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Mostrando postagens com o rótulo Peter H. Rist

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#82: Octubre

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  Octubre  (Peru, 2010). O vencedor do Prêmio do Júri na mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, Octubre ( Outubro ), o primeiro longa de Dani el e Diego Vega, tem sido comparado favoravelmente aos filmes de Jim Jarmusch e Aki Kaurismaki (Finlândia) por seu humor impassível e minimalismo. Ainda que cerca de 30 realizadores possam ter sido influenciados por Jarmusch ou Kaurismaki ou ainda por Sånger Från andra V ånigen ( Canções do Segundo Andar , 2000), de Roy Andersson que foi, ele próprio, inspirado pelo falecido poeta peruano Cesar Vallejo, Outubro é um filme sul-americano bastante original, apresentando aspectos do centro de Lima, e cotidiano do Peru, nunca antes vistos.  Clemente (Bruno Odár), penhorista e prestamista, que trabalha no interior de seu monótono apartamento, subitamente tem que se defrontar com um dilema, quando um bebê é posto em sua cama. Ele leva a criança a uma delegacia de polícia, onde fica sabendo que se puser o bebê para adoção, questões sérias lhe ser

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#81: La Hora de los Hornos

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La Hora de Los Hornos  (Argentina, 1968). Um candidato a ser o "maior filme sul-americano" de todos os tempos, o tríptico de 260 minutos La Hora de los Hornos: Notas y Testimonios Sobre el Neocolonialismo, la Violencia y la Liberación , dirigido por Fernando E. Solanas  e Octavio Gettino  para o Grupo Cine Liberación , é certamente um dos mais significativos documentários políticos realizados em qualquer lugar do mundo. E é importante tanto pelo modo como foi distribuído - coletiva e clandestinamente - como quanto tinha pretensões de ser um texto aberto - que plateias de trabalhadores e estudantes poderiam discutir e recomendar mudanças para - como por seu status enquanto obra experimental e retórica, revisando a história da América Latina e fortemente argumentando contra o imperialismo, o neocolonialismo, e o governo militar da Argentina . Como Robert Stam argumenta em seu artigo definitivo sobre o filme (1990), ele é vanguardista tanto formal quanto politicamente. La Hora d

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#80: Terceiro Cinema

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  TERCEIRO CINEMA . Um termo cunhado por Fernando E. Solanas e Octavio Getino  no seu polêmico ensaio "Hacia un Tercer Cine: Apuntes y Experiencias para el Desarollo de un Cine de Liberación en el Tercer Mundo", escrito em 1969 e primeiro publicado em inglês como "Toward a Third Cinema" nos Estados Unidos em 1970/71 ( Cineaste 4 , n.3), o termo tem sido utilizado frequentemente como sinônimo de "cinema do Terceiro Mundo", para se referir a um tipo de cinema asiático, africano, assim como latino-americano dos anos 60 e 70, e além, que deliberadamente se contrapõe aos filmes comerciais e o "cinema de arte" europeu. Solanas e Getino teorizaram que um "terceiro cinema" poderia ser superior tanto ao "primeiro cinema" hollywoodiano, no qual os espectadores são seduzidos pela passividade do espetáculo audiovisual e um "segundo cinema", representado primordialmente pelo cinema autoral europeu dos anos 50 e 60 (tal como o dos

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#79: Joaquim Pedro de Andrade

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  ANDRADE, JOAQUIM PEDRO DE  (Brasil, 1932-1988). O "poeta" satírico do Cinema Novo  brasileiro, Joaquim Pedro de Andrade é o único dos grandes realizadores sul-americanos a ter toda sua obra restaurada e lançada em uma caixa de DVDs, pela Carlotta, na França, e Filmes do Serro, no Brasil . Andrade nasceu no Rio de Janeiro; enquanto estudava física na Universidade Federal do Rio de Janeiro, tornou-se um ativo membro cineclubista. Em 1953 realizou seu primeiro curta em 16mm, e em 1959 dirigiria dois documentários  em preto&branco para o Instituto Nacional do Livro, sobre o sociólogo Gilberto Freyre e o poeta Manuel Bandeira. Inicialmente programados para serem partes de um mesmo filme, mas dividi-los certamente ressalta O Poeta do Castelo , no qual as imagens de uma vida cotidiana deliberadamente aborrecida e solitária são animadas pela voz over de Bandeira reinvindicando a visita a uma cidade mágica - provavelmente, está indo apenas caminhar pelo Rio. O Mestre de Apipucos

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#78: José Mojica Marins

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  MARINS, José Mojica (Brasil, 1936*-). Uma das mais fascinantes figuras do cinema sul-americano, José Mojica Marins é um autodidata cuja infância transcorreu em cima do cinema de São Paulo que seus pais administravam, infância impregnada de filmes B americanos, westerns e filmes de horror da Universal. O presente de uma câmera 8mm, e eventualmente de 16mm encorajou Marins a converter sua educação em hobbie criativo de realizar filmes ambiciosos, muito além de seus meios, incluindo um épico de ficção científica que angariou a ira do padre da paróquia local, O Juízo Final  (1948). O palco foi o cenário para o futuro de Marins enquanto realizador pronto a romper barreiras, a forçar sensibilidades morais (particularmente àquelas da igreja católica e dos censores brasileiros), e modificar noções de bom gosto e decoro social e político. Angariou o respeito tardio dos intelectuais brasileiros - Glauber Rocha ungiu Marins "o maior realizador do mundo", e Marins foi adotado por Rocha

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#77: Juan Carlos Desanzo

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  DESANZO, JUAN CARLOS (Argentina, 1938) - Um dos melhores diretores de fotografia argentinos dos anos 70, Juan Carlos Desanzo desde então se tornou  um roteirista-diretor. Nascido em Buenos Aires, Desanzo é mais conhecido por ter sido o diretor de fotografia da obra-chave do terceiro cinema , La Hora de los Hornos  ( A Hora dos Fornos , 1968). Continuou trabalhando com Fernando E. Solanas , como o diretor de fotografia de seu primeiro filme de ficção, Los Hijos de Fierro  (1972) e, a partir de 1969, tornou-se um dos diretores de fotografia regulares de Raúl de la Torre, filmando sete produções para ele. Desanzo também filmou  para Lautauro Marúa , Leonardo Favio ( Juan Moreira , 1973), Sergio Renan ( La Tregua , 1973), Juan José Jusid e Alejandro Doria. Desanzo começou a escrever e dirigir longas-metragens em 1983 com El Desquite , e com sua biografia de Eva Perón  (1986) sua obra começou a ter reconhecimento da crítica, recebendo uma indicação como Melhor Diretor (Condor de Prata), d

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#76: Tita Merello

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  MERELLO, TITA (Argentina, 1904-2002). Nascida Laura Ana Merello em San Telmo, Buenos Aires, de uma família bastante humilde, Tita foi uma estrela dos filmes de tango argentinos por oito décadas. Seu pai morreu quando possuía apenas sete meses de idade, e quando sua mãe, que passava roupas, teve que sair de casa para trabalhar ela, com cinco anos, foi enviada a uma creche. Suspeita de portar tuberculose, foi enviada então a uma fazenda. Nunca frequentou uma escola, mas aprendeu a ler e escrever através de amigos. Por volta de 1917, começou a trabalhar como corista em um teatro próximo das docas de Buenos Aires. Em 1923 Merello cantou seu primeiro tango, e em 1927 gravou suas primeiras canções para a Odeon. Em 1929, gravou 20 faixas para a RCA Victor, e em 1933 apareceu em seu primeiro filme, Tango! , filmando apenas durante dois dias, tendo seu nome em terceiro destaque nos créditos. Após uma série de papéis como cantora de tango, Merello emergiu como atriz dramática em La Fuga  (19

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#75: Ruy Guerra

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  GUERRA, RUY (Moçambique-Brasil, 1931). Um dos mais importantes dentre todos os realizadores sul-americanos, Ruy Guerra é provavelmente o mais internacional e independente, mas menos prolíficos dos diretores/roteiristas maiores do Cinema Novo , tendo dirigido somente 15 longas - no Brasil , França, Moçambique, México e Portugal, assim como em co-produção com Espanha e Argentina  - nos 50 anos desde sua escandalosa estreia com Os Cafajestes , em 1962. Nascido em Moçambique, quando era colônia portuguesa, Guerra mudou-se para Portugal em 1950, quando foi preso por se envolver com o movimento pró-independência. Estudou cinema no Institut des Hautes Études Cinématographiques (IDHEC), em Paris, de 1952 a 1954, adaptando um conto de Elio Vittorini para seu filme de formatura, Les Hommes et les Autres . Na França trabalhou como assistente de direção de Jean Dellanoy e Jacques Rouquier, e então emigrou para o Brasil, onde realizou o curta documental Orós  (1960), e iniciou uma ficção de média

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#74: Gabriela Samper

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  SAMPER, GABRIELA  (Colômbia, 1918-1974). Uma documentarista pioneira na América do Sul, Gabriela Samper se dedicou à cultura colombiana tradicional, incluindo seus aspectos indígenas, e foi também uma importante expoente do teatro infantil e de marionetes. Nascida em Bogotá de pais ricos, viajou por toda a Europa e estudou literatura e filosofia na Universidade de Colúmbia, em Nova York, onde também estudou balé, sob os auspícios de Martha Graham. Viveu períodos nos Estados Unidos, assim como em Trinidade, e dedicou sua vida às artes, trabalhando no teatro e televisão colombianos. Teve cinco crianças e não voltaria a filmar senão em 1963, quando casou-se com seu terceiro marido, Ray Witlin. Formaram uma companhia juntos, Cinta Limited, primeiramente para produzir comerciais, e em 1965 escreveu e co-dirigiu seu primeiro filme, uma obra de ficção de 22 minutos, El Páramo de Cumanday , patrocinado pela Esso. De acordo com Juana Suárez, Witlin foi creditado como cinegrafista e diretor&qu

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#73: Sérgio Bianchi

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 BIANCHI, SÉRGIO . (Brasil, 1945). O principal realizador a continuar o legado do Cinema Novo , no cinema brasileiro de hoje, Sérgio Bianchi é talvez ainda mais "político" e controvertido que os realizadores das gerações prévias. Começou a trabalhar em cinema em 1968 e estudou Comunicação Social na Universidade de São Paulo. Dirigiu seu primeiro curta, Omnibus , em 1972, que foi exibido em Cannes e posteriormente no Festival de Londres. Seu segundo filme, A Segunda Besta  (1977), baseado em um conto de Julio Cortázar . Seu primeiro longa, Maldita Coincidência  (1979), foi saudado como uma revelação quando estreou na primeira Trienal de Fotografia do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, em 1980. Em 1982 Bianchi realizou seu primeiro filme controvertido, o média-metragem Mato Eles? , que observava as terríveis consequencias do desenvolvimento descontrolado da região amazônica sobre sua população nativa. Com seu título provocativo, o filme critica severamente as políticas p

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#72: Nuevo Cine e Nuevo Cine Latinoamericano

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  NUEVO CINE E NUEVO CINE LATINOAMERICANO . Talvez o termo mais utilizado em relação ao cinema sul-americano, nuevo cine , apareceu primeiro no final dos anos 50 na Argentina , ao mesmo tempo que a Nouvelle Vague (a "nova onda" francesa) ocorria. De fato, o termo nueva ola  foi igualmente empregado. No entanto, os jovens diretores de cinema argentinos emergentes, liderados por Leopoldo Torre Nilsson e Fernando Ayala , que dirigiriam seus primeiros filmes em 1957 e 1958, respectivamente, foram inspirados pelo movimento antecedente do Neorrealismo italiano (no final dos anos 40 e primórdios dos 50) e pelo cinema de arte europeu, por exemplo, Federico Fellini e Ingmar Bergman . Uma das tendências das obras da nova geração foi tornar proeminente os escritores da Argentina, mais que os europeus, com autores como Manuel Antín , adaptando ambiciosamente Julio Cortázar  ( La Cifra Impar , 1962) e René Mujica adaptando um conto de Jorge Luís Borges  em El Hombre de la Esquina Rosada

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#70: La Escuela Documental de Santa Fé

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  LA ESCUELA DOCUMENTAL DE SANTA FÉ  (Argentina). Em seu retorno à Argentina , vindo da Europa, Fernando Birri  tencionava erigir uma escola de cinema nos moldes do Centro Sperimentale del Cinema. Ele decidiu evitar Buenos Aires, o centro da produção de cinema em seu país, reconhecendo que seria impossível liderar um "novo cinema" socialmente consciente neste contexto, e visitou a universidade onde havia estudado direito, a Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé, reconhecendo que seria uma espécie de "zona livre" para atividades não convencionais. Em 1956 foi convidado pelo Instituto de Sociologia para comandar um seminário sobre realização, que resultou em mais de cem ansiosos estudantes saindo para os arredores para realizar "fotodocumentários", utilizando câmeras fotógraficas e gravando áudios sobre os "problemas de uma das vizinhanças" (Burton, 1986, 4). Após este sucesso, um Instituto de Cinematografia foi criado dentro do Instituto d

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#69: Argentina Sono Film

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ARGENTINA SONO FILM.   A maior produtora de filmes argentinos de todos os tempos, Argentina Sono Film S.A.C.I., foi também o primeiro estúdio no país a realizar filmes com som óptico (na película). A companhia foi formada pelo financista Don Ángel Mentasti; o diretor de cinema Luis Moglia Barth (que realizou dois longas silenciosos); um advogado, Julian Ramos; e Robert Favre, que havia sido o gerente da divisão argentina da companhia de cinema Pathé. Tango!  (1933), produzido, escrito e dirigido por Moglia Barth, tornou-se a primeira produção da Argentina Sono Film, apresentando um desfile de cantores populares (Miazana Azucena, Libertad Lamarque , Mercedes Simone), comediantes (Luis Sandrini, Pepe Arias) e atrizes ( Tita Merello , Alicia Vignoli), assim como as orquestra de tango  de Juan de Dios Filisberto, Osvaldo Fresedo, e Pedro Maffia. Os dois filmes seguintes da companhia, El Dancing  (1933) e Riachuelo (1934), também foram escritos e dirigidos por Moglia Barth.  Com o número cr

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#66: La Balandra Isabel Llegó Esta Tarde

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  La Balandra Isabel Llegó Esta Tarde . (Venezuela, 1949). O primeiro filme sul-americano a ganhar um prêmio no Festival Internacional de Cinema de Cannes - o Prêmio de Fotografia e de Composição Plástica, em 1951, para José María Beltrán - La Balandra Isabel  Llegó Esta Tarde , dirigido por Carlos Hugo Christensen , foi o primeiro filme internacionalmente reconhecido da Venezuela . O filme representa o auge do pioneiro comerciante/produtor Luis Guillermo Villegas Blanco  para construir uma indústria de cinema real. Por este terceiro longa realizado pela Bolívar Films , Villegas Blanco trouxe técnicos e atores das bem sucedidas indústria de cinema do México e da Argentina . Estes incluíam o diretor de fotografia nascido na Espanha Beltrán, o diretor de arte Ariel Severino, o técnico de som Leopoldo Orzali, o diretor Christensen, e as duas atrizes principais, as argentinas Virginia Luque e Juana Sujo. E o protagonista, Arturo de Córdova, foi trazido do México. Tanto os roteiristas quant