ele, boa parte desaparecido em incêndios, parece confirmar o estado cíclico, quando não quase sempre periclitante, do acervo fílmico nacional como um todo, tornando-se o material produzido depois de algum tempo verdadeiros so

Filme do Dia: A Sociedade Anonyma Fábrica Votorantim (1922), Armando Pamplona

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  A   Sociedade Anonyma Fabrica Votorantim (Brasil, 1922). Direção e Fotografia: Armando Pamplona. Há evidentes recordações dos primeiros anos do cinema nas imagens iniciais dessa produção. E que também vão para além dele, no caso dos longos, insistentes e belos travellings que apresentam aspectos da paisagem da viagem de trem entre Votorantim e Sorocaba. Ainda mais tipicamente localizado no Primeiro Cinema são os lentos “panoramas” descritivos que pretendem ressaltar a monumentalidade do complexo fabril da Votorantim. Porém, em meio a tanta demonstração de modernidade, incluindo bondes elétricos e a abertura das comportas de uma barragem, ou ainda a enormidade das roldanas em planos propositalmente pensados para se dispor em escala em relação aos seres humanos, convivem elementos mais prosaicamente triviais, como são os moradores locais, os trabalhadores de beira de estrada (evocativos do célebre Black Diamond Express ) ou o cachorro que passeia pelas comportas. Sem utilização de mú

Filme do Dia: The True Story of Lili Marlene (1944), Humphrey Jennings

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    T he True Story of Lili Marlene (Reino Unido, 1944). Direção: Humphrey Jennings. Fotografia: H.E. Fowle . Música: Dennis Blood. Montagem: Sidney Stone. Dir. de arte: Edward Carrick. Contando com encenações abertas que reconstituem a gênese da célebra canção (que se tornaria título de um dos últimos filmes de Fassbinder , quatro décadas após), esse curta parece fugir um pouco da poética mais associada a Jennings. Aqui se somam a essas reconstituições encenadas imagens de arquivo (dentre outros, do inevitável O Triunfo da Vontade ) em contra-propaganda mais direta, de longe a opção mais utilizada (e mais bem-sucedida, diga-se de passagem) pelos britânicos. Aqui se encena, inclusive, o estabelecimento improvisado de uma rádio de propaganda nazista na Belgrado bombardeada e ocupada, em que se executa a canção cantada por Lale Andersen. Como o objetivo principal da rádio era atingir e levantar a moral de seus compatriotas soldados, observa-se (como em Fassbinder, embora de forma men

Filme do Dia: Forman vs Forman (2019), Jakub Hajna & Helena Trestiková

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  F orman vs. Forman (Rep. Tcheca, 2019). Direção: Jakub Hejna & Helena Trestíková. Documentário  bastante convencional, mas nem por isso destituído de interesse, que faz uma retrospectiva dos filmes e da vida do realizador tcheco Milos Forman. De sua infância, vivenciada sob a tragédia do envio de seu pai (depois veio a saber que não era seu pai biológico) e mãe aos campos de concentração aos píncaros do sucesso hollywoodiano. O próprio Forman comanda a narrativa, conseguindo driblar as emoções mais profundas quando fala do desaparecimento da mãe, zombando da burrice da censura estatal após os anos de arrocho stalinista e deploravelmente tediosos filmes de Realismo Socialista (um deles, sintomaticamente em cores, tem trechos seus exibido) até a Nova Onda Tcheca e o reconhecimento internacional de seus filmes. Entrevistas para a TV americana, para críticos franceses. Forman, ao defender O Baile dos Bombeiros , em Cannes, que no regime de Dubek talvez tenham ganho liberdade exce

Filme do Dia: Hokusai (1953), Hiroshi Teshigahara

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  H okusai (Japão, 1953). Direção: Hiroshi Teshigahara. Rot. Original: Makoto Yoshikawa. Fotografia: Hiromi Hasegawa, Junichi Segawa & Susumu Hirashima. Música: Yasuji Kiyose. Montagem: Miyuri Miyamori. Curta documental que se detém sobre a vida e a arte de Katsushita Hokusai. Nos minutos iniciais até se imagina que o filme poderia seguir, sem grandes atribulações, na linha de diálogos forjados sobre algumas obras do artista, que mais parecem uma antecipação das histórias em quadrinhos, tal como Oshima o faria com O Grupo de Ninjas (1967). Porém logo a voz over , masculina e repleta de informações, far-se-á presente. Mesmo com suas inserções, talvez boa parte do mesmo se dê mais com o auxílio da música sobre imagens as mais diversas de Hokusai. Produzindo durante a Era Edo, e segundo o curta, tendo morrido aos 91 anos, em meados do século XIX,  e afirmado que somente se consideraria um artista aos 100, é dito ter vivido sempre em penúria material, retratando muito mais os campon

Filme do Dia: A Santa de Coqueiros (1931), ?

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  A  Santa de Coqueiros (Brasil, 1931). Parece haver um caráter propenso a motivar certo sensacionalismo nessa abordagem de uma pretensa santa do interior de Minas Gerais, que tem gerado toda uma mobilização de romeiros de outras partes do Estado (fenômeno aparentemente de alcance regional, o que também se poderia entender pelos precários meios de comunicação da época); impressão essa que se desfará posteriormente, quando uma cartela afirma sobre quase cinco mil correspondências provenientes de todas as partes do Brasil em um só dia e benzidas.  Tal caráter sensacional surge já nos primeiros planos, que se demoram em registrar a relativamente absurda quantidade de veículos motorizados para uma povoação daquele porte. Ou ainda o crédito que afirma sobre um verdadeiro “formigueiro humano” que se formaria nas imediações da casa da mulher que é tida como milagrosa. Posteriormente se observa a multidão humana que se forma ao redor da casa da mesma e, novamente, uma quantidade (à época) ex

Filme do Dia: Viagem Através do Cinema Francês (2016), Bertrand Tavernier

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  V iagem Através do Cinema Francês ( Voyage à Travers le Cinéma Français , França, 2016). Direção e Rot. Original: Bertrand Tavernier. Fotografia: Jérôme Alméras, Simon Beaufils & Julien Pamart. Música: Bruno Coulais. Montagem: Marie Deroudille & Guy Lecorne. Nem de longe possuindo a mesma vivacidade de seu modelo – Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano com Martin Scorsese , realizado no “centenário” do cinema – e mesmo excluindo o “pessoal” do seu título, é evidente que essa também é uma história pessoal, inclusive com bem mais inserções de Tavernier que as de seu colega norte-americano e, mais importante que isso, com um escopo de filmes que acompanha sua trajetória de cinéfilo, portanto deixando de fora o Primeiro Cinema e o cinema mudo em geral (sendo esse contemplado parcialmente na obra em que são compiladas dezenas de filmes de Lumière comentados com espirituosidade pelo realizador); talvez seja essa espirituosidade que falte um pouco aos comentários de Tavernier q

Filme do Dia: The Last Two Days (1963), Thomas M. Atkins & Robert L. Knudsen

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T he Last Two Days (EUA, 1963). Fotografia: Thomas M. Atkins & Robert L. Knudsen. Documentário apócrifo (produzido para a TV?) que acompanha os dois últimos dias do presidente John F. Kennedy em sua viagem fatal ao Texas (San Antonio, Houston, Ft. Worth e Dallas). Entre palestras, apertos de mão e recepções de boas-vindas em aeroportos, grupos de jornalistas e cinegrafistas, vastas multidões acompanhando o cortejo presidencial de ambos os lados das ruas, tudo parece seguir o mesmo aborrecido trânsito burocrático-político que também é a tônica desse curta, e do qual não se sabe a fonte das imagens, embora provavelmente sejam de uma mesma produção (a do próprio documentário), já que consistentemente equalizadas em termos de cores e iluminação. Curiosamente desde o dia anterior Jacqueline Kennedy portava seu tailleur cor de vinho, com chapéu de idêntica cor que traria manchado de sangue pouco depois. Fugindo do rotineiro, o documentário faz uso de uma foto fixa de pai e mãe protegen

Filme do Dia: Is That All There Is? (1995), Lindsay Anderson

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  I s That All There Is? (Reino Unido, 1995). Direção e Rot. Original: Lindsay Anderson. Música: Alan Price.   Montagem: Nicolas Gaster . Singelo documentário, dedicado a duas atrizes que haviam se suicidado, Jill Bennett e Rachel Roberts, sendo a última atriz que marcou os anos mais produtivos do drama realista kitchen sink britânico dos idos de 1960, e que tem suas cinzas (simbólicas ou reais) jogadas ao vento em um passeio no Tâmisa (algo evocativo do final de Lightining Over Water , porém destituído do tom algo fake daquele). Evidentemente também foi pensado como um filme-testamento pelo próprio Anderson, que morreria antes de vê-lo lançado. É singelo, sobretudo, por apresentar o cotidiano do realizador, destituído do glamour e/ou sentimentalismo habitualmente oferecidos quando se refere ao mundo dos astros e realizadores do cinema. Aqui, ao contrário, o cineasta se observa com fleugma e dignidade britânicas, de roupão e despejando redoxon para ingerir com algumas pílulas,   na