Filme do Dia: O Barbeiro (1933), Arthur Ripley
O Barbeiro (The Barber Shop, EUA,
1933). Direção Arthur Ripley. Rot. Original W.C. Fields. Fotografia John W.
Boyle & George Unholz. Com W.C. Fields, Elise Cavanna, Harry Watson, Dagmar
Oakland, John Sinclair, Cyril Ring, Frank Alexander.
Cornelius
O’Hare (Fields) é barbeiro em uma cidade provinciana. É cumprimentado e tece
observações sobre quem cumprimenta a uma pessoa que trabalha com ele. É chamado
pelo filho, Ronald (Watson), para cear, para seu desgosto sempre sem carne,
pois sua esposa (Cavanna) é vegetariana. Sua refeição é interrompida por
pessoas que chegam no seu estabelecimento comercial, no térreo. Primeiro,
alguém querendo lhe vender um contrabaixo, quando está satisfeito com o seu.
Após a negativa, o sujeito deixa o seu com Cornelius e vai trabalhar. Depois
sua manicure, Hortense (Oakland), interessada em apreciar seus dotes musicais,
o que sua esposa não faz, segundo ele. E então, um homem querendo ser barbeado
e outro atrás da sauna (Alexander). Por fim, o assaltante de banco procurado
pela polícia (Ring).
Woody
Allen, em mais de uma entrevista, aponta Fields como seu humorista predileto,
ao lado dos Irmãos Marx. É um testemunho vigoroso de quão a apreciação do humor
é feita fortemente por uma determinada vivência – é provável que Allen tenha
visto os filmes com Fields primeiramente na infância –enraizadamente local. De
um momento posterior aos clássicos do mudo, e bastante dependente de diálogos –
e uma sonorização ainda precária, agravada pela passagem do tempo – não deixa
de ser paradoxal que a cena mais divertida, apesar disso, venha a ser de uma
fisicalidade mais próxima dos tempos do pastelão. E uma piscadela em direção ao
seu produtor, mestre daquelas no passado.
Há referência a sexualidade provavelmente mais diretas que material do
tipo passou a lidar a partir da efetiva implantação do Código de Produção, no
ano seguinte. A manicure flerta abertamente com O’Hare e quando este a encontra
não é gratuita sua referência a gostar de carne, ao contrário da esposa, esta
ultima tipicamente observada como megera-matrona, mesmo que magríssima, ao
contrário do habitual tipo com o qual foi descrita pelo cinema, e pela
chanchada brasileira em particular. Sua magreza está associada, claro, ao fato
de ser vegetariana. O barbeiro também observa as belas pernas envoltas em meias
de seda à altura do passeio. Destaque para o modo vanguardista de “tocar” o
instrumento, pois é apenas na madeira, e não cordas, que O’Hare faz uso, numa
provável ironia caricata dos músicos de jazz. |Mack Sennett Studios para
Paramount Pictures. 21 minutos e 31 segundos.![]()
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