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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Experimental

Filme do Dia: Limite (1931), Mário Peixoto

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L imite (Brasil, 1931). Direção, Rot. Original e Montagem: Mário Peixoto. Fotografia: Edgar Brasil. Com: Raul Schnoor, Brutus Pedreira, Olga Breno, Tatiana Rey, Camren Santos, Edgar Brasil, Iolanda Bernardes, Mário Peixoto. Esse, que é o filme-referência de vanguarda brasileiro, equivalência tardia ao que foi produzido na década anterior na Europa, sobretudo França, consegue construir um raro senso poético, em que ângulos originais e a própria dimensão do espaço são trabalhados de forma poderosa. A composição de certas imagens são de tirar o fôlego, seja pelo inusitado (como a câmera baixa que flagra do chão o diálogo entre dois personagens com um posto sobre eles), seja pela beleza (a moldura dentro do próprio plano, como o momento em que um dos personagens procura por alguém no casario da ilha na qual se encontra, e o observamos precisamente recortado pelas janelas e portas desse mesmo casario, seqüência evocativa do que John Ford faria posteriormente).   Ou ainda, por vezes,

Filme do Dia: The Angelic Conversation (1985), Derek Jarman

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T he Angelic Conversation (Reino Unido, 1985). Direção: Derek Jarman.  Roteiro Original: Derek Jarman, com sonetos de Shakespeare. Fotografia: Derek Jarman. Música. Coil. Montagem: Peter Carthwright, Derek Jarman & Cerith Wyn Evans. Com: Paul Reynolds, Philip Williamson, Dave Baby, Timothy Burke, Simon Costin, Christopher Hobbs, Philip MacDonald, Toby Mott. Juntamente com Blue , uma das experimentações mais radicais do realizador. Aqui, observa-se sobretudo a interação de corpos e o amor entre homens em imagens quadro-a-quadro com eventuais inserções na banda sonora de possantes versos de Shakespeare. A odisseia pela busca do amor passa por um processo de necessária purificação. Se o resultado final da experimentação ainda mais radical proposta por Blue , fincado na riqueza de sua banda sonora sobre tela azul se torna um tanto instigante, aqui, por mais que existam imagens que provocam inicialmente algum impacto, acaba-se sucumbindo ao inevitável cansaço da proposta. Fazendo

Filme do Dia: Ojo de Pez (2008), Gabriel Enrique Vargas

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O jo de Pez (Colômbia, 2008). Direção: Gabriel Enrique Vargas. Curta experimental que investe com sucesso  numa criação atmosférica que compreende um ambiente florestal, uma casa e um casal, apenas entrevistos de forma recortada e emoldurados por uma banda sonora grandemente trabalhada, no qual se destaca o ruído quase onipresente das abelhas. Enquanto o homem extrai leite, a mulher cose. Quando os dois corpos se tocam, o peixe que se encontra para ser preparado agoniza. Tudo se torna algo inócuo, talvez, do excessivo rigor do enquadramento a beleza plástica da imagem e da banda sonora, por seu excessivo formalismo, com pretensões poéticas, sinalizando para algo estéril. 15 minutos e 16 segundos.

Filme do Dia: Enigma de Um Dia (1996), Joel Pizzini

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19 E nigma de um Dia (Brasil, 1996). Direção: Joel Pizzini. Rot.Original: Joel Pizzini & Sérgio Medeiros. Fotografia: Mário Carneiro. Música: Lívio Trachtenberg. Montagem: Idê Lacreta. Dir. de arte: Marta Bogéa. Com: Leonardo Villar. Homem (Villar) passa a ter uma série de reminiscências a partir de um quadro que vê em uma exposição de De Chirico nesse curta experimental em que menos importa um senso narrativo que uma bem sucedida tradução de momentos sensoriais em que a dimensão de tempo e espaço ganham proeminência. Assim, existem associações com velhas fábricas e chaminés, como com a ferrovia e até mesmo a inclusão de imagens de arquivo de trajetos em estradas de ferro. Há algo que remonta fortemente a Antonioni , seja no senso rítmico pouco apressado dos planos, seja – e principalmente – numa opção pela tentativa de expressar angústias e sensações interiores através do uso de cores e paisagens (sendo a paleta de cores e a opção por uma região predominante industrial, aind

Filme do Dia: Scenes from the Life of Andy Warhol (1982), Jonas Mekas

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S cenes from the Life of Andy Warhol: Friendships and Intersections (EUA, 1982). Direção: Jonas Mekas. Essa versão condensada desse filme de Mekas (que possuía metragem original de 38 minutos) apresenta, no estilo habitual de filmagem do realizador, cenas da vida de Warhol , sobretudo em contato com amigos célebres tais como John Lennon e Yoko Ono, Mick Jagger ou Allen Guinsberg e o próprio Mekas ou gente do seu próprio círculo ainda mais próximo tais como o Velvet Underground e a mulher que os indicou para Warhol , Barbara Rubin. Mesmo com o tom de uma certo auto-condescendência narcisista que é comum em tais tipos de filmes caseiros, existem momentos visualmente inspirados como uma das exposições de Warhol divide a moldura da imagem com uma janela que exibe algo do ambiente fora, criando uma composição quase abstrata. O mesmo pode ser dito da improvisação de um garoto com um rato de mentira a lhe sugar a jugular. Na banda sonora uma gravação de péssima qualidade, que se ajus

Filme do Dia: 21-87 (1964), Arthur Lipsett

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2 1-87 (Canadá, 1964). Direção: Arthur Lipsett. Lipsett parece ter contado com uma produção maior do que para o seu quase amador – mas bastante sofisticado esteticamente – Very Nice, Very Nice , de três anos antes e o resultado, mesmo que bem interessante e seguindo os mesmos moldes, da colagem de imagens em um curta experimental, soa mais pop, porém menos efetiva. Como naquele, a banda sonora também é extremamente burilada. Porém, ao contrário daquele, aqui visivelmente imagens produzidas pelo próprio Lipsett se mesclam as encontradas entre sobras de arquivos do NFB. É a própria mudança de tonalidade dos registros que traz a potência para esse curta. NFB. 9 minutos e 35 segundos.

Filme do Dia: O Retorno à Razão (1923), Man Ray

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O  Retorno à Razão ( Le Retour à la Raison , França, 1923). Direção: Man Ray. Com: Kiki de Montparnasse. Considerado o filme dadaísta por excelência – ainda que, ao menos numa visão mais superficial, Entr´acte (1924), de Clair talvez acumule mais traços comuns com a estética dadaísta. Aqui, Ray mescla imagens de ação ao vivo com abstrações, algumas delas francamente antecipadoras das técnicas de um cineasta como Stan Brakhage nos anos 1960, mesmo que o método de conseguir as mesmas seja aparentemente bem distinto – através da inclusão de objetos sobre trechos de filmes e imprimir suas sombras nos mesmos. Imagens de um carrosel em um parque de diversões se mesclam com abstrações, finalizando com um torno nu de Kiki de Montparnasse, presença habitual em muitos dos filmes vanguardistas do período, balançando-se e provocando um efeito de iluminação sobre seus seios. Esse pequeno filme surrealista de    se aproxima menos de outras experiências mais célebres do surrealismo no cinema ta

Filme do Dia: Film (1965), Alan Schneider

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F ilm (EUA, 1965). Direção: Alan Schneider. Fotografia: Boris Kaufman. Rot. Original: Samuel Beckett. Montagem: Sydney Meyers. Dir. de arte: Burr Smidt. Com: Buster Keaton, Nell Harrison, James Karen. Um homem (Keaton) atravessa um terreno onde se encontra um casal e sobe para seu apartamento onde após perceber que não se encontra observado por ninguém, inclusive animais e fotografias, morre. Essa original e rara incursão de Beckett no campo do cinema, sonora mas sem diálogos ou trilha musical, reúne não só alguns dos maiores talentos do cinema americano por trás das câmeras como Kaufman e Meyers – esse último associado ao cinema independente americano – como também o genial Keaton diante delas. Já inicia com um estranho superclose de um olho se abrindo e finaliza com o mesmo olho se fechando – apenas um ano   antes da morte do próprio  Keaton (1895-1966). O homem busca uma absoluta privacidade no momento de sua morte e na sua paranoia persecutória se livra tanto do cachorr

Filme do Dia: Footnote to Fact (1933), Lewis Jacobs

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F ootnote to Fact (EUA, 1933). Direção: Lewis Jacob. Era para fazer parte de uma tetralogia sobre a depressão americana e acebou sendo o único. Jacobs utiliza uma montagem hiper-acelerada. Enquanto uma mulher se balança numa cadeira, numa ação que mais parece de um exercício repetido, o mundo também se movimenta lá fora.   Há evidentes alusões a Eisenstein , sobretudo no momento em que contrapõe porcos abatidos e homens em situação semelhante, esparramados no chão. Jacobs parece ironizar com a classe média. A jovem a certo momento parece acordar de seu estado de torpor, porém as imagens mais distintas entrevistas (crianças brincando na rua, desempregados, manifestações fascistas e anti-fascistas) a motivam não para uma tomada de consciência, como seria de se esperar no seu modelo soviético (nesse caso, por se tratar da protagonista do filme), mas para o suicídio com gás. Seu panfletarismo um tanto esquemático   – a sequência muito acelerada de montagem ocorre próximo ao final,

Filme do Dia: The Hart of London (1970), Jack Chambers

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T he Hart of London (Canadá, 1970). Direção, Fotografia e Montagem: Jack Chambers. Chambers através de seu título parece ironizar com as ”sinfonias urbanas” produzidas nos anos 1920, que, na verdade, refere-se a pequena cidade homônima da célebre capital britânica, situada na província de Ontario, Canadá. Faz uso de efeitos comuns à vanguarda contemporânea norte-americana, mas de forma original. Sobretudo da sobreposição de imagens diversas, imagens em negativo e por vezes aceleração de imagens, assim como uma banda sonora de ruídos, que auxilia minimamente a propor algumas associações – assim o motivo recorrente de ruído de um trem sobre trilhos pode ser associado com imagens vislumbradas da janela, o mesmo se dando com uma seqüência em que predomina o ruído de água escorrendo sobre imagens majoritariamente de neve ou água. Tal como numa sinfonia, existem momentos em que a imagem é quase abstrata dada a rapidez com que as imagens se fundem ou que os enquadramentos se detém s

Filme do Dia: Nosferato no Brasil (1971), Ivan Cardoso

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N osferato no Brasil (Brasil, 1971). Direção: Ivan Cardoso. Rot. Original e fotografia: Ivan Cardoso. Com: Torquato Neto, Scarlet Moon, Daniel Más, Helena Lustosa. Seja na Hungria do século XIX (em p&b) ou no Rio de Janeiro dos anos 70, Nosferato (Neto) ataca várias mulheres, nesse filme considerado referência no cinema experimental nacional. Filmado em Super-8 com câmara na mão, não possui nenhuma preocupação de narrativa clássica ou apresentar verossimelhança (as cenas em que Nosferato mata um rapaz, percebe-se que a tábua que ele utiliza para matá-lo não chega nem perto de encostar na vítima) em suas cenas de violência (embora uma beleza, que mescla selvageria e lirismo, evocativa do próprio ato sexual, seja presente nos constantes ataques às mulheres) e a Budapeste do século XIX é visivelmente o próprio Rio dos anos 70. A mais bela cena é a que Nosferato ataca uma vítima no banco traseiro de um carro, enquanto a conotação sexual de seus atos encontra-se presente seja num

Filme do Dia: Ex Isto (2010), Cao Guimarães

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E x Isto (Brasil, 2010). Direção: Cao Guimarães. Rot. Adaptado: Cao Guimarães, a partir de "Catatau" Paulo Leminski. Com: João Miguel René Descartes vem ao Brasil junto com Maurício de Nassau para descobrir que nenhuma lógica resiste ao calor e a desmesura dos trópicos nesse longa “experimental” de Guimarães, repleto de achados visuais assim como outro tanto de banalidades. Dentre as primeiras se encontram a forma como Guimarães consegue criar a partir de imagens com a água, seja com a figura de João Miguel a dominar o quadro (numa referência visual que lembra, ainda que não tão criativa quanto, Filme de Amor , de Bressane), seja – e principalmente – somente a própria água, a criar arabescos e cintilações que acabam por se transformar no equivalente aos efeitos das imagens eletrônico-digitais de alguns filmes de vanguarda. Dentre as últimas, muitas das cenas em que Miguel passeia pelas ruas de um Recife contemporâneo, fazendo o máximo possível para ser um elemento

Filme do Dia: La Formula Secreta (1965), Rubén Gámez

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L a Formula Secreta (México, 1965). Direção: Rubén Gámez. Rot. Original: Santos Núñez. Fotografia: Salvador Gijón & Segismundo Pérez de Pedro “Segis”. Música: Antonio Pérez Olea. Com: José Castillo, Manuel Gaitán, Pilar Islas, Nico-Nito, Paloma, Jaime Sabines, José Tirado. Média metragem experimental que já a partir de sua bravíssima originalidade dos planos iniciais, filmados na monumental praça da Cidade do México, antecipa o festival de idiossincrasias visuais, assentando-se principalmente em eixos próximos da psicanálise e rebatendo forte influência do surrealismo presente nos primeiros filmes de Buñuel , que encerrava sua carreira mexicana por esse momento, ao mesmo tempo antecipando elementos de filmografias de igual apelo experimental, como o cinema marginal brasileiro. Como em Buñuel , elementos que ligam a repressão sexual e religiosidade assomam em diversos momentos do filme, assim como perversões dos mais diversos tipos e imagens como a de um boi sendo sacrificad

Filme do Dia: Science Friction (1959), Stan Vanderbeek

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S cience Friction (EUA, 1959). Direção: Stan Vanderbeek. Anárquica colagem que se por um lado se atém de forma obsessiva aos temas que povoavam o imaginário da época como poucos (hecatombe nuclear, conquista espacial, lideranças universais), por outro se apresenta como vanguardista em relação a seu uso bem humorado da movimentação de fotos fixas que transformam, em alguns momentos, quase todos os motivos (do Empire State a Torre de Pisa) em bólides voadores (naves espaciais ou mais propriamente mísseis?), numa antecipação ao uso da colagem, que se tornaria comum, ainda que de uma maneira geral menos inventiva do que a aqui apresentada, em produções alternativas da década seguinte. Ao início se apela para clichês do universo da ficção científica, como a pretensa situação de suspense sobre se tocar o botão que provocará a destruição atômica, que justificam o título paródico, ainda que esse já se encontrasse justificado pelo próprio aspecto áspero, de fricção, mais do que simplesm

Filme do Dia: Un Chant d'Amour (1950), Jean Genet

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U n Chant d´Amour (França, 1950). Direção, Rot.Original e Fotografia: Jean Genet. com: Java, André Reybaz, Coco Le Martiniquais,Lucien Sénémaud. Esse curta-metragem foi a única incursão de Genet pelo cinema. Censurado durante muitos anos, seu forte teor homo-erótico, centrado na impossibilidade da concretização da atração entre dois prisioneiros encarecerados em celas vizinhas, não se furta a cenas de masturbação explícita. O fato de ser mudo, ainda que tenha sido adicionada uma trilha jazzística quando de seu lançamento nos cinemas em 1973, teria como função acentuar ainda mais o aspecto visual numa dimensão carnal praticamente inédita em um cinema não pornográfico (algo do qual o filme chegou a ser acusado). Entre seus melhores momentos, em termos dramáticos, o que um dos homens é espancado por um guarda que se sente enciumado pela amizade da dupla protagonista. Enquanto ele é espancado, seu vizinho sonha com um idílico passeio no campo. O fato do passeio não ser tratado de mo

Filme do Dia: Abílio Matou Pascoal (1977), Pola Ribeiro

A bílio Matou Pascoal (Brasil, 1977). Direção: Pola Ribeiro. Esse interessante e original curta-metragem, inicia com imagens de mulheres grávidas andando pelas ruas e um carro de propaganda política que amplifica uma música sobre a infância sem pais e indaga “de quem é esta criança?”. Depois cede um longo espaço de seu áudio para o discurso grandemente reacionário, de um advogado que proclama enfaticamente que o maior problema do país não é o social, mas sim o de um materialismo sem qualquer moralidade que substituiu Deus pelo sexo. Ribeiro consegue grande efeito com sua ruptura entre a voz off do advogado e imagens que habitualmente vão contra a sua fala, apresentando pessoas pobres construindo suas moradias ou crianças deambulando pelas ruas. Depois do discurso do advogado, o filme insere uma música de evocação infantil e doce, como se um contraponto a própria fala anterior e uma aproximação com a própria visão do cineasta, apresentando rostos em close de crianças que andam pela

Filme do Dia: Everywhere At Once (1985), Alan Berliner

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Everywhere at Once (EUA, 1985). Direção: Alan Berliner. Curta experimental cuja característica básica é a união de distintas imagens e sons (música em sua maioria) na sua montagem. Quase sempre a mudança de imagem vem acompanhada igualmente de mudança na banda sonora. Trabalhando somente com imagens de arquivo, o compósito de imagens por Berliner (cenas da vida animal, lançamentos espaciais, cenas do cotidiano, animações da Warner) tende a voltar para algumas das imagens ou pelo menos temas apresentados – notadamente uma orquestra sendo regida. O paralelo dessa imagem recorrente da orquestra é da próprio filme como uma sinfonia de imagens, algo que fica bastante destacado quando certos pássaros bicando são acompanhados por um sincronismo sonoro equivalente. Talvez soe uma visão um tanto “domesticada” se for pensar nas experiências de colagem de realizadores co mo Pelechian. 8 minutos e 41 segundos.

Filme do Dia: A Strange Dream (1946), Harry Smith

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Number 1: A Strange Dream (EUA, 1946).  Direção: Harry Smith. Revolucionário e precoce em sua técnica de animação experimental, Smith antecipa aqui muitos dos efeitos que serão, de forma algo similar,  utilizados na produção de duas décadas após por nomes como Stan Brakhage, assim como toda uma vertente da animação abstrata. Formas e cores, geométricas ou não, acompanhadas por uma banda sonora sempre presente, mas se tornando ainda mais saliente próxima ao final, com a incorporação de vocalizações. Parece algo produzido bem adiante de seu tempo. 6 minutos.

Filme do Dia: Flaming Creatures (1963), Jack Smith

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Flaming Creatures (EUA, 1963). Direção: Jack Smith. O radical caráter transgressivo desse curta experimental de um dos ícones do cinema underground norte-americano talvez se torne menos interessante por si mesmo, do que pela teia de referências com as quais pode ser associado. Com uma tremida câmera na mão e fotografia de péssima qualidade, destacando os tons brancos, existe de tudo um pouco. Das figuras de submundo que fazem com que as superstars de Warhol  ganhem uma insuspeita aura de glamour, que como em Warhol, canibalizam as influências do cinema hollywoodiano clássico de forma paródico-grotesca às canções pop - que também eram onipresentes nas obras de Kenneth Anger – e latinas. Da nudez mais agressiva e menos paródica que a dos Irmãos Kuchar ao tom explicitamente amador de seu referido trabalho de câmera, assim como das “interpretações”, que sugerem fortes paralelos com o cinema marginal brasileiro, algo que também fica patente na histeria que acompanha os movimentos c

Filme do Dia: Very Nice, Very Nice (1961), Arthur Lipsett

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Very Nice, Very Nice (Canadá, 1961). Direção: Arthur Lipsett. Colagem experimental que pretende refletir sobre o fato da vida ter se transformado bastante nas últimas 3 décadas e, em decorrência disso, até que ponto se viveria em um mundo melhor ou pior. Talvez mais do que o seu mote principal o que mais salte aos olhos de hoje, mais de meio século após, seja a virtuosidade impressionante com o qual agrega imagens em frações de segundos, assim como consegue costurar soluções criativas, mesmo num período – sobretudo alguns anos após – bastante marcado por montagens visuais. Também faz um uso bem interessante de sua banda sonora, sendo nesse sentido uma experimentação completa em termos de audiovisual. Aliás a gênese do filme está associada ao som, pois foi através de colagens sonoras realizadas como hobby pelo realizador que surgiu a ideia do filme. Curiosamente esse curte de estreia do realizador foi indicado ao Oscar da categoria. Kingsley Int./NFB. 7 minutos e 1 segundo.