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Mostrando postagens com o rótulo Filme do Dia

Filme do Dia: Au Pays Noir (1905), Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet

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  A u Pays Noir (França, 1905). Direção Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet. Rot. Adaptado a partir do romance de Émile Zola. A descrição da precariedade de uma família mineira a apresenta em situação típica associada ao grupo social, família numerosa, mas também com certa dignidade (não há ninguém vestindo andrajos, existem mais objetos de cena, ilustrando os adereços da casa – inclusive um indefectível quadro religioso na parede – que o habitual em produções da época). As cartelas possuem apresentação típica do estúdio então. Letras garrafais em chamativo vermelho sobre fundo preto. Na cena seguinte, a apresentar a saída para o trabalho do chefe da família, observamos um elaborado trabalho cenográfico, primorosamente realista em contraposição aos pensados por Méliès em seu Viagem à Lua , por mais que facilmente se perceba a tentativa de criar profundidade a partir das telas que a representam, mas das quais se pode observar, inclusive, seu contato com o chão. E o mais incrível é

Filme do Dia: Rosas de Sangue (1960), Roger Vadim

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  R osas de Sangue ( Et Mourir de Plaisir , França/Itália, 1960). Direção: Roger Vadim. Rot. Adaptado: Roger Vadim & Roger Vailland a partir da história original de Claude Brulé & Claude Martin e do romance Carmilla , de Sheridan Le Fanu. Fotografia: Claude Renoir.  Música: Jean Prodromidès. Montagem: Victoria Mercanton & Maurizio Lucidi. Dir. de arte: Jean André & Robert Guisgand. Cenografia: Robert Christidès. Figurinos: Marcel Escoffier. Com: Mel Ferrer, Elsa Martinelli, Annette Stroyberg, Alberto Bonucci, René-Jean Chauffard, Gabriella Farinon, Serge Marquand, Edith Peters. Carmilla Von Karnestein (Stroyberg), numa reunião social, aponta sua semelhança com a ancestral Millarca. Carmilla sente ciúmes da relação de seu primo, Leopoldo (Ferrer) com a noiva Georgia (Martinelli). Numa noite em que se festeja com fogos de artifício próximos ao cemitério abandonado da família, acidentalmente também ocorrem explosões de minas que existiam na região desde a invasão alemã n

Filme do Dia: Varda por Agnès (2019), Agnès Varda

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  V arda por Agnès ( Varda par Agnès , França, 2019). Direção e Rot. Original: Agnès Varda & Didier Rouget. Fotografia: Claire Duguet, François Decreau & Julia Fabry.  Montagem: Nicolas Longinotti & Agnès Varda. Há um tom professoral e uma sensação de déjà vu inescapáveis na revisitação de sua obra que, somados a estrutura em forma de apresentação diante de uma plateia em um teatro e ausência de perguntas ou qualquer tipo de confrontação por parte dos outros que transformam esse último filme da realizadora em um exercício algo engessado de autocelebração, condescendência essa que um contemporâneo sobrevivente seu, Godard , jamais se permitiu ou sequer contemplou. Mais de uma vez a realizadora exalta o tripé ideação, criação (por em execução a ideia inicial) e compartilhamento como fundamento do cinema. Porém o último filme q parece cumprir a risca o mesmo é o seu anterior, não por acaso vislumbrado como seu filme-testamento, Visages Villages , algo q poderia se estender

Filme do Dia: Astor Battery on Parade (1899), J. Stuart Blackton & Albert E. Smith

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  A stor Battery on Parade (EUA, 1899). Fotografia J. Stuart Blackton & Albert E. Smith. Uma parade é filmada de uma perspective bastante semelhante a presente em Buffalo Police on Parade (1897), ao ponto de se poder questionar, assistindo somente uma vez a ambos, tratar-se do mesmo filme com acréscimos de algumas imagens. Ao contrário da parada de Buffalo, no entanto, a simetria dos que desfilam não chega a ser tão rigorosa, ao menos depois do primeiro pelotão. Assim como um militarismo, inclusive com exibição de armas e movimento delas, é mais patente do que na outra; enqunanto na outra se respira um ar de maior comodidade e comunidade com a sociedade civil. Vai nessa mesma trilha o movimento mais nervoso, agitado e rápido do passe dos militares em relação a tranqüilidade que acompanha os policiais. Edison Manufacturing Co. 47 segundos.

Filme do Dia: Últimas Palavras (1968), Werner Herzog

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  Ú ltimas Palavras ( Letzte Worte , Al. Ocidental, 1968). Direção e Rot. Original: Werner Herzog. Fotografia: Thomas Mauch. Montagem: Beate-Mainka Jellinghaus. Esse curta-metragem, do início da carreira do realizador, talvez possa ser observado mais como curioso exercício de fundamentação documental de algo, a rigor, criado pelo próprio cineasta. Trata-se de uma personagem mítica, que sobrevive às condições absurdas de uma ilha que fora colônia de leprosos. Parece existir uma certa gratuidade na forma como os “personagens” repetem – por   várias vezes -   as mesmas frases. Longe de se encontrar entre as obras inicias mais promissoras de Herzog, que o realizou enquanto preparava o projeto de seu primeiro longa, Sinais de Vida . A obsessão do realizador por personagens maiores que a vida e por uma mitologia peculiar, ainda que devidamente fantasiada (tal como em Fata Morgana) já se apresenta aqui presente. Werner Herzog Filmproduktion. 13 minutos.

Filme do Dia: O Homem do Planeta X (1951), Edgar G. Ulmer

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  O   Homem do Planeta X ( The Man from Planet X , EUA, 1951). Direção: Edgar G. Ulmer. Rot. Original: Aubrey Wisberg & Jack Pollexfen. Fotografia: John L. Russell. Música: Charles Koff. Montagem: Fred R. Feitshans Jr. Dir. de arte: Angelo Scibetta & Byron Vreeland. Com: Robert Clarke, Margaret Field, Raymond Bond, William Schallert, Roy Engel, David Ormont, Gilbert Fallman, June Jeffery. John Lawrence (Clarke), reporter nova-iorquino vai até uma recôndita ilha da Escócia a convite de um cientista e amigo de longo tempo, Dr. Elliot (Bond), cientista que estuda a aproximação de um planeta desconhecido, que ele batizou como X, da Terra. Lawrence e a filha do professor, Enid (Field) se sentem atraídos um pelo outro e ambos desconfiam das intenções do suspeito cientista, Dr. Maars (Schallert), que é hóspede do cientista. Após deixar Lawrence em uma pousada, Enid tem um problema com o carro no retorno para casa e acaba descobrindo um estranho objeto com um ser ainda mais estranho

Filme do Dia: Neron Essayant des Poisons sur des Esclaves (1896), Georges Hatot

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  N eron Essayant des Poison sur des Esclaves (França, 1896). Direção: Georges Hatot. Um assistente de Nero, ao lado do mesmo, oferece veneno a dois escravos, diante de alguns de seus subordinados nesse filme que parece ser uma das primeiras incursões em um repertório mais tipicamente ficcional que o habitualmente associado aos Lumière.  Aparentemente trata-se do primeiro filme dirigido por Hatot. Do cenário excessivamente artificioso aos gestos grandiloquentes da aproximação fatal da morte quase instantânea vivenciada pelos escravos, esse filme parece antecipar em ao menos uma década a maior parte da produção épica italiana. Curiosamente essa produção é um pouco mais longa que as “vistas”, que compunham o grosso da produção dos Lumière então. Destaque para o terceiro homem que entra com os dois escravos e que sai em posição de agradecimento patético (outro escravo de quem foi poupada à vida?). Lumière. 1 minuto.

Filme do Dia: O Barato de Iacanga (2019), Thiago Mattar

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  O   Barato de Iacanga (Brasil, 2019). Direção Thiago Mattar. Rot. Original Guilherme Algon & Thiago Mattar. Fotografia Diego Lajst & André Manfrim. Montagem Guilherme Algon. Documentário que faz um retrospecto do Festival de Águas Claras, sobretudo em suas três primeiras edições, tendo como fio condutor maior o seu próprio idealizador e principal organizador, Leivinha, e algumas pessoas próximas, incluindo a sua irmã. Iniciando como algo praticamente entre amigos, e divulgado através do boca-a-boca, demonstrou ser uma fonte de agregação e de público, boa parte deles de verve hippie, a realizarem o que seria uma versão Woodstrock, em solo brasileiro, na fazenda do pai de Leivinha, na provinciana Iacanga, no interior de São Paulo, em 1975. Período ainda bastante repressor da ditadura. Importante peça de uma memória não muito cultivada, contando com gravações em vídeo, quase todas em condições relativamente precárias, e dos arquivos de TV, possui um momento ao menos tocant

Filme do Dia: America (1924), D.W. Griffith

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  A merica (EUA, 1924). Direção: D.W. Griffith. Rot. Original: Robert W. Chambers, baseado em seu próprio argumento. Fotografia: G.W.Bitzer, Marcel Le Picard, Hendrik Sartov & Harold S. Sintzenich. Música: Joseph Carl Breil & Adolph Fink. Montagem: James & Rose Smith. Dir. de arte: Charles M. Kirk. Cenografia: Charles E. Boss. Com: Neil Hamilton, Erville Alderson, Carol Dempster, Charles Emmett Mack, Lee Baggs, John Dunton, Arthur Donaldson, Charles Bennett, Lionel Barrymore , Sydney Deane. Nathan Holden (Hamilton) é pobre fazendeiro, mas honesto e possui duas grandes paixões: a independência americana da Inglaterra e o amor da aristocrata Tory,   Nancy Montague (Dempster), filha de Sir Ashley Montague (Deane), apaixonado contra-revolucionário. Do lado das forças britânica, o vil e tirano Walter Butler (Barrymore), fiel apenas a seus próprios interesses. Sir Ashley, discutindo com os revolucionários, inclusive Nathan, acaba acidentalmente sendo morto pelo mesmo. Com a inv

Filme do Dia: A Águia Azul (1926), John Ford

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  A   Águia Azul ( The Blue Eagle , EUA, 1926). Direção: John Ford. Rot. Adaptado: Gordon Rigby & Malcolm Stuart Boylan, a partir do conto The Lord’s Referee , de Gerald Beaumont. Fotografia: George Schneiderman. Figurinos: Sam Benson. Com: George O’Brien, Janet Gaynor, William Russell, Margaret Livingston, Robert Edeson, Philip Ford, David Butler, Lew Short. Dois marinheiros, George Darcy (O’Brien) e “Big” Tim Ryan (Russell) disputam os mimos da jovem Rose Kelly (Gaynor), seja na marinha, seja na vida civil após a guerra, quando Padre Joe (Edeson), leva a termo a luta de boxe que havia sido interrompida por um ataque inimigo durante a guerra. No intervalo entre as lutas, George e Big Tim se tornam amigos, a partir do momento que unem as forças para combater os traficantes que tanto mal fazem à sociedade. Esse trabalho rotineiro de Ford para o estúdio do qual era então contratado, que sobreviveu quase completo mas em estado não muito bom de conservação – os poucos lapsos que e

Filme do Dia: O Homem Que Caiu na Terra (1976), Nicolas Roeg

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  O   Homem Que Caiu na Terra ( The Man Who Fell to Earth , Reino Unido, 1976). Direção:  Nicolas Roeg. Rot. Adaptado: Paul Mayersberg, baseado no romance de Walter Tevis. Fotografia: Anthony B. Richmond. Música: John Phillips. Montagem: Graeme Clifford. Dir. de arte: Brian Eatwell. Figurinos: May Routh. Com: David Bowie, Rip Torn, Candy Clark, Buck Henry, Bernie Casey, Jackson D. Kane, Rick Riccardo, Tony Mascia, Linda Hutton. Thomas Jerome Newton (Bowie) é, na verdade, um alienígina que finge passar-se por milionário excêntrico e casa-se com a camareira do hotel em que se hospeda, Mary Lou (Clark), porém logo as intenções de Newton de levar água para seu planeta são frustradas pela ganância terrena em se apossar de seus negócios e sua própria incapacidade de retornar. Nesse delirante filme de Roeg, realizado no auge de sua carreira, a construção de uma atmosfera estranha através da montagem e de um enredo esquizóide, podem ser tanto perturbadores, em seus melhores momentos, como fr

Filme do Dia: Nothing Special (2005), Helena Brooks

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  N othing Special (Nova Zelândia, 2005). Direção: Helena Brooks. Rot. Original: Helena Brooks & Jaquie Brown. Fotografia: Dale McCready. Montagem: Margot Francis. Figurinos: Georgie Hill. Com: Liam Powell, Geraldine Brophy, Kip Chapman, Greg Johnson, Gerard Johnstone, Alison Routledge. Narra a história de uma possessiva e louca mãe (Brophy) que vê no filho a imagem do Cristo renascido. Para fugir da obsessão materna, Billy (Chapman) cresce determinado a ser um homem sem atributos especiais. Porém, sua mãe o encontra no trabalho. Trata-se de uma produção que apresenta a faceta mais perversa, a busca do humor através de uma idéia aparentemente criativa somada a uma produção “eficiente”. O resultado não poderia ir muito além do próprio título. 9 minutos e 53 segundos.

Filme do Dia: Anjos Selvagens (1966), Roger Corman

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  A njos Selvagens ( The Wild Angels , EUA, 1966). Direção: Roger Corman. Rot. Original: Charles B. Griffith. Fotografia: Richard Moore. Música: Mike Curb. Montagem: Monte Hellman. Dir. de arte: Richard Beck-Meyer & Leon Ericksen. Figurinos: Polly Platt. Com: Peter Fonda, Nancy Sinatra, Bruce Dern, Diane Ladd, Buck Taylor, Norman Alden, Michael J. Pollard. Grupo de Hell’s Angels, cujo líder é Heavenly Blues (Fonda), vive se deslocando em busca de prazer ou de ajustar contas com grupos rivais, sempre monitorado pela polícia. Numa dessas fugas, um policial atira contra Joey (Dern), que vai hospitalizado. O grupo decide retirar Joey do hospital, pois ele será encaminhado para a prisão quando se recuperar. Conseguem o tento, com ajuda da namorada de Blues, Mike (Sinatra). Porém, ele não suporta e morre pouco depois.           É curioso se observar já em seus créditos iniciais a presença de um Peter Fonda ainda mais magérrimo em sua motocicleta 3 anos antes do mítico Sem Destino -

Filme do Dia: O Menino e a Garça (2023), Hayao Miyazaki

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  O  Menino e a Garça ( Kimitachi wa   dô Ikiru ka , Japão, 2023). Direção e Rot. Original Hayao Miyazaki. Fotografia Atsushi Okui. Música Joe Hisaishi. Montagem Rie Matsubara, Takeshi Seyama & Akane Shiraishi. Dir. de arte Y ōji Takeshige. Mahito é um garoto que perde a mãe e, finda a Segunda Guerra, parte com o pai de Tóquio, mudando-se para o campo. Seu pai se uniu a irmã da mulher morta, Setsuko, e desde o momento que chega, o garoto percebe uma forte interação de uma grande garça real. Curioso, mesmo acamado por conta de um ferimento provocado em sua cabeça por ele próprio, Mahito vai contra as orientações das velhas que tomam conta do castelo (e dele), avançando sobre um castelo abandonado, guiado pela garça, adentrando em um mundo fantástico, a envolver vivos e mortos, e tempos distintos. O traço de Miyazaki é absurdamente sedutor. Mesmo que se saia confuso e decepcionado da longa – e confusa – experiência aos quais somos convidados a interagir, duplicando a experiê

Filme do Dia: Little Blabbermouse (1940), Friz Freleng

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  L ittle Blabbermouse (EUA, 1940). Direção: Friz Freleng. Rot.Original: Ben Hardaway. Música: Carl W. Stalling. Montagem: Treg Brown. Um rato serve de guia a um grupo de semelhantes em uma visita a uma drugstore. A um determinado momento, todos os produtos da mesma começam a cantar e dançar. Produto típico da série Merrie Melodies , concorrência direta  e menos bem sucedida às Silly Simphonies da Disney. A mesma situação, incluindo o ratinho pequeno que não para de falar que dá nome ao título, foi adaptada sem qualquer dose de criatividade em Shop Look & Listen , produzido no mesmo ano. Leon Schlesinger Studios para Warner Bros. 8 minutos e 11 segundos.

Filme do Dia: The Bitter Bit (1899), James Bamforth

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  T he Bitter Bit (Reino Unido, 1899). Direção James Bamforth. Homem pressiona a mangueira com a mão, impedindo o fluxo de água de circular. O homem que regava o jardim estranha e observa a saída da mangueira, quando o homem retira o pé da mesma, esguinchando água sobre. O brincalhão se encontra escondido atrás de uma árvore e quando o alvo de sua brincadeira percebe tudo vai atrás dele, que utiliza a própria árvore para tentar fugir do outro, mas é capturado pelo mesmo que o molha com a mangueira. Bamforth não parece alguém propriamente criativo. Das três produções sobreviventes de sua autoria, ao menos duas são cópias de filmes alheios – no caso de The Kiss in the Tunnel , de um homônimo com enredo similar. E, pior que isso, consegue piorar seus copiados. No caso deste. Com mais tempo para apresentar sua “história” que o célebre O Regador Regado , de quatro anos antes, dos Lumière, uma boa parte do seu tempo é gasta em uma inverossímil brincadeira no estilo pega-pega entre os do

Filme do Dia: 1971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo - Starman (2021)

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  1 971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo ( 1971: The Year That Music Changed Everything - Starman , EUA, 2021). Montagem Sam Blair. Em um movimento que ocorre ao longo da série em 8 partes, do qual esse é o último episódio, parece haver idas e vindas como em uma onda. Aqui se retorna novamente a discutir uma Inglaterra que arrisca voltar aos tempos pré-Beatles, em termos de conservadorismo – e observamos os senhores andando com seus chapéus coco típicos, e um deles sendo ofensivo a um repórter que busca indagar algo nesse sentido dele. E também o retorno a Bowie e John & Yoko.   E quando se utiliza uma canção de Yoko para auxiliar a ilustrar o tema do conservadorismo, parece também se buscar uma valorização que vá contra o apagamento da figura feminina, como ela vivenciou à época, independente da qualidade de sua música. E movimentos de cunho fascista reivindicam uma Inglaterra para os brancos. E escutamos Bob Marley, que também contribuiu com o fantástico repertório do ano,

Filme do Dia: A Victorian Lady in Her Boudoir (1896), Esme Collings

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  A   Victorian Lady in Her Boudoir (Reino Unido, 1896). Fotografia Esme Collings. A composição algo roliça da mulher a se despir é tão testemunho de padrões de beleza distintos dos olhos que observam esta produção com a distância de bem mais de um século, e tão recorrentes nas imagens da época quanto a inescapável função voyeurística do cinema, em termos mais propriamente libidinosos, desde o início das imagens em movimento. Ela se despe em meio a duas cadeiras, que servirão como cabides improvisados onde depositará suas extensas vestes,  e um cenário que busca emular o quarto íntimo ( boudoir para os franceses) da senhora. O fato de ser uma dama da era vitoriana traz um sabor a mais. Como boa stripper , valoriza seu passe, ao sugerir mais que se expor por completo, detendo-se na última peça, uma camisola a qual se pode adivinhar, mais pelos seios que propriamente pelo sexo, que se encontra nua depois deste último obstáculo. A estratégia de se despir, no entanto, emula o naturalis

Filme do Dia: Perdi Meu Corpo (2019), Jérémy Clapin

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  P erdi Meu Corpo ( J’ai Perdu Mon Corps , França, 2019). Direção: Jérémy Clapin. Rot. Adaptado: Jérémy Clapin & Guillaume Laurant, a partir do romance de Laurant. Música: Dan Levy. Montagem: Benjamin Massoubre. Naoufel sonha em ser pianista e astronauta, algo incentivado respectivamente pela mãe e pelo pai, quando criança. Porém, ele se torna, na adolescência, um entregador de pizzas, diante de um pai desinteressado dele e da vida, e de um irmão mais velho irritante e pouco sensível às demandas do jovem. E para piorar, enquanto entregador não possui o menor talento. Certa noite ao ir entregar o produto para uma garota, Gabrielle, que mora no trigésimo quinto andar e após uma demora de quarenta minutos, dado um acidente que vivenciara, Naoufel descobre que a pizza já se encontra completamente destroçada. Ele conversa um longo tempo com Gabrielle pelo interfone. Ela o convida para passar a noite em seu apartamento, mas ele vai embora, após ter comido ele próprio a pizza. Porém, v

Filme do Dia: Sobre Nós (2016), Miguel Moura

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  S obre Nós (Brasil, 2016). Direção, Dir.de Fotografia e Montagem: Miguel Moura. Rot. Original: Chandelly Braz, Samuel Toledo & Miguel Moura. Dir. de arte: Juliana Esquenazi. Figurinos: Julia Souza. Com: Chandelly Braz, Samuel Toledo. Dois amigos de longa data (Braz e Toledo) se reencontram após certo tempo. Dentre eles, à espera do horário para saírem para algum evento, ao fumarem um cigarro, o tempo, algumas memórias compartilhadas de alguém morto, silêncios constrangidos. Sensível e tocante em sua simplicidade, filmado em p&b e a partir de um recorte temporal praticamente o mesmo do tempo em curso durante a ação, trabalha de forma interessante essa dupla interatividade com o tempo – ao mesmo tempo que se move em tempo praticamente real, incluindo silêncios e pausas na fala, há o peso resistente de um tempo ausente-presente, do passado.  Rebuliço e Mãe Joana Filmes. 14 minutos e 49 segundos.