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Filme do Dia: Liberdade e Pátria (2002), Jean-Luc Godard & Anne-Marie Miéville

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L iberdade e Pátria ( Liberté et Patrie , Suiça, 2002). Direção, Rot.Original, Fotografia e Montagem: Jean-Luc Godard & Anne-Marie Miéville. Tendo como pretexto a vida e obra do pintor Aimé Pache, na verdade, uma escrita semi-autobiográfica do escritor Charles Ferdinand Ramuz (1918-1947) a dupla de realizadores traz imagens da mesma região de onde são igualmente originários. O fluxo de referências é incessante e colossal e traz, com moderação é verdade, efeitos óticos similares aos utilizados pela não muito distante série História(s) do Cinema e um uso nada moderado de uma avalanche de referências iconográficas, fílmicas ( Ladrões de Bicicleta e Quatorze Juillet , de René Clair dentre tantos outros) - seja através de imagens fixas ou em movimento -  com uma banda sonora em que a voz de um homem e uma mulher se alternam e muitas referências literário-filosóficas surgem (de Wittgenstein, Aristóteles e outros menos conhecidos, incluindo o próprio Ramuz), música de Beethove

Filme do Dia: Direito de Amar (2009), Tom Ford

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D irei to de Amar ( A Single Man , EUA, 2009). Direção: Tom Ford. Rot.Adaptado: Tom Ford & David Scearce, a partir do romance de Christopher Isherwood. Fotografia: Eduard Grau. Música: Abel Korzeniowski. Montagem: Joan Sobel. Dir. de arte: Dan Bishop & Ian Phillips. Cenografia: Amy Wells. Figurinos: Arianne Phillips. Com: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode, Jon Kortajarena, Paulette Lamori, Ryan Simpkins, Teddy Sears. Idos da década de 60. George (Firth), professor de inglês, um ano após a morte de seu companheiro, Jim (Goode), em um acidente de carro, ainda não consegue lidar com a sua ausência. Próximo a ele vive uma amiga, Charley (Moore), solitária desde a separação do marido, que o convida para um jantar que quase termina com uma sedução. Assoberbado pelo fantasma das lembranças, sua atuação em sala de aula também fica notoriamente diferente do habitual, chamando a atenção da classe e sobretudo de um aluno sensível, Kenny (Hoult), que

Filme do Dia: O Primeiro Cigarro de um Colegial (1906), Louis J. Gasnier

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O  Primeiro Cigarro de um Colegial ( Le  Premier Cig are d’une Collégien , França, 1906). Direção: Louis J. Gasnier. Com: Max Linder . Max experimenta pela primeira vez o que seriam os prazeres do fumo e da bebida e chega completamente alterado no prédio onde mora, entrando no apartamento vizinho e de lá sendo expulso pelo seu inicialmente assustado proprietário. É então socorrido pela mãe. As inserções de planos mais próximos para descrever um evento em andamento ocorrem aqui de forma menos abrupta e mais encadeada do que nos primeiros anos do século e certamente mais abrupta do que no cinema de continuidade que se institui após. Vale lembrar que no mesmo ano, Porter havia realizado outro retrato de um bêbado, esse veterano, em Dream of a Rarebit Fiend , que não possui uma narrativa tão clara quanto aqui, mas certamente é bem mais inventivo, ao reproduzir os efeitos da própria mente do bêbado ou de sua percepção visual em trucagens visuais. Curiosamente, Linder aqui pe

Filme do Dia: A Culpa (1971), Domingos de Oliveira

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A  Culpa (Brasil, 1971). Direção: Domingos de Oliveira. Com: Paulo José, Dinah Sfat, Nélsom Xavier, Sérgio Britto. Dupla de irmãos (José e Xavier) assassina o pai, empreiteiro milionário (Britto), com ajuda da noiva de um dos irmãos, Matilde (Sfat). O sentimento de culpa posterior ao crime acabará por dilacerar suas vidas. Um dos irmãos suicida-se, enquanto Heitor (José) é assassinado pela noiva, que enlouquece. Nesse belo e atmosférico filme de Oliveira o que menos interessa é o enredo em si – já inicia com o crime cometido e a ocultação do cadáver pelo trio. Utilizando-se de uma estética comum as produções do Cinema Novo, o filme traça um sombrio retrato do estado psicológico dos assassinos após o crime. Ao contrário de Pocilga , de Pasolini , os personagens não conseguem se eximir da profunda culpa cristã pelo parricídio. Embora recebam dois milhões de dólares de herança, a vida já não possui sentido e a paranoia torna-se crescente. Recursos como a câmara na mão em planos l

Filme do Dia: Persepolis (2007), Vincent Parronaud & Marjane Satrapi

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P ersepolis (França/EUA, 2007). Direção: Vincent Parronaud & Marjane Satrapi. Rot. Adaptado: Vincent Parronaud baseado nos quadrinhos e no romance de Marjane Satrapi. Música: Olivier Bernet. Montagem: Stéphane Roche. Dir. de arte: Marina Musy. Marjane Satrapi é uma garota que na sua infância é surpreendida pelos eventos políticos que provocam uma reviravolta no seu país: a Revolução Iraniana. Tendo um tio sido preso e morto e com a crescente repressão no país, os pais, ocidentalizados, a enviam para uma temporada na Áustria, onde Marjane (voz de Chiara Mastroianni) passa por dificuldades com relação à moradia e namoro (um dos rapazes pelos quais se apaixona se descobre homossexual, o outro é flagrado a traindo). Sem rumo, Marjane passa a morar nas ruas e pega uma bronquite. Retorna ao Irã e aos pais, assim como aos conselhos da avó (voz de Danielle Darieux) em estado depressivo. Envolvida com um homem que acha atraente, ela acaba se casa com ele para driblar a excessiva

Filme do Dia: Uma Abelha na Chuva (1972), Fernando Lopes

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U ma Abelha na Chuva (Portugal, 1972). Direção: Fernando Lopes. Rot. Adaptado: Fernando Lopes, baseado no romance de Carlos D´Oliveira. Fotografia: Manuel Costa e Silva. Música: Manuel Jorge Veloso. Montagem: Teresa Olga. Com: Laura Soveral, João Guedes, Zita Duarte, Ruy Furtado, Carlos Ferreiro, Fernando de Oliveira, Adriano Reys. Álvaro Silvestre (Guedes) é um rude camponês que se casou com uma aristocrata decadente, Maria dos Prazeres (Soveral), que sente desprezo por ele, refugiando-se no teatro e nos romances que reconta para as amigas.  Certo dia, Álvaro escuta na cozinha comentários maliciosos sobre o olhar que sua esposa lança a Jacinto (Reys) pelo próprio cocheiro a sua amada, Clara (Duarte), empregada filha do Mestre Antônio (Furtado), com quem pretende se unir. Mestre Antônio, no entanto, tem outros planos para a filha, pretendendo um casamento que o possibilitará salvar da ruína econômica, com um agricultor de posses. Sua decisão toma prumo quando Álvaro, enciumado e i

Filme do Dia: Blitz Wolf (1942), Tex Avery

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B litz Wolf (EUA, 1942). Direção: Tex Avery. Rot. Original: Rich Hogan. Música: Scott Bradley. Avery, no auge de sua inventividade anárquica, põe todo o seu talento nesse curta indicado ao Oscar da categoria. Aqui, a paródia de um dos clássicos do curta de animação dos estúdios Disney, Os Três Porquinhos (1933), serve como pretexto para o Lobo da série de animações altamente sexualizadas dirigidas por Avery parodiando personagens como Chapeuzinho Vermelho, encarnar ninguém menos que Hitler. Astuto e com um bigodinho que mesmo fazendo referência não chega a ser exatamente uma cópia do líder alemão, a animação faz referências mais pesadas ao Japão, simplesmente explodido com uma bomba, do que com a própria encarnação de Hitler, a determinado momento observado, numa cena típica do humor averyano, pedindo para que todos os ruidosos efeitos sonoros da guerra parem para que ele possa falar ao telefone com sua amada, sendo imediatamente atendido. Outra cena antológica é a que o Lobo e