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Biografia Entrevista Antonio Calmon

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Muito boa essa entrevista com Antonio Calmon de um blog ótimo que não conhecia e já foi direto para a minha lista de favoritos... *** A ntonio Calmon dirigiu “Eu Matei Lúcio Flávio”. Se quisesse, poderia ter parado por aí e começado a tecer o véu da imortalidade. Afinal, criou a obra-prima do cinema policial brasileiro. Mas Calmon, garoto da selva amazônica (sim, você não leu errado), inventou de embolar o meio de campo, entregar o corpo aos homens da encruzilhada e cair de cabeça em uma odisseia pessoal, imprevisível.   Ex-cria do Cinema Novo, ex-aluno de Glauber Rocha, daí um salto para o “ underground  do  underground ” e um pulo para o  mainstream  de “Menino do Rio” e da TV Globo. No meio de tudo, o desbunde em Salvador, dezessete cáries, quinze quilos a menos, barbas e cabelos pornográficos. Entre pirados e dogmáticos, preferiu viver. Não à toa, hoje zomba da mortificação moralista do politicamente correto. Fala, ri, se diverte. Sobretudo, assume o que fala. Conta os

Filme do Dia: L'épouvantail (1943), Paul Grimault

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L’épouvantail (França, 1943). Direção: Paul Grimault. Rot. Original: Maurice Blondeau, Paul Grimault & Jean Aurenche. Música: Roger Desormière & Jean Wiener. O Espantalho que faz menção o título acoberta um casal de pássaros apaixonados das garras de um perigoso felino. Animação extremamente bem realizada e com uma qualidade técnica em nada devedora da Disney, inclusive em seu tom escapista. Justamente por conta do último, num momento em que a própria Disney havia sido engajada no esforço de guerra, e por se encontrar associada ao típico produto que as telas francesas de Ocupação exibiam, tem sido relativamente desconsiderada. Quem quiser, pode até enxergar uma fábula anti-ocupacionista na forma como o casal apaixonado é protegido pelo Espantalho, seu tradicional opositor no senso comum.  Ou mesmo o oposto. Talvez mais importante que isso seja a decepção inicial de qualquer expectativa modernista que seu prólogo, com os pássaros se enfiando no corpo de um espantalho ainda
Falha a fala. Fala a bala. Paulo Lins, Cidade de Deus .

Aubade

I work all day, and get half-drunk at night.  Waking at four to soundless dark, I stare.  In time the curtain-edges will grow light.  Till then I see what’s really always there:  Unresting death, a whole day nearer now,  Making all thought impossible but how  And where and when I shall myself die.  Arid interrogation: yet the dread  Of dying, and being dead,  Flashes afresh to hold and horrify.  The mind blanks at the glare. Not in remorse  —The good not done, the love not given, time  Torn off unused—nor wretchedly because  An only life can take so long to climb  Clear of its wrong beginnings, and may never;  But at the total emptiness for ever,  The sure extinction that we travel to  And shall be lost in always. Not to be here,  Not to be anywhere,  And soon; nothing more terrible, nothing more true.  This is a special way of being afraid  No trick dispels. Religion used to try,  That vast moth-eaten musical brocade  Created to pretend we never die,  And specious stuff that says No

Filme do Dia: Aruanda (1960), Linduarte Noronha

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Aruanda (Brasil, 1960). Direção e Rot. Original: Linduarte Noronha. Fotografia e Montagem: Rucker Vieira. Esse curta, considerado como outros, enquanto precursor do Cinema Novo, apresenta a realidade do quilombo Olho d’Água, na Paraíba,  onde remanescentes de escravos vivem, segundo sua narração, praticamente isolados e distantes de qualquer dimensão institucional do Estado brasileiro. Quando comparado a produções contemporâneas, tais como  Um Dia na Rampa , de Luiz Paulino dos Santos, o filme parece soar bem mais datado, na sua leitura explicitamente sociologizante, representada sobretudo pela gravidade e autoridade que remetem sua voz “over”, assim como sua música (em boa parte de sua metragem se escuta músicas folclóricas, tais como a célebre  Oh Mana Deixa eu Ir ) parecendo cumprir mais como um elemento de reforço dramático da realidade social abordada que propriamente como um elemento expressivo fundamental, tal como no curta de Luiz Paulino. Aqui, parte-se de uma situação de

PIMBALL WIZARD ( The Who - Feat - Elton John - from - TOMMY The movie 19...

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Filme do Dia: Pérfida (1941), William Wyler

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Pérfida ( The Little Foxes , EUA, 1941). Direção: William Wyler. Rot. Adaptado: Alan Campbell, Lillian Hellman, Arthur Kober & Dorothy Parker, baseado na peça de Hellman. Fotografia: Gregg Toland. Montagem: Daniel Mandell. Dir. de arte: Stephen Goosson. Cenografia: Howard Bristol. Figurinos: Orry-Kelly. Com: Bette Davis, Herbert Marshall , Teresa Wright, Richard Carlson, Dan Duryea, Patricia Collinge, Charles Dingle, Carl Benton Heid, Russell Hicks.             A pérfida Regina Hubbard (Davis) casou com o benevolente e amado Horace Giddens (Marshall) por interesse. Doente terminal, Horace tornou-se peça-chave das ambições de Regina e seus irmãos, Ben (Dingle) e Oscar Hubbard (Reid), que querem dele um empréstimo que os tornará ricos, associando-se ao poderoso William Marshall (Hicks). Porém, Horace percebe tudo e decide não cooperar. Do seu lado encontra-se a filha única do casal, Alexandra (Wright), que prefere o amor do humilde, porém honesto David Hewitt (Carlson) ao primo

Rosa Passos- E Luxo So

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Filme do Dia: A Farsa Trágica (1942), Alessandro Blasetti

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A Farsa Trágica ( La Cena delle Beffe , Itália, 1942). Direção: Alessandro Blasetti. Rot. Adaptado: Alessandro Blasetti & Renato Castellani, baseado na peça de Sem Benelli. Fotografia: Mario Craveri. Música: Guiseppe Becce. Montagem: Mario Serandrei. Dir. de arte: Virgilio Marchi & Ferdinand Ruffo. Cenografia: Principe Ruffo.  Figurinos: Gino Sensani. Com: Amedeo Nazzari, Osvaldo Valenti, Clara Calamai, Alfredo Varelli, Valentina Cortese, Memo Benassi, Elisa Cegani, Luisa Ferida. Lorenzo de Médici (Benassi) convida para um jantar os irmãos Neri (Nazzari) e Gabriello (Varelli) com o intuito de fazerem as pazes com o rival Gianetto (Valenti). Para vingar-se de uma brincadeira anterior dos irmãos que o acabou levando a ser jogado no rio, Gianetto nessa noite estimula que Neri se vista como cavaleiro e vá procurar confusão em um bairro mal afamado de Florença. Após boatos devidamente plantados por um criado de Gianetto, Neri é preso como louco em um campanário, enquanto Gian

All Along The Watchtower (Audio)

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Filme do Dia: Primavera numa Pequena Cidade (1948), Mu Fei

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Primavera numa Pequena Cidade ( Xiao Cheng Zhi Chun , China, 1948). Direção: Mu Fei. Rot. Adaptado: a partir do conto de Tianji Li. Fotografia: Shengwei Li. Música: Yijun Huang. Dir. de arte: Ning Che & Dexiong Zhu. Com: Wei Wei, Shi Yu, Li Wei, i, Cui Chaoming, Zhang Hongmei. Liyan (Yu) vive com a esposa Yuwen (Wei) em meio a sua residência semi-destruída após a guerra. Sua vida é imobilizada e destituída de ânimo, com Liyan sempre melancólico e rejeitando ser tratado de sua turberculose, Yuwen vivendo uma vida de cuidadora do marido, mas a muito tempo sem ter o menor contato com ele. Juntos a ele vivem ainda o fiel serviçal Meimei (Chaoming) e a irmã mais nova de Liyan, Huang (Hongmei), única nota dissonante em meio a decadência e a falta de comunicação. Toda a rotina massacrante da família muda como num passe de mágica com a chegada súbita de Zhichen (Li Wei), hoje médico e que fora o melhor amigo de Liyan e um dos amores do passado de Yuwen. Enquanto Yuwen faz planos para

I'm the Greatest / Ringo Star

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Filme do Dia: Fragmentos de um Filme-Esmola (1972), João César Monteiro

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Fragmentos de um Filme-Esmola: A Sagrada Família (Portugal, 1972). Direção e Rot. Original: João César Monteiro. Fotografia: Acácio de Almeida. Com: Manuela de Freitas, João Perry, Dalila Rocha, Catarina Coelho, Fernando Soares, Maria Clementino Monteiro, João Gabriel. Família que foge completamente aos padrões sociais estabelecidos (Rocha e Soares), procura criar a filha radicalmente livre das convenções sociais estupidificantes que reinam na sociedade de seu tempo, num ritmo alucinantemente profundo e até mesmo auto-destrutivo. Utilizando-se basicamente de longos planos-sequências e muita criatividade, o cineasta contrapõe sequências com diálogos dos mais ludicamente cotidianos (como os que o pai  e filha efetuam ao início do filme) alternados com momentos nos quais os atores recitam textos de Ésquilo, Joyce, Ponce e Breton, criando um universo que muito deve a Godard – embora nesse não exista a radical separação como aqui. O resultado final é um panorama de pessoas que po

O Córrego (Le Ruisseau du Puits-Noir, Vallé de la Loue), 1855

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Courbet pintava primordialmente eventos e cenários de sua nativa Ornans, uma vila na remota região de Franche-Comté. Proponente do realismo, transformou as ideias tradicionais sobre arte ao descrever camponeses simples e cenários rústicos com dignidade e numa escala grandiosa, somente reservada às pinturas históricas. Galhos pendentes e verdejantes vegetações rasteiras circundam um estreito riacho no interior da floresta são observados em O Córrego . Esse local primitivo, aparentemente não perturbado pela civilização, evoca uma ânsia bastante popular durante o século XIX, um desejo romântico por um retiro tranquilo e restaurador dos rigores da vida moderna. Courbet utilizou uma técnica de espátula pouco ortodoxa para aplicar camadas irregulares de pigmentos, criando uma superfície trabalhada grosseiramente que imita as texturas das folhagens, água e pedras de calcário para evocar a presença física do terreno. Quando essa pintura foi exibida na Exposition Universelle de 1855, Cour

Meu Caro Diário, 17/04/2004

Prometi a mim mesmo contar cada dia em São Paulo e não me deixar levar...mas é exatamente isso o que deixei de fazer logo, logo. De algum modo, percebo que consigo me adaptar relativamente fácil em qualquer ambiente. Isso será bom ou ruim? O fato é que nunca morei só, isso ainda é para mim um mito. São Paulo hoje me pareceu terrivelmente provinciana. O mesmo provincianismo que pode ser acolhedor e nos fazer menos sofrido em locais que já se conhece, também pode ser o oposto. Uma necessidade de ir além, de transcender esse mundinho. (...)  Assim, o texto para o jornal que havia pensado com tanta ansiedade na manhã de hoje, juntando cacos do que eu havia pensado nos últimos dias, poderia e pode ser grandemente comprometido.   Fui depois a feira do livro e me decepcionei um pouco. Esperava mais. Andei um bocado e comprei apenas dois livros. Um deles mais pelo aspecto plástico da edição que propriamente pelo conteúdo é o que trata das correspondências entre Lygia Clarke (sic) e Hélio Oitic

Filme do Dia: Panorama do Cinema Brasileiro (1968), Jurandyr Noronha

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Panorama do Cinema Brasileiro (Brasil, 1968). Direção e Rot. Original: Jurandyr Noronha. Música: Francisco Mignone. Montagem: Júlio Heilborn. Essa rara antologia do cinema brasileiro realizada no próprio suporte do meio que pretende apresentar – outras produções semelhantes se restringiram a um ciclo específico como Assim Era a Atlântida , que se deteve sobre as chanchadas – por si só já representa um louvável interesse historiográfico. Acompanha a trajetória desde os Irmãos Segreto, os Lumière do cinema brasileiro, dos quais não restaram mais que fotos deles próprios e dos equipamentos que utilizavam até as produções mais recentes do Cinema Novo como A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), de Roberto Santos e O Padre e a Moça (1966), de Joaquim Pedro de Andrade . Dito isso, convém ressaltar que o viés sobre o qual aborda a filmografia brasileira é grandemente herdeiro dos próprios colaboradores do filme como Rubem Biáfora (que tem seu Ravina longamente incensado) e Adhemar
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Filme do Dia: Effi Briest (1974), Rainer Werner Fassbinder

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Effi Briest ( Effi Briest , Alemanha Ocidental, 1974). Direção: Rainer Werner Fassbinder . Rot. Adaptado: Rainer Werner Fassbinder, adaptado do romance de Theodor Fontane. Fotografia: Jürgen Jürges & Dietrich Lohmann. Montagem: Thea  Eymész. Dir. de arte: Kurt Raab. Figurinos: Barbara Braun. Com: Hanna Schygulla, Wolfgang Schenck, Ulli Lommel, Lilo Pempeit, Herbert Steinmetz, Ursula Strätz, Irm Hermann, Karlheinz Böhm, Karl Scheydt, Barbara Lass, Rudolf Lenz, Eva Mattes, Andrea Schober, Theo Tecklenburg. A jovem Effi Briest (Schygulla), aos 17 anos, é recomendada pelos pais para casar com o já maduro e também rico Barão von Instetten (Schenck). Porém, logo o casamento se transforma num fardo para Effi, que passa a viver no campo. Suas limitações culturais a impedem de freqüentar o círculo de seu refinado marido, que viaja a maior parte do tempo. Sentindo-se só e entediada, Effi ainda é atormentada por ruídos que acredita serem do chinês que vivera na casa anteriormente. A prox