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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Canadense

Filme do Dia: Very Nice, Very Nice (1961), Arthur Lipsett

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Very Nice, Very Nice (Canadá, 1961). Direção: Arthur Lipsett. Colagem experimental que pretende refletir sobre o fato da vida ter se transformado bastante nas últimas 3 décadas e, em decorrência disso, até que ponto se viveria em um mundo melhor ou pior. Talvez mais do que o seu mote principal o que mais salte aos olhos de hoje, mais de meio século após, seja a virtuosidade impressionante com o qual agrega imagens em frações de segundos, assim como consegue costurar soluções criativas, mesmo num período – sobretudo alguns anos após – bastante marcado por montagens visuais. Também faz um uso bem interessante de sua banda sonora, sendo nesse sentido uma experimentação completa em termos de audiovisual. Aliás a gênese do filme está associada ao som, pois foi através de colagens sonoras realizadas como hobby pelo realizador que surgiu a ideia do filme. Curiosamente esse curte de estreia do realizador foi indicado ao Oscar da categoria. Kingsley Int./NFB. 7 minutos e 1 segundo.

Filme do Dia: Jutra (2014), Marie-Josee Saint-Pierre

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Jutra (Canadá, 2014). Direção e Rot. Original: Marie-Josee Saint-Pierre. Música: Jim Solkin. Montagem: Oana Suteu. Curta que mescla animação e entrevistas de arquivo com o cineasta quebequense Claude Jutra, discorrendo sobre sua descoberta do cinema aos 9-10 anos, a partir de uma projeção dos pais, da “infância de ouro” (evocada através de filmes amadores em super-8), da chegada na França no momento da explosão da Nouvelle Vague e do contato com Truffaut e Rouch. Da incapacidade de se levar uma carreira regular no Canadá francês e do convite da CBC de Toronto para que realizasse um filme. Da progressiva tristeza e depressão que, após a descoberta de um quadro de Alzheimer precoce,  o levaria ao suicídio, jogando-se na água tal como o personagem de seu Quem Ama, Perdoa (1963). Tudo é contado com uma certa bossa, quase a meio termo entre a glosa pós-moderna e um tributo mais efetivo e menos empostado, felizmente prevalecendo o segundo. Por mais criativo e mesmo provocador do desejo

Filme do Dia: Every Child (1979), Eugene Fedorenko

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Every Child (Canadá, 1979). Direção: Eugene Fedorenko. Rot. Adaptado: Derek Lamb, a partir do conto Les Mimes Electriques , de Bernard Carez & Raymond Pollender. Tocante animação canadense que através de recursos simples, tanto em termos de animação como de desenvolvimento dramático, apresenta a história de um bebê que é renegado por todos os moradores de uma vila de casas até ter seu carrinho acidentalmente parado na moradia improvisada de dois homens, aparentemente artistas mambembes, que se interessam pela criança. Destaque para a família com a qual o desenho segue a maior parte do tempo, cujo cachorro, crescentemente irritado com a falta de atenção que lhe é dispensada, apela dramaticamente para que o casal de idosos se desfaça da criança. De quebra, possui uma moldura, presente ao início e final, que sugere elementos da própria produção, assinalados pelos efeitos sonoros, propositalmente acentuados como efetuados pela própria boca dos animadores, a trilha do filme e o

Filme do Dia: Crac! (1981), Frédérick Back

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Crac! (Canadá, 1981). Direção: Frédérick Back. O que parece ser a história de uma família se trata na verdade da história de uma cadeira que pertenceu a um inspirado pintor e, por ironia, acabará seus dias, muitos anos após, em um museu de arte moderna, aonde se torna sucesso entre as crianças e, no escuro, relembra seus dias de glórias em animadas festas. O mais interessante dessa animação são seus traços simples mas bem definidos e seu expressivo uso de cores compondo um visual semelhante ao dos desenhos com lápis de cores. Entre seus defeitos se encontra em parte alguns momentos de sua trilha sonora que podem soar por demais adocicados ou mesmo pouco apropriados, como a música que acompanha os créditos finais.  Não possui diálogos. Ganhador do Oscar da categoria. Societé-Radio-Canada. 15 minutos.

Filme do Dia: Amores Imaginários (2010), Xavier Dolan

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Amores Imaginários ( Les Amours Imaginaires , Canadá, 2011). Direção, Rot. Original, Montagem e Figurinos: Xavier Dolan. Fotografia: Stéphanie Anne Weber Biron.Com: Monia Chokri, Xavier Dolan, Niels Schneider, Anne Dorval, Anthony Huneault, Patricia Tulasne, Jody Hargreaves, Clara Palardy.         Marie (Chokri) e Francis (Dolan) se apaixonam perdidamente por Nicolas (Schneider) ao mesmo tempo. O resultado é a crianção de diversas expectativas amorosas por parte de ambos, quando Nicolas os convida para saírem ou dormirem a três. Após muito tempo de indecisão e sofrimento revelam sua paixão por Nicolas e recebem não mais que o desinteresse do mesmo. Um ano após, refeitos da frustração, Marie e Francis voltam a se interessar por outro homem atraente em uma festa.        Além de ter que lidar com a expectativa do primeiro filme após sua sobrevalorizada estreia com Eu Matei Minha Mãe , de fato mais interessante, esse filme de Dolan acaba sendo prejudicado por um roteiro que mais ca

Filme do Dia: O Declínio do Império Americano (1986), Denys Arcand

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O Declínio do Império Americano ( Le Déclin de L’Empire Américain , Canadá, 1986). Direção e Rot. Original: Denys Arcand. Fotografia: Guy Dufaux. Música: François Dompierre. Montagem: Monique Fortier. Dir. de arte: Gaudeline Sauriol. Figurinos: Denis Sperdouklis. Com: Dominique Michel, Dorothée Berryman, Louise Portal, Pierre Curzi, Rémy Girard, Yves Jacques, Geneviève Rioux, Daniel Brière, Gabriel Arcand.            Quatro professores universitários de história discutem suas experiências com mulheres em uma casa de campo, enquanto preparam um jantar. Eles são Rémy (Girard), casado mas incorrigível mulherengo, o solteirão Pierre (Curzi), grande amigo seu, mulherengo, mas sem ter família constituída, Claude (Jacques), homossexual que sai a caça quando sente o desejo e Alain (Brière), jovem e inexperiente professor assistente. Enquanto isso, em uma academia de ginástica, as mulheres que são suas convidadas, praticam musculação e falam dos homens. São elas: Dominique (Michel), esposa

Filme do Dia: O Menino da Floresta (2012), Jean-Christophe Dessaint

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O Menino da Floresta ( Le Jour des Corneilles , França/Bélgica/Canadá, 2012). Direção: Jean-Christophe Dessaint. Rot. Adaptado: Amandine Taffin. Música: Simon Leclerc.           França, segunda década do século XX. Clourge torna-se um velho ermitão desde a morte da companheira no parto que nasce seu filho. Ele havia fugido para a floresta para evitar a ira da comunidade por ter se unido com a jovem que morre. Criando o filho sozinho, torna-se um selvagem. Quando a criança se encontra maior, fica curiosa para ultrapassar os limites da floresta.  Após uma primeira tentativa frustrada, ela o faz de fato quando o pai se encontra bastante doente, com a perna quebrada. A comunidade reage negativamente pelo retorno do ermitão. Pai e filho, no entanto, são acolhidos pelo médico local e a criança se torna próxima da filha do médico, Manon. Com a recuperação de Clourge, esse retorna para a floresta. Seu filho, no entanto, encontra-se dividido entre o amor pelo pai e a forma como foi trat

Filme do Dia: As Invasões Bárbaras (2003), Denys Arcand

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As Invasões Bárbaras ( Les Invasions Barbares , Canadá/França, 2003). Direção e Rot. Original: Denys Arcand. Fotografia: Guy Dufaux. Música: Pierre Aviat. Montagem: Isabelle Dedieu. Dir. de arte: François Séguin & Caroline Alder. Cenografia: Patrice Bengle & Annika Krausz. Figurinos: Denis Sperdouklis. Com: Rémy Girard, Stéphane Rousseau, Dorothée Berryman, Louise Portal, Dominique Michel, Yves Jacques, Pierre Curzi, Marie-Josée Croze, Marina Hands.         A mãe de Sébastien (Rousseau), que é um bem sucedido homem, de negócios em Londres, avisa-lhe que seu pai se encontra em situação complicada de saúde em Montreal. Sébastien parte com a esposa de volta ao Canadá e, através do dinheiro, consegue reunir desde os amigos de juventude do pai, como heroína para atenuar a dor sentida por Rémy, transmissão de mensagens via satélite pela Internet da sua irmã, que se encontra de férias e uma visita de cortesia de seus ex-alunos. Consegue, inclusive, aproximar-se afetivamente do pa

Filme do Dia: Fogo e Desejo (1996), Deepa Mehta

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Fogo e Desejo ( Fire , Canadá/Índia, 1996). Direção: Deepa Mehta. Rot. Original: Deepa Mehta. Fotografia: Giles Nuttgens. Música: A.R. Rahman. Montagem: Barry Farrell. Dir. de arte: Aradhana Seth Com: Nandita Das, Shabana Azmi,  Jaaved Jaaffery,  Kulbhushan Kharbanda,  Kushal Rekhi, Ranjit Chowdhry,  Alice Poon.         Em Nova Delhi, Sita (Das), jovem recém-casada, sente-se desconfortável com a indiferença do marido, Jatin (Jaaffery). Dono de uma videolocadora, ele apenas dá atenção a sua amante, a chinesa Julie (Poon), que sonha em ser estrela de cinema em Hong Kong. Após se casarem, ambos ocidentalizados,  passam a viver juntamente com o irmão de Jatin, Ashok (Kharbanda), extremamente religioso, e que fez a escolha por viver fraternalmente com a esposa, Radha (Azmi), formando um casal mais tradicional. Também vivem na casa a matriarca Biji (Rekhi), velha senhora semi-inválida após um derrame, que vela para que os valores tradicionais sejam cumpridos e Mundu (Chowdhry), criado

Filme do Dia: Alter Egos (2004), Laurence Green

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Alter Egos (Canadá, 2004). Direção e Rot. Original: Laurence Green. Fotografia: Jay Ferguson. Montagem: Susan Martin. Documentário que, tendo como base a recente produção da animação Ryan , de Chris Landreth acompanha Ryan Larkin como pedinte em Montreal e Landreth divulgando seu filme em Mônaco ou apresentando de primeira mão seu filme para Larkin. O próprio filme de Landreth é exibido na íntegra nesse momento. Apesar de interessante, não há como não perceber que o filme tampouco deixa de se tornar invasivo com relação a Larkin. Ele próprio admite, ao final, que se encontra nervoso com a realização do filme e mal espera a hora que acabe. No limite, poderia ser questionada sua dimensão ética. Até que ponto o filme, bem mais que a animação de Landreth, não se tornaria voyeuristico e presa da própria trajetória pessoal de Larkin, auxiliado por entrevistas de umas poucas pessoas que conviveram com ele nos tempos áureos, deixando em segundo plano a própria criatividade fenome

Filme do Dia: Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon (2007), J. P. Schaefer

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Capítulo 27 – O Assassinato de John Lennon ( Chapter 27 , EUA/Canadá, 2007). Direção: J.P. Schaefer. Rot. Adaptado: J.P. Schaefer, baseado no livro Let Me Take You Down , de Jack Jones. Fotografia: Tom Richmond. Música: Anthony Marinelli. Montagem: Andrew Hafitz & Jim Makiej. Dir. de arte: Kalina Ivanov & Randall Richards. Cenografia: Amanda Carroll. Figurinos: Ane Crabtree. Com: Jared Leto, Lindsay Lohan, Judah Friedlander, Ursula Abbott, Mark Lindsay Chapman, Lauren Milberger, Mariko Takai, Melissa Demyan. Mark Chapman (Leto) é um fã obsessivo por John Lennon que acabou de chegar do Havaí e faz amizada com uma tiete jovem, Jude (Lohan). Essa decide se afastar dele quando o vê reagir violentamente com um fotógrafo. Após muita insistência ele consegue flagrar uma saída de Lennon (Chapman) e pede seu autográfo. Cada vez mais confuso, acredita ser Holden Caufield, o protagonista de O Apanhador no Campo de Centeio que efetua uma maratona em Nova York que não o leva para

Filme do Dia: How Wings Are Attached to the Backs of Angels (1996), Craig Welch

How Wings are Attached to the Back of Angels (Canadá, 1996). Direção: Craig Welch. Fotografia: Robin L.P. Bain, Brian Duchscherer, Pierre Landry, Linda Pelley & Susan Trow. Música: Normand Roger. O que mais impressiona nesse desenho é menos sua narrativa pouco convencional e destituída de diálogos sobre um cientista louco que possui como obsessão pensar o mecanismo que faz com que existam asas em um anjo ao qual se refere o título do que o traço original, inspirado no design gráfico do final do século XIX e idos do século XX, e a não menos original mescla de técnicas para criar essa pérola do nonsense que não se escusa em tocar em pontos igualmente pouco convencionais no universo da animação como morte e sexo. Mistura stop motion e ação ao vivo a partir da musa que encanta o cientista com técnicas de animação que exemplilficam uma lógica de mecanismos tão meticulosa quanto o próprio cérebro de seu criador, não apenas do universo da ficção como da própria animação.  Esse últi

Filme do Dia: O Vale do Gouffre (1960), René Bonnière

O Vale do Gouffre ( La Rivière du Gouffre, Canadá, 1960). Direção: René Bonnière. Rot. Original: Pierre Perrault. Fotografia: Ken Campbell & Michel Thomas-d’Hoste. Montagem: René Bonnière. Na região do Vale do Gouffre, esse curta apresenta uma espécie de nostalgia precoce a partir do registro de práticas provincianas que se acredita estarem findando com a ascensão da modernidade. Na imagem talve mais representativa se contrapõe uma charrete movida a cavalo que consegue vencer o gelo inclemente do inverno enquanto um possante veículo de rodas dentadas semelhante a um tanque atola. Porém, não se iluda quem pensa que o embate finda a partir dessa contraposição de imagens – a determinado momento, inclusive, os dois meios de transporte e trabalho se encontram no mesmo plano – pois logo a jamanta motorizada se desvencilhará do gelo e subirá declives inimagináveis, como que cravando a sua antecipação enquanto condenação do meio de força a quatro patas. Destaque para a dança e canto tra