Filme do Dia: "Amalia" (1914), Enrique García Velloso
Amalia
(Argentina, 1914). Direção: Enrique García Velloso. Rot. Adaptado: Eugenio Py,
a partir do romance de José Mármol. Fotografia: Enrique García Velloso. Com:
Susana Larreta y Quintana, Luis García Lawson, Jorge Quintana, Lucía de Bruyn,
Jose Miguens, Raquel Aldao, Josefina Acosta, Carlos Morra.
Envolvido com o movimento que se insurge
contra o unitarismo autoritário e prega a união da nação, Eduardo Belgrano
(Lawson) se apaixona por Amalia (Quintana), que mora na casa onde fica
hospedado, convalescendo de uma ação insurgente. Seu melhor amigo é primo de
Amalia, Daniel Bello (Quintana) e também apoiador da causa.
Difícil se torna ter acesso a trama somente
através do filme e muito pesa contra essa objetivo: a cópia bastante
desgastada, os longos planos fixos em que aparentemente nada acontece e não se
consegue discernir quem é quem tal a profusão de pessoas enquadradas e a
ausência de uma decupagem mais dinâmica. À enorme lista de personagens
apresentados ao início, inclusive com a presença de atores brancos
interpretando negros, estratégia igualmente utilizada por Griffith no filme que
seria o filme equivalente norte-americano de fundação da nação, lançado no mesmo
ano, O Nascimento de uma Nação,
tampouco auxilia, dada as estratégias referidas utilizadas pelo filme –
chega-se a momentos em que apenas se flagra a entrada e saída de uma missa,
quase como se o filme por vezes mimetizasse sua aura de registro de situações
cotidianas que havia marcado o seu ínicio; por mais que seja uma tentativa de
se equivaler as digressões narrativas que compõe sua fonte literária, como o
momento da dança dos gaúchos, não funcionam para um filme já por demais pouco
claro em sua apresentação narrativa, algo que certamente contava com o fato do
espectador da época já conhecer o texto literário. Histórias igualmente
fundacionais, seja adaptações literárias de romances consagrados, como as
várias versões de O Guarani, no caso
brasileiro ou El Húsar de la Muerte
(1925), no Chile, são uma tendência forte na produção latino-americana do
período. O desfecho abrupto do filme, com todos os conspiradores e seus
aliados e próximos se organizando para abandonar por barco o país, após uma
derrota sofrida, provavelmente se deve a cópia que sobreviveu se encontrar
incompleta, mas não se descarta de todo a possibilidade de assim sê-lo
originalmente, dada a precariedade que acompanha toda a produção, de longe
menos cinematográfica que Nobleza Gaucha
(1916). 54 minutos.
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