Filme do Dia: Hipócrates (2014), Thomas Lilti


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Hipócrates (Hipppocrate, França, 2014). Direção: Thomas Lilti.  Rot. Original: Pierre Chosson, Baya Kasmi, Julien Lilti & Thomas Lilti. Fotografia: Nicolas Gaurin. Música: Alexandre Lier, Sylvain Ohrel & Nicolas Weil. Montagem: Christel Dewynter. Dir. de arte: Philippe van Herwijne & Camille Guillon. Figurinos: Cyril Fontaine. Com: Vincent Lacoste, Reda Kateb, Jacques Gamblin, Marianne Denicourt, Félix Moati, Carole Franck, Philippe Rebbot, Julie Brochen, Thierry Levaret.
Medico residente em início de carreira, Benjamin (Lacoste) trabalha no mesmo hospital em que o pai, Barois (Gamblin), é uma figura destacada. Envolvido na morte de um dos homens internados no momento em que era plantonista, apelidado de Tsunami (Levaret), Benjamin é acobertado pela junta médica do hospital ao não ter utilizado o aparelho de eletrocardiograma, que estava quebrado. Quando a mulher de Tsunami (Cellard) vem atrás de explicações dele, afirma que o médico que tomara conta de seu marido fora Abdel (Kateb), de origem argelina e mais experiente, que mora no próprio hospital.  Em um incidente posterior, quando também plantonista, no qual decide desligar os aparelhos de uma velha senhora, sofrendo demasiado e sem expectativa de vida mínima, a decisão de Benjamin, apoiada por Abdel fora na contramão da junta de reanimação, que havia acabado de reanimar a paciente. Um comitê é formado, Benjamin inocentado, mas Abdel se torna bode expiatório, minando sua possibilidade de continuar trabalhando na França. Completamente fora de si com a injustiça, Benjamin bebe e provoca arruaça no hospital, sendo atropelado em meio a mesma. Sua internação e situação inicialmente delicada leva com que os médicos se reúnam para reclamar dos problemas que enfrentam, sobretudo a da falta de verbas e da dispensa de Abdel, ao qual os médicos se contrapõem.
Tenso drama que consegue se sustentar eficientemente (ao menos, no nível de algo similar a alguma série de TV norte-americana ambientada em local similar) até o momento, próximo ao final, no qual dá uma guinada em direção a um inverossímil final feliz, descambando para um sentimentalismo piegas e manipulação emocional rasteira em nada justificado pelo que havia sido acompanhado até então. A tensa e opressiva rotina hospitalar, com decisões que por vezes literalmente significam vida ou morte, ao final, parece apontar para a “superação” das incertezas iniciais do jovem médico, finalmente aceito pelo grupo agora como um dos seus, sendo vitoriosos os bons sentimentos, e a canção final vem a ser mais um aditivo nesse clímax duplo, que previsivelmente também reverte a situação de Abdel em relação a sua vaga no hospital. O que o filme também evidencia, sem sensacionalismo, é o quanto os profissionais caminham por uma verdadeira corda bamba, ao mesmo tempo possuindo relativo poder de acobertar informações aos parentes e próximos dos que foram vitimados em ações médicas, fazendo uso por vezes do jargão típico da própria área e possibilitando a continuidade de suas atividades sem que o trabalho se torne um cipoal de enfrentamentos e punições. 31 Juin Films/France 2 Cinéma. 102 minutos.

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