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O Córrego (Le Ruisseau du Puits-Noir, Vallé de la Loue), 1855

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Courbet pintava primordialmente eventos e cenários de sua nativa Ornans, uma vila na remota região de Franche-Comté. Proponente do realismo, transformou as ideias tradicionais sobre arte ao descrever camponeses simples e cenários rústicos com dignidade e numa escala grandiosa, somente reservada às pinturas históricas. Galhos pendentes e verdejantes vegetações rasteiras circundam um estreito riacho no interior da floresta são observados em O Córrego . Esse local primitivo, aparentemente não perturbado pela civilização, evoca uma ânsia bastante popular durante o século XIX, um desejo romântico por um retiro tranquilo e restaurador dos rigores da vida moderna. Courbet utilizou uma técnica de espátula pouco ortodoxa para aplicar camadas irregulares de pigmentos, criando uma superfície trabalhada grosseiramente que imita as texturas das folhagens, água e pedras de calcário para evocar a presença física do terreno. Quando essa pintura foi exibida na Exposition Universelle de 1855, Cour

Meu Caro Diário, 17/04/2004

Prometi a mim mesmo contar cada dia em São Paulo e não me deixar levar...mas é exatamente isso o que deixei de fazer logo, logo. De algum modo, percebo que consigo me adaptar relativamente fácil em qualquer ambiente. Isso será bom ou ruim? O fato é que nunca morei só, isso ainda é para mim um mito. São Paulo hoje me pareceu terrivelmente provinciana. O mesmo provincianismo que pode ser acolhedor e nos fazer menos sofrido em locais que já se conhece, também pode ser o oposto. Uma necessidade de ir além, de transcender esse mundinho. (...)  Assim, o texto para o jornal que havia pensado com tanta ansiedade na manhã de hoje, juntando cacos do que eu havia pensado nos últimos dias, poderia e pode ser grandemente comprometido.   Fui depois a feira do livro e me decepcionei um pouco. Esperava mais. Andei um bocado e comprei apenas dois livros. Um deles mais pelo aspecto plástico da edição que propriamente pelo conteúdo é o que trata das correspondências entre Lygia Clarke (sic) e Hélio Oitic

Filme do Dia: Panorama do Cinema Brasileiro (1968), Jurandyr Noronha

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Panorama do Cinema Brasileiro (Brasil, 1968). Direção e Rot. Original: Jurandyr Noronha. Música: Francisco Mignone. Montagem: Júlio Heilborn. Essa rara antologia do cinema brasileiro realizada no próprio suporte do meio que pretende apresentar – outras produções semelhantes se restringiram a um ciclo específico como Assim Era a Atlântida , que se deteve sobre as chanchadas – por si só já representa um louvável interesse historiográfico. Acompanha a trajetória desde os Irmãos Segreto, os Lumière do cinema brasileiro, dos quais não restaram mais que fotos deles próprios e dos equipamentos que utilizavam até as produções mais recentes do Cinema Novo como A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), de Roberto Santos e O Padre e a Moça (1966), de Joaquim Pedro de Andrade . Dito isso, convém ressaltar que o viés sobre o qual aborda a filmografia brasileira é grandemente herdeiro dos próprios colaboradores do filme como Rubem Biáfora (que tem seu Ravina longamente incensado) e Adhemar
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Filme do Dia: Effi Briest (1974), Rainer Werner Fassbinder

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Effi Briest ( Effi Briest , Alemanha Ocidental, 1974). Direção: Rainer Werner Fassbinder . Rot. Adaptado: Rainer Werner Fassbinder, adaptado do romance de Theodor Fontane. Fotografia: Jürgen Jürges & Dietrich Lohmann. Montagem: Thea  Eymész. Dir. de arte: Kurt Raab. Figurinos: Barbara Braun. Com: Hanna Schygulla, Wolfgang Schenck, Ulli Lommel, Lilo Pempeit, Herbert Steinmetz, Ursula Strätz, Irm Hermann, Karlheinz Böhm, Karl Scheydt, Barbara Lass, Rudolf Lenz, Eva Mattes, Andrea Schober, Theo Tecklenburg. A jovem Effi Briest (Schygulla), aos 17 anos, é recomendada pelos pais para casar com o já maduro e também rico Barão von Instetten (Schenck). Porém, logo o casamento se transforma num fardo para Effi, que passa a viver no campo. Suas limitações culturais a impedem de freqüentar o círculo de seu refinado marido, que viaja a maior parte do tempo. Sentindo-se só e entediada, Effi ainda é atormentada por ruídos que acredita serem do chinês que vivera na casa anteriormente. A prox

Filme do Dia: Sombras de Julho (1995), Marco Altberg

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Sombras de Julho (Brasil, 1995). Direção: Marco Altberg. Rot. Adatpado: Julia Altberg, baseado em romance de Carlos Herculano Lopes. Fotografia: Cezar Moraes. Música: David Tygel. Dir. de arte: William Alves, José Joaquim Sales & Luís Castro Guimarães.  Com: Ângelo Antonio, Othon Bastos, Lú Mendonça, Rubens Caribe, Marly Bueno, Ivan de Almeida, Martha Overbeck, Roberto Frota, Marcela Altberg, Nélson Xavier. No interior de Minas, Jaime (Antonio), filho de um proprietário de terras temido da região, Joel (Bastos), é pressionado pelo pai a assassinar um colega de infância, Fábio (Caribé), que questiona o domínio de terras perpetrado por Joel. Sensível, Jaime passa a se atormentar após o crime. A mãe de Fábio, Helena (Mendonça) é internada em um hospital psiquiátrico, acreditando que o filho vai voltar a qualquer momento. O pai se desespera com o veredito judicial que absolve pai e filho, condenando um dos empregados da fazenda. A única testemunha que havia reconhecido os fatos

Os Mutantes - Qualquer Bobagem(AUDIO)

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"Mas relevante mesmo foi o que ouvi, de soslaio, passando sem ser notado, de um policial para outro com um sorriso no canto da boca: “Eu vi minha tia. Ela tá aí junto com o pessoal''. (do Blog do Sakamoto)
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Meu Caro Diário, 14/11/14

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Dizem que a perda apenas reforça o nosso apreço pelo que foi perdido. Talvez isso se aplique para o fato de ter perdido praticamente toda a minha memória fotográfica dos últimos anos, assim como um acervo de fotos antigas de álbum de família...talvez isso até me provoque o que me parecia impossível. Tentar entrar novamente no facebook, pois acho que talvez ainda consiga recuperar alguns álbuns que salvei por lá. Enquanto não confirmo se isso é possível, vou encontrando pequenos "cacos de memória" que foram salvas de um back up algo devastador no meu computador, e até mesmo as borradas e desfocadas como essa me provocam algum sentimento rumo ao passado...
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Filme do Dia: 1900 (1976), Bernardo Bertolucci

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1900 ( Novecento , Itália, 1976) Direção: Bernardo Bertolucci. Rot.Original: Franco Arcalli, Guissepe & Bernardo Bertolucci. Fotografia: Vittorio Storaro. Música: Ennio Morricone. Montagem: Franco Arcalli. Com: Robert de Niro, Gerard Depardieu, Dominique Sanda, Stefania Sandrelli, Francesca Bertini, Donald Sutherland, Burt Lancaster, Werner Brunhs,  Romolo Valli, Laura Betti, Sterling Hayden, Alida Valli, Paolo Pavesi, Roberto Maccanti.             Itália. Idos do século XX. O velho patriarca latifundiário, Alfredo (Lancaster), comemora o nascimento do neto de mesmo nome. Este nasce poucas horas após o nascimento do filho bastardo de uma jovem camponesa, Olmo. Os dois crescem e tornam-se grandes amigos, sendo Alfredo (Pavesi) quase sempre vítimas das brincadeiras de Olmo (Maccanti). Descobrem juntos a própria sexualidade e dividem a cama com uma mulher que tem um ataque epiléptico. Vão para a Iª Guerra Mundial. Permanecem amigos após a guerra, embora a amizade pareça cada ve

Manha De Carnaval (Morning Of The Carnival) - Luiz Bonfa

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Filme do Dia: Habemus Papam (2011), Nanni Moretti

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Habemus Papam (Itália/França, 2011). Direção: Nanni Moretti. Rot. Original:Nanni Moretti, Francesco Piccolo & Federica Pontremoli. Fotografia: Alessandro Pesci. Música: Franco Piersanti. Montagem: Esmeralda Calabria. Dir. de arte: Paola Bizzari. Figurinos: Lina Nerli Taviani. Com: Michel Piccoli, Nanni Moretti, Jerzy Stuhr, Renato Scarpa, Margherita Buy, Ulrich von Dobschütz, Camillo Milli, Roberto Nobile. No Vaticano a decisão da escolha do papa, após algumas prévias, recai sobre a figura de um cardeal aparentemente sereno (Piccoli). Porém, no momento no qual se prepara para a primeira declaração junto aos fiéis, ele entra em crise de pânico. Um psicanalista (Moretti) é convidado e  fica, como os demais cardeias, recluso no Vaticano, até que o papa eleito se conduza publicamente aos fiéis. Ele, no entanto, observa o subterfúgio de se encontrar com uma psicanalista (Buy) fora dos muros do Vaticano e foge da vigilância cerrada. Rodando a esmo pela cidade, aloja-se em um pension

Ozzy Osbourne sings John Lennon's "How?"

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Filme do Dia: Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

Aniki Bóbó (Portugal, 1942). Direção:  Manoel de Oliveira. Rot. Adaptado: Manoel de Oliveira, baseado no romance de Rodrigues de Freitas. Fotografia: Antonio Mendes. Música: Jaime Silva Filho. Montagem: Manoel de Oliveira & Vieira de Sousa. Cenografia: José Porto. Com: Feliciano David, Nascimento Fernandes, Fernanda Matos, António Palma, Armando Pedro, António Santos, Horácio Silva, António Soares.      As aventuras de um grupo de crianças e as figuras fantasmáticas, do mundo adulto, que as perseguem. Um dos garotos, sonhando em ganhar as graças de uma garota da sua idade, que se encontra apaixonada por um amigo seu, acaba roubando uma boneca de um armarinho. Pouco depois, para complicar sua situação, todos os garotos pensam que ele empurrou o rival, que escorregou do despenhadeiro e se encontra em situação grave no hospital. Porém, o dono da loja acabará descobrindo toda a verdade. O garoto tentará lhe devolver a boneca, que lhe é dada de presente pelo dono e seus amigos e a

Tony Renis-QUANDO QUANDO QUANDO(1962)

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A Expulsão de Adão e Eva do Paraíso, 1791

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Por volta de 1779, Benjamin West havia concebido a "grande obra" de sua vida, pretendendo reconstruir a Capela Real do Castelo de Windsor como um santuário da Religião Revelada. Após patrocinar o projeto que havia sido elaborado por duas décadas, George III subitamente o cancelou em 1801. Apesar do projeto como um todo ter sido abandonado, muitas pinturas individuais,incluindo a  Expulsão , de quase três metros, foram completadas. O Livro do Gênesis não indica como o primeiro homem e mulher foram expulsos do Éden, mas os artistas geralmente retrataram o arcanjo Miguel como agente do ódio divino. Os pecadores vestem robes de peles porque Deus os vestiu com "casacos de peles" para que não se sentissem envergonhados diante de sua presença. A serpente, agora amaldiçoada dentre as criaturas, desliza sobre sua barriga comendo poeira. O feixe de luz que se sobrepõe as cabeças refere-se a "espada flamejante" no Gênesis. A Expulsão de West contém dois motivos