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Filme do Dia: Granite Hotel (1940), Dave Fleischer

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G ranite Hotel (EUA, 1940). Direção: Dave Fleischer. Rot. Original: George Manuell. Música: Sammy Timberg. Um hotel da pré-história -   o título evidentemente é uma sátira ao duradouro sucesso de Grande Hotel - serve como pretexto para uma série de gags explorando, sobretudo, os anacronismos habitualmente explorados pela veia humorística (em nada muito distinta de seus congêneres de ação ao vivo e, de certa forma, antecipando o padrão do que seria a série televisiva Os Flinstones duas décadas após, com o diferencial de aqui tudo se encontrar a serviço das gags e não existir protagonismo de personagens). A telefonista, acompanhando os pedidos mais exóticos de seus hóspedes e sempre os fazendo cumprir, a seu modo – para um hóspede que se encontra trêmulo de frio, sobe um urso que empresta a sua própria pele – até ao final, quando, continua incólume, mesmo o hotel tendo sido aniquilado pelas chamas. Abdica do universo de fantasia xaroposo e musical triunfante na década anterior

Filme do Dia: N or NW (1938), Len Lye

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N   or Nw (Reino Unido, 1938). Direção: Len Lye. Com: Evelyn Corbett, Dwight Godwin. Talvez nunca a influência dos cacoetes visuais vanguardistas tenha se tornado mais explícita na relativamente conservadora apropriação que a Escola Documental Britânica fez deles do que neste filme de Lye. Tal como McLaren, Lye tornar-se-ia mais conhecido por sua obra como animador de vanguarda, porém a partir de um enredo praticamente banal, sobre um erro de correspondência que quase finda o namoro entre um casal apaixonado a que faz referência o título, o filme apresenta uma série de intervenções vanguardistas que incluem desfocamento e uma variação mais sutil do corte abrupto que seria celebrizado duas décadas após pela Nouvelle Vague associados a uma trilha sonora jazzística que o tornam extremamente pulsante e vivo em relação até mesmo aos filmes mais celebrados do movimento, tal como o de longe mais conhecido Night Mail (1936), para não citar a bem mais ortodoxa incursão de McLaren contempo

Filme do Dia: Valley of the Tennessee (1944), Alexander Hammid

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V alley of the Tennessee (EUA, 1944). Direção: Alexander Hammid. Música: Norman Lloyd . Documentário que aborda os benefícios econômico-sociais da Tennessee Valley Authority (TVA) para o desenvolvimento da região, através de uma política que engloba desde um sistema de irrigação racionalmente planejado, com a construção de diques e usinas hidrelétricas, tecnologia agrícola em insumos e maquinário a ser popularizada através de agricultores tornados “professores”, a partir do momento em que compartilhem das ideias do programa. Formalmente, embora tal tipo de documentário de cunho institucional não seja exatamente o local apropriado para se encontrar indícios autorais, pode-se perceber elementos da composição de imagem de Hammid, como por exemplo a presença de planos ponto de vista que reproduzem a perspectiva do garoto que sobe uma colina em corrida desenfreada – no plano mais bonito de todo o filme, observado a distância, contrapõe-se o formato triangular da imagem lateral da coli

Filme do Dia: Argila (1940), Humberto Mauro

A rgila (Brasil, 1940). Direção e Rot. Original: Humberto Mauro, baseado em argumento próprio. Fotografia: Manoel P. Ribeiro & Humberto Mauro. Música: Radamés Gnattali. Montagem: Watson Macedo & Hipólito Colombo. Com: Carmem Santos, Celso Guimarães, Floriano Faissal, Lídia Mattos, Saint-Clair Lopes, Bandeira Duarte, Mauro de Oliveira, J. Silveira, Pérola Negra.          Gilberto (Guimarães), competente e humilde artesão de cerâmica, torna-se objeto da paixão da jovem viúva rica Luciana (Santos). A noiva de Gilberto, Marina (Mattos) sente-se enciumada, assim como seu irmão Pedrinho. Como prova de sua gratidão por Luciana, que cuidara de seu restabelecimento após ter levado uma queda quando trabalhava em sua residência, Gilberto lhe dá um raro maracá índio. Luciana compra a fábrica que produzia peças que eram vendidas pela região e decide transformá-la em realizadora de objetos artísticos. Numa noite de festa o maracá é furtado por Pedrinho. Quando sabe da história o pai do men

O Dicionário Biográfico de Cinema#12: Robert J. Flaherty

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Robert J. Flaherty (1884-1951) n. Iron Mountain, Michigan 1922: Nanook of the North  [ Nanook, O Esquimó ] (d). 1925: Story of a Potter  (d). 1926: Moana (d); The 24 Dollar Island (incompleto) (d). 1928: White Shadows in the South Seas [ Deus Branco ] (completado por e creditado a W.S. Van Dyke); Acoma, The Sky City  (não lançado) (d). 1931: Tabu  (co-dirigido com F.W. Murnau); Industrial Britain  (d). 1934: Man of Aran  [ O Homem de Aran ] (d). 1936: Elephant Boy  [ O Menino e o Elefante ] (co-dirigido com Zoltan Korda ). 1942: The Land  (d). 1948: Louisiana Story  [ A História de Louisiana ] (d). A carreira problemática de Flaherty é perversamente mais rica para estudos que seus próprios filmes. Por ter pioneiramente dado forma ao documentário e elaborado linhas de batalha entre a convicção e o comercialismo,  Flaherty então permanece relevante em qualquer estudo do cinema de não-ficção. Enquanto vivo, seu calor e pureza visionária, carregando de emoção a opinião sobre si.

Filme do Dia: Nordeste: Cordel, Repente e Canção (1975), Tânia Quaresma

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N ordeste: Cordel, Repente e Canção (Brasil, 1975). Direção: Tânia Quaresma. Fotografia: Lúcio Kodato. Montagem: Walter Goulart. Documentário que incursiona pelos estados da Paraíba, Pernambuco e Ceará buscando registrar manifestações de algumas virtuoses da cultura popular. Poético como o universo que retrata, o filme adentra os espaços domésticos e públicos em que se apresentam violeiros, escuta explanações de cordelistas que vão da diferenciação entre canção e cordel até aquele que jura ter ido ao inferno e lá encontrado Getúlio Vargas. Entre os pontos altos do filme encontram-se a apresentação de Cego Oliveira ao lado do fabricante de instrumentos Meu Mano, a da dupla de garotos Caju e Castanha, emoldurado pela tradicional fachada de cores vibrantes de casas do interior e o momento em que um cantador desfia uma série de exageros, inclusive uma louvação desmedida a um gado farto e procriador que as imagens desmentem. Ou ainda o momento em que o filme apresenta closes dos c

Filme do Dia: A Rosa de Bagdá (1949), Anton Gino Domenghini

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A  Rosa de Bagdá ( La Rosa di Bagdad ,   Itália, 1949). Direção: Anton Gino Domenghini. Rot. Original: Lucio De Caro, Nina Maguire & Toni Maguire. Fotografia: Cesare Pelizzari. Música: Riccardo Pick Mangiagalli. Montagem: Cesare Pelizzari. No reino de Bagdá, todos vivem em pacífica harmonia, encantados pela voz maviosa da Princesa Zeila. Tal paz se torna ameaçada quando o corrupto sheik Zafir se une ao mágico do mal Burk para lançar um feitiço contra ela. Seu amigo de infância, Amin, tenta salva-la, mas também se mete em vários apuros. Esse primeiro longa-metragem de animação italiana, mesmo longe de original, consegue lidar bastante bem com o universo da fantasia que sua história inspira. Realizado em cores e com traços evocativos da animação produzida pela Disney – sendo, de certa forma uma virtude sua produção mais tacanha e sua movimentação menos perfeita que àquela, assim como os traços diferenciados com que compõe seus personagens. Como naquela, a dimensão da sexualid