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I'm the Greatest / Ringo Star

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Filme do Dia: Fragmentos de um Filme-Esmola (1972), João César Monteiro

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Fragmentos de um Filme-Esmola: A Sagrada Família (Portugal, 1972). Direção e Rot. Original: João César Monteiro. Fotografia: Acácio de Almeida. Com: Manuela de Freitas, João Perry, Dalila Rocha, Catarina Coelho, Fernando Soares, Maria Clementino Monteiro, João Gabriel. Família que foge completamente aos padrões sociais estabelecidos (Rocha e Soares), procura criar a filha radicalmente livre das convenções sociais estupidificantes que reinam na sociedade de seu tempo, num ritmo alucinantemente profundo e até mesmo auto-destrutivo. Utilizando-se basicamente de longos planos-sequências e muita criatividade, o cineasta contrapõe sequências com diálogos dos mais ludicamente cotidianos (como os que o pai  e filha efetuam ao início do filme) alternados com momentos nos quais os atores recitam textos de Ésquilo, Joyce, Ponce e Breton, criando um universo que muito deve a Godard – embora nesse não exista a radical separação como aqui. O resultado final é um panorama de pessoas que po

O Córrego (Le Ruisseau du Puits-Noir, Vallé de la Loue), 1855

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Courbet pintava primordialmente eventos e cenários de sua nativa Ornans, uma vila na remota região de Franche-Comté. Proponente do realismo, transformou as ideias tradicionais sobre arte ao descrever camponeses simples e cenários rústicos com dignidade e numa escala grandiosa, somente reservada às pinturas históricas. Galhos pendentes e verdejantes vegetações rasteiras circundam um estreito riacho no interior da floresta são observados em O Córrego . Esse local primitivo, aparentemente não perturbado pela civilização, evoca uma ânsia bastante popular durante o século XIX, um desejo romântico por um retiro tranquilo e restaurador dos rigores da vida moderna. Courbet utilizou uma técnica de espátula pouco ortodoxa para aplicar camadas irregulares de pigmentos, criando uma superfície trabalhada grosseiramente que imita as texturas das folhagens, água e pedras de calcário para evocar a presença física do terreno. Quando essa pintura foi exibida na Exposition Universelle de 1855, Cour

Meu Caro Diário, 17/04/2004

Prometi a mim mesmo contar cada dia em São Paulo e não me deixar levar...mas é exatamente isso o que deixei de fazer logo, logo. De algum modo, percebo que consigo me adaptar relativamente fácil em qualquer ambiente. Isso será bom ou ruim? O fato é que nunca morei só, isso ainda é para mim um mito. São Paulo hoje me pareceu terrivelmente provinciana. O mesmo provincianismo que pode ser acolhedor e nos fazer menos sofrido em locais que já se conhece, também pode ser o oposto. Uma necessidade de ir além, de transcender esse mundinho. (...)  Assim, o texto para o jornal que havia pensado com tanta ansiedade na manhã de hoje, juntando cacos do que eu havia pensado nos últimos dias, poderia e pode ser grandemente comprometido.   Fui depois a feira do livro e me decepcionei um pouco. Esperava mais. Andei um bocado e comprei apenas dois livros. Um deles mais pelo aspecto plástico da edição que propriamente pelo conteúdo é o que trata das correspondências entre Lygia Clarke (sic) e Hélio Oitic

Filme do Dia: Panorama do Cinema Brasileiro (1968), Jurandyr Noronha

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Panorama do Cinema Brasileiro (Brasil, 1968). Direção e Rot. Original: Jurandyr Noronha. Música: Francisco Mignone. Montagem: Júlio Heilborn. Essa rara antologia do cinema brasileiro realizada no próprio suporte do meio que pretende apresentar – outras produções semelhantes se restringiram a um ciclo específico como Assim Era a Atlântida , que se deteve sobre as chanchadas – por si só já representa um louvável interesse historiográfico. Acompanha a trajetória desde os Irmãos Segreto, os Lumière do cinema brasileiro, dos quais não restaram mais que fotos deles próprios e dos equipamentos que utilizavam até as produções mais recentes do Cinema Novo como A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), de Roberto Santos e O Padre e a Moça (1966), de Joaquim Pedro de Andrade . Dito isso, convém ressaltar que o viés sobre o qual aborda a filmografia brasileira é grandemente herdeiro dos próprios colaboradores do filme como Rubem Biáfora (que tem seu Ravina longamente incensado) e Adhemar
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Filme do Dia: Effi Briest (1974), Rainer Werner Fassbinder

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Effi Briest ( Effi Briest , Alemanha Ocidental, 1974). Direção: Rainer Werner Fassbinder . Rot. Adaptado: Rainer Werner Fassbinder, adaptado do romance de Theodor Fontane. Fotografia: Jürgen Jürges & Dietrich Lohmann. Montagem: Thea  Eymész. Dir. de arte: Kurt Raab. Figurinos: Barbara Braun. Com: Hanna Schygulla, Wolfgang Schenck, Ulli Lommel, Lilo Pempeit, Herbert Steinmetz, Ursula Strätz, Irm Hermann, Karlheinz Böhm, Karl Scheydt, Barbara Lass, Rudolf Lenz, Eva Mattes, Andrea Schober, Theo Tecklenburg. A jovem Effi Briest (Schygulla), aos 17 anos, é recomendada pelos pais para casar com o já maduro e também rico Barão von Instetten (Schenck). Porém, logo o casamento se transforma num fardo para Effi, que passa a viver no campo. Suas limitações culturais a impedem de freqüentar o círculo de seu refinado marido, que viaja a maior parte do tempo. Sentindo-se só e entediada, Effi ainda é atormentada por ruídos que acredita serem do chinês que vivera na casa anteriormente. A prox