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Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#107: Lucrecia Martel

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  Lucrecia Martel . (Argentina, 1966). Lucrecia Martel é uma das mais brilhantes e originais das novas realizadoras a emergir durante a primeira década do novo milênio. Nascida em Salta, noroeste da Argentina , e seus três longas, conhecidos como a "Trilogia de Salta", foram realizados e ambientados em sua província natal. Somente por esta característica, seus filmes já se diferenciam tanto do tradicional quanto do "novo" cinema argentino, que são ambientados primordialmente na cidade portuária de Buenos Aires ou nos Pampas e na Patagônia ao sul desta e dirigidas por porteños . De sólida vivência na classe média, Martel frequentou escola católica em Salta, onde ela (felizmente) estudou latim e grego. Planejara estudar ciências, mas após muitas viagens, estabeleceu-se em um programa de comunicação social em Buenos Aires, apesar de não se graduar. Fora da universidade fez um curso de animação para o cinema e começou realizando curtas de animação: El 56 (1988) e Piso 2...

Filme do Dia: Hapax Legomena III: Critical Mass (1971), Hollis Frampton

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  H apax Legomena III: Critical Mass (EUA, 1971). Direção: Hollis Frampton. Com: Frank Albetta, Barbara DiBenedetto. Trabalhando com um repertório visual quase tão ascético quanto os filmes de flicagem então comuns, Frampton realiza esse interessante exercício estilístico em que as entonações vocais e os movimentos de um casal que discute ardorosamente suas diferenças são desnaturalizados a partir de cortes bruscos efetuados tanto na imagem quanto na banda sonora, assim como sua repetição sob forma de eco, provocando por vezes um efeito sonoro quase melódico, por vezes humorístico. Inicia com a tela escura, recurso que voltará a ocorrer, por vezes sendo a banda sonora escutada também somente sob um fundo branco. O branco e o preto são onipresentes, já que o casal veste preto sob um fundo branco, sendo sua sombra realçada sob o mesmo e a fotografia em preto&branco.  25 minutos.

Filme do Dia: Robin Hoodlum (1948), John Hubley

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  R obin Hoodlum (EUA, 1948). Direção: John Hubley. Rot. Original: Soz Barzman & Phil Eastman. Robin Hoodlum é capturado pelo enviado do rei, um maquiavélico corvo. Porém, consegue escapar no último momento nessa animação indicada ao Oscar e parte integrante da série da Raposa e do Corvo, sendo que o último, habitualmente vencendor da contenda, aqui sai derrotado. Encontra-se longe das obras mais inspiradas de Hubley, que não por acaso são aquelas que não se encontram vinculadas a uma série específica  (como é o caso de Rooty Toot Toot ) ou ainda de um momento de produção mais independente do realizador (como é o caso dos experimentais Cockaboody e Windy Day ). A figura de Hood caracterizado como uma raposa voltaria a fazer parte do universo da animação com o longa de Disney, produzido em 1973, onde o personagem perde grande parte da malícia aqui presente menos nas suas atitudes ou falas que na sua própria máscara facial. UPA para Columbia Pictures. 7 minutos e 38 segund...

Filme do Dia: Ângela (1951), Abílio Pereira de Almeida & Tom Payne

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  Â ngela (Brasil, 1951). Direção: Abílio Pereira de Almeida & Tom Payne. Rot. Adaptado: Alberto Cavalcanti, Nery Dutra & Aníbal Machado baseado em conto de Hoffman. Fotografia: H.E. Fowle . Música: Francisco Mignone. Montagem: Ladislau Babuska, Edith Hafenrichter, Oswald Hafenrichter & Álvaro de Lima Novaes. Cenografia: Pierino Massenzi. Com: Eliane Lage, Alberto Ruschel, Mário Sérgio, Inesita Barroso, Ruth de Souza, Abílio Pereira de Almeida, Maria Clara Machado, Margot Bittencourt. Vítima da decadência econômica proporcionada pela jogatina do filho Gervásio (Almeida), família tem que abandonar a casa para o ganhador, o sortudo Dinarte (Ruschel). Porém, no momento em que todos já se encontram empenhados na mudança, Dinarte decide que Ângela e sua família podem permanecer na casa. Ângela passa a se sentir atraída pelo rapaz, ainda que contra os preceitos de sua avó Leocádia (Machado), que prefere o amigo de infância de Ângela, Jango (Mário Sérgio). Ângela acaba se ca...

Filme do Dia: Kinestasia 60 (1970), Charles Braverman

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  Kinestasis 60 (EUA, 1970). Direção: Charles Braverman. Colagem audiovisual com momentos mais intensos dos anos 1960 a partir de fotos fixas retiradas de órgãos da imprensa e raras cenas com imagens em movimento. Revolução Cubana, Beatles, entre outros são retratados. O realizador se detem, sobretudo na primeira parte do filme, sobre o assassinato de Kennedy e suas decorrências (seus funerais, a posse de Johnson, a morte de Lee Oswald), criando sua versão particular para um evento que ganhou destaque em outros gêneros cinematográficos como o documentário (os funerais, por exemplo, no poético  Faces de Novembro ). A sucessão frenética das fotos não permite uma detenção maior sobre suas significações individuais a partir de uma perspectiva peculiar, sendo mais ressaltado o efeito conjunto. A trilha sonora eletrônica que acompanha as imagens é de um renomado compositor, Mort Garson. O próprio cinema ficcional se apropriou de estratégias de colagem de imagens em fotos fixas par...

Filme do Dia: Tolerantia (2008), Ivan Ramadan

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  T olerantia (Bósnia-Herzegovinia, 2008). Direção: Ivan Ramadan. Um homem em uma terra gelada consegue, após ele próprio ter sofrido um processo de descongelamento, construir sozinha sua pirâmide, devidamente munida de instrumentos de ataque e defesa. Porém, logo após ter dado o último toque em seu monumento ele descobre um vizinho com uma pirâmide similar. A rivalidade entre ambos se inicia de pronto e logo não apenas suas construções estarão semi-destruídas como os dois mortos. É mais do que frequente o irritante uso da animação como veículo para óbvias alegorias sobre a irracional belicosidade humana sem qualquer lastro que o da própria abstração proposta. Algo que se torna ainda mais delicado vindo a produção de onde veio, sendo inclusive a primeira produção em 3D do país. O “realismo” algo escatológico com que descreve as mortes em câmera lenta, mais comum no universo de ação ao vivo, também pode ser facilmente articulado com as vicissitudes sofridas pelo próprio país. 6 ...

Filme do Dia: The News Magazine of the Screen (ca. 1951)

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  T he News Magazine of the Screen (EUA, ca. 1951). A visita do presidente francês Auriol aos Estados Unidos, segundo o locutor a primeira de um chefe de estado francês ao país, sendo recepcionado em Washington, com grande pompa e multidões nas ruas, pelo presidente americano Truman. O já então célebre General MacCarthur é chamado de volta aos Estados Unidos e observamos sua última entrada no seu posto em Tóquio, observada não apenas pela câmera do cinejornal, mas igualmente por uma pequena multidão defronte o edifício. O cinejornal ocupa-se não somente dele, mas também de seu substituto e do substituto  desse. A aclamada chegada em solo norte-americano, mas precisamente em San Francisco de MacCarthur, pela primeira vez no país desde 1939. Sua recepção nas ruas de San Francisco é no melhor estilo celebratório norte-americano, com direito a parada, multidão e chuva de papel picado. No dia seguinte, seu destino é o Congresso em Washington. Lá, ele proclama um discurso sentimen...