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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Francês

Filme do Dia: Crime no Carro Dormitório (1965), Constantin Costa Gavras

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  C rime no Carro Dormitório ( Compartiment Tueurs , França, 1965). Direção Costa-Gavras. Rot. Adaptado Costa-Gavras & Sébastien Japrisot, a partir do romance de Sébastien Japrisot. Fotografia Jean Tournier. Música Michel Magne. Montagem Christian Gaudin. Dir. de arte Rino Mondellini. Com Jacques Perrin, Catherine Allégret, Yves Montand, Simone Signoret, Claude Mann, Pierre Mondy, Michel Piccoli, Jean-Louis Trintignant, Charles Denner, Bernadette Lafont. Crime praticado em um trem, cujo corpo é entrevisto pelo jovem recém-chegado pela primeira vez a Paris, Daniel (Perrin), enlevado pela também jovem e noviça em Paris, Bombat (Allégret), torna-se obsessão dos investigadores Graziani (Montand) e o Comissário Tarquin (Mondy), já que os outros presentes no vagão vão sendo sequencialmente eliminados, ao ponto da dupla Daniel e Bombat se tornarem alvos potenciais do assassino. Em resumo, o protótipo do thriller de Costa-Gavras, com visível inspiração em Hitchcock , embora em um

Filme do Dia: A Madame com Desejos (1907), Alice Guy

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  A   Madame com Desejos  (Madame a des Envies , França, 1907). Direção: Alice Guy. Mulher grávida deseja tudo que encontra pelo caminha e não se escusa em simplesmente roubar o pirulito de uma criança ou o cachimbo de um vendedor.  Apesar do filme ser estruturado em planos abertos o suficiente para enquadrar o corpo inteiro dos atores, ocorre cortes abruptos para planos aproximados da protagonista degustando o que havia surrupiado, o que empresta um interessante senso rítmico à narrativa, acentuado pela igual variação da trilha musical que acompanha essa cópia em questão, como demonstra o quanto a montagem se encontrava distante dos princípios do cinema clássico. O caráter de escracho, mais elaborado e discreto que nas produções britânicas do início do século ou mesmo em produções francesas contemporâneas, encontra-se, por exemplo, na barriga propositalmente mal feita que simula a gravidez da personagem. Guy continuaria sua carreira nos EUA. Pathé Frères. 4 minutos.

Filme do Dia: A Vida Moderna (2008), Raymond Depardon

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  A   Vida Moderna ( Profile Paisans: La Vie Moderne , França, 2008). Direção: Raymond Depardon. Montagem: Simon Jacquet. Documentário no qual Depardon revisita o ambiente e os personagens e provavelmente fecha sua trilogia   - as outras duas produções datam de 2001 e 2005 - sobre camponeses que vivem numa região cada vez mais despovoada da França, aonde as condições geológicas, climáticas e econômicas apenas permitem pouco além da criação artesanal de animais. Pontuado por suaves travellings que registram parte do deslocamento de Depardon para as fazendas dos “personagens”, ele apresenta o gradual desaparecimento de um mundo de práticas sociais cada vez menos presentes, mais pelos depoimentos dos próprios que através de momentos nos quais desenvolvem suas ações, ainda que tampouco essas deixem de se encontrar presentes. Aparentemente, Depardon preferiu montar seu filme seguindo o curso dos meses nos quais visitou a região, o que acaba provocando a curiosidade de talvez o momento ma

Filme do Dia: Onoda - 10 Mil Noites na Selva (2021), Arthur Harari

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  O noda – 10 Mil Noites na Selva ( Onoda, 10 000 Nuits dans la Jungle , França/Japão/Alemanha/Bélgica/Itália/Camboja, 2021). Direção Arthur Harari. Rot. Original Arthur Harari, Vincent Poymiro & Bernard Cendron. Fotografia Tom Harari. Música Sebastiano De Gennaro, Enrico Gabrielli, Olivier Marguerit, Andrea Poggio & Gak Sato. Montagem Laurent Sénéchal. Dir. de arte Brigitte Brassart. Figurinos Catherine Marchand & Patricia Saive. Com Yûya Endô, Kanji Tsuda, Yûya Matsuura, Tetsuya Chiba, Shinsuke Kato, Kai Inowaki, Issei Ogata, Taiga Nakano. Profundamente frustrado por não ter sido engajado como piloto durante a Segunda Guerra, o soldado Hiroo Onoda (Endô quando jovem, Tsuda quando velho) se embrenha na ilha de Lubang,   em meio às selvas filipinas, após se destacar do grupo mais amplo ao qual fazia parte. Quem faz a divisão em dois pelotões é o próprio Onoda, acreditando contar com os mais dispostos e resolutos, por inspiração de uma escola de formação secreta, e so

Filme do Dia: Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan (2023), Martin Bourboulon

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  O s Três Mosqueteiros: D’Artagnan ( Les Trois Mousquetaires: D’Artagnan , França/Alemanha/Espanha/Bélgica, 2023). Direção Martin Bourboulon. Rot. Adaptado Matthieu Delaporte & Alexandre de la Patellière. Fotografia Nicolas Bolduc. Música Guillaume Roussel. Montagem Célia Lafitedupont. Dir. de arte Stéphane Taillason & Patrick Schmitt. Cenografia Philippe Cord’homme. Figurinos Thierry Delettre. Maquiagem e Cabelos Stéphane Robert & Fulvio Pozzobon. Com François Civil, Vincent Cassel, Louis Garrel, Vicky Krieps, Eva Green, Romain Duris, Pio Marmaï, Lyna Khoudri, Jacob Fortune-Lloyd, Eric Ruf, Marc Barbé. 1627. Numa França na qual protestantes, aliados dos ingleses, e católicos vivenciam fortes tensões, D’Artagnan (Civil), jovem da província, vem a ser quase enterrado vivo, quando intervém no sequestro de uma jovem. Ele se apresenta ao Capitão de Tréville (Barbe) com a intenção de se tornar mosqueteiro e consegue ser chamado para duelar com três outros: o veterano

Filme do Dia: Mr. Hublot (2013), Alexandre Espigares & Laurent Witz

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  M r. Hublot (Luxemburgo/França, 2013). Direção: Alexandre Espigares & Laurent Witz. Rot. Original: Laurent Witz. Música: François Rousselot.  Dir. de arte: Pascal Thiebaux. Mr. Hublot é um homem solitário e avesso ao mundo exterior. Observando crescentemente um cão-robô que vive na rua, certo dia ele fica desesperado achando que o cão foi levado pelo caminhão do lixo. Ele o encontra logo após e resolve adotá-lo. O que mal sabe é que ele crescerá bastante. Esse curta de animação consegue um equilíbrio razoável entre a atmosfera futurista apresentada e a persistência de um mundo de sentimentos humanos bastante reconhecível. Assim como de equilibrar nesse universo futurista, objetos perfeitamente comuns ao uso contemporâneo ou até mesmo algo vintage (xícara, tv). Dito isso, se sua fábula inteligentemente acrescenta uma cereja no bolo do que seria uma narrativa um tanto convencional e excessivamente sentimental, algo ainda mais salientado pela canção que faz referência ao person

Filme do Dia: Maître Galip (1964), Maurice Pialat

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  M aître Galip (França, 1964). Direção: Maurice Pialat . Rot. Adaptado: A partir do poema de Nazim Hikmet. Fotografia: Willy Kurant. Ainda mais que em Pehlivan , centrado em tema único, esse curta de Pialat do momento inicial de sua carreira, também ambientado na Turquia, toma as palavras de um poeta como passaporte para olhares menos centrado ou mais dispersos sobre motivos vários. Complementa a poesia um canto tradicional e é da complexa tessitura entre o canto e sua música, a poesia e as imagens da primavera escaldante em Istambul que o curta trafega. Às crianças, entrevistas em meio a multidão em Pehlivian ,  observa-se com peculiar atenção, bem antes mesmo do narrador atentar para uma passagem do poeta que faz referência aos seus cinco anos de idade. Seus rostos miúdos surgem inicialmente valorizados apenas por si próprios. Posteriormente vinculados a passagem dos anos pelo poeta, como referido e aí, quando a idade adulta chega, é a preocupação com o trabalho que se torna pre

Filme do Dia: A Pequena Vendedora de Fósforos (1928), Jean Renoir & Jean Tédesco

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  A  Pequena Vendedora de Fosfóros ( La Petite Marchand d´Allumettes , França, 1928). Direção: Jean Renoir & Jean Tédesco.  Rot. Adaptado: Jean Renoir, baseado  no conto de Hans Christian Andersen. Fotografia: Jean Bachelet. Dir. de arte: Erik Aaes. Com: Catherine Hessling, Manuel Raaby, Jean Storm, Amy Wells. Jovem e pobre vendedora de cigarros (Hessling) sai numa noite de nevasca forte e não consegue vender uma unidade sequer. Atormentada por crianças, acaba buscando refúgio na ilusão de uma vitrine de loja. Sonha com um mundo fantástico de manequins de loja que se movimentam e cavalos que voam e vem a morrer no sono, sendo encontrada na manhã seguinte. Renoir realizou uma poética e inusitada incursão ao universo de Andersen. Um dos detalhes mais interessantes do filme é o fato do mundo “real” do qual surge a jovem costureirinha ser uma evidente maquete em estúdio, sugerindo a fantasia que se esconde por trás do que é descrito como “realidade” no  filme – e, indo um pouco mai

Filme do Dia: Le Tombeau de Kafka (2022), Jean-Claude Rosseau

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  L e Tombeau de Kafka (França, 2022). Direção , Rot. Original , Fotografia e Montagem Jean-Claude Rousseau. Com Jean-Claude Rousseau. Série de planos breves de Rousseau em um apartamento em Praga, intercalados por planos em negro, surgindo e desaparecendo através de cortes secos. Do apartamento (quarto de hotel ou pousada) se observa apenas uma janela – da qual se avista telhados próximos - e mobiliário simples. Eventualmente um tema musical ao piano emerge. Em muitos dos planos nos quais se divisa o pequeno ambiente no qual uma mesa, cadeira, poltrona, aquecedor e um quadro na parede o compõe, Rousseau é visto se deslocando para próximo da câmera e subindo uns degraus antes que o corte seja acionado. Noutros, mais prolongados, visto lendo e folheando um livro. Ao final, dois cervos são observados em meio a uma floresta ou parque, do qual havíamos observado com recorrência um mesmo plano ao longo do curta. E aí observamos no copo de Rousseau a pintura de um cervo e dentro dele a

Filme do Dia: Par le Trou de la Serrure (1901), Ferdinand Zecca

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  P ar le Trou de la Serrure (França, 1901). Direção Ferdinand Zecca. Voyeurismo e cinema são quase sinônimos, seja como metáfora (o ato expectatorial diante de uma obra que não acusa a existência de uma assistência), dispositivo de exibição (sobretudo no caso do quinetoscópio de Edison, observado individualmente) ou enredos mesmo, como é o caso em questão, a simular um homem a observar os arranjos de uma mulher pelo buraco da fechadura. Desnecessário se imaginar o ângulo ideal de observação e a generosidade da fechadura, emulada por uma máscara na imagem. A mulher se maquia, solta o cabelo. Em outro quarto, o homem, um faxineiro de uma provável pensão feminina, observa uma mulher de mais idade que a primeira, tirar um enchimento do corpete (a dimensão erótica está muito associada a estas produções, embora curiosamente na figura da mulher mais velha e não da jovem), os cílios   e tomar sua medicação. Como já se parecia adivinhar, a segunda “mulher” também tira a peruca, demonstrand

Filme do Dia: Lumière e Cia. (1995), Vários

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  L umière e Cia. ( Lumière et Compagnie , França/Espanha/Dinamarca/Suécia, 1995). Direção:  Theo Angelopoulos, Vicente Aranda, John Boorman, Youssef Chahine, Alain Corneau, Costa-Gavras, Raymond Depardon, François Girod, Peter Greenaway, Lasse Hallström, Hugh Hudson, Gaston Kaboré, Abbas Kiarostami , Cédric Kaplisch, Andrei Konchalovskiy, Spike Lee , ClaudeLelouch , Bigas Luna, Sarah Moon, Arthur Penn , Lucian Pintillie, Helma Sanders-Brahms, Jerry Schatzberg, Nadine Trintignant, Fernando Trueba, Liv Ulmann, Jaco Van Dormael, Régis Wargnier, Wim Wenders, Yoshishige Yoshida, Zhang Yimou, Merzak Alluache, Gabriel Axel, Michael Haneke, James Ivory , Patrice Leconte, David Lynch, Ismail Merchant, Claude Miller, Idrissa Ouedraogo, Jacques Rivette.   Fotografia: Didier Ferry, Fréderic Le Clair, Sarah Moon, Sven Nykvist & Philippe Poulet. Música: Jean-Jacques Lemètre & Richard Robbins. Montagem: Roger Ikhlef & Timothy Miller. Dir. de arte: Anne Andreu. Com: Merzak Allouache, Jeff

Filme do Dia: Atirem no Pianista (1960), François Truffaut

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  A tirem no Pianista ( Tirez sur le pianiste , França, 1960). Direção: François Truffaut. Rot. Adaptado: Marcel Moussy &  François Truffaut, baseado no romance Down There , de David Goodis. Fotografia: Raoul Coutard. Música: Georges Delerue. Montagem: Claudine Bouché &  Cécile Decugis. Dir. de arte: Jacques Mély. Com: Charles Aznavour, Nicole Berger, Daniel Boulanger, Serge Davri, Marie Dubois, Claude Heymann, Richard Kanayan, Claude Mansard, Michèle Mercier, Albert Rémy. Charlie Kohler (Aznavour) é o reservado pianista de uma espelunca, onde trabalha Lena (Dubois), que sente-se atraída por ele. Distraído e extremamente tímido este não o percebe, até que o dono do bar, Plyne (Davri) lhe chame a atenção. Kohler é pai de um garoto, Fido (Kanayan), que recebe os cuidados de uma prostituta sua vizinha, Clarisse (Mercier). Porém a personagem vivida por Kohler é desmascarada quando um de seus irmãos gangsters Chico (Rémy), decide buscar o auxílio dele para se livrar de homens que

Filme do Dia: Coração Vadio (1934), Fritz Lang

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  C oração Vadio (França, 1934). Direção: Fritz Lang. Rot. Adaptado: Fritz Lang, Robert Liebmann & Bernard Zimmer (diálogos), baseado na peça de Ferenc Molnár. Fotografia: Rudolph Maté & Louis Née. Música: Franz Waxman. Dir. de arte: René Renoux. Cenografia: Paul Colin. Figurinos: René Hubert. Com: Charles Boyer, Madeleine Ozeray, Florelle, Pierre Alcover, Robert Arnoux, Roland Toutain, Alexandre Rignault, Henri Richard. Liliom Zadowski (Boyer) trabalha em um carrossel, sob o comando de Madame Muskat (Florelle) até o dia em que conheci Julie (Ozeray). Após discutir com Madame Muskat, acaba sendo despedido e indo morar em condições precárias com Julie. Liliom é tentado por Muskat para retornar ao carrossel e aceita o convite, porém depois o rejeita ao saber que Julie se encontra grávida. Tenta então um roubo com Alfred (Alcover), mas é flagrado pela polícia e se suicida. No céu, consegue o induto de voltar a ver sua família após 16 anos de purgatório. Retorna à terra e reencon

Filme do Dia: O Solar Enfeitiçado (1906), Segundo de Chomón

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  O Solar Enfeitiçado ( La Maison Ensorcelée , França, 1906). Direção, Rot. Original e Fotografia: Segundo de Chomón. Numa noite de tempestade, um trio se refugia numa casa abandonada e que logo também demonstra ser assustada. Esse fiapo de argumento conduz ao universo do fantástico, já bastante temporão no momento de sua realização, seja na Europa, seja na América. Eles testemunham de tudo um pouco, roupas que se movem sozinhas, um quadro que se transforma em algo vivo, a casa que chacoalha e neva e fogos que voam pelo ar, assim como talheres e utensílios de café da manhã que servem sozinhos. No momento em que a mesa é servida por si só, nossos heróis desistem de lutar contra os feitiços e procuram tirar partido dele, porém logo situações menos cômodas se seguirão. Torna-se interessante, retrospectivamente, por sua observação de como o fantástico logo se torna “domesticado” por quem o testemunha, numa referência que bem caberia ao próprio espectador, assim como por trazer uma referê

Filme do Dia: Le Frotteur (1907), Louis Feuillade & Alice Guy

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  L e Frotteur (França, 1907). Direção: Louis Feuillade & Alice Guy. No mais puro espírito anárquico do primeiro cinema, este filme, tido por alguns como dirigido por Alice Guy, apresenta um faxineiro estabanado que faz um buraco no apartamento que limpa que provocará  uma sucessão de quedas de destroços e, posteriormente, gente nos andares inferiores. Caso tenha sido efetivamente dirigido por Guy, diverge bastante do estilo de outros filmes dirigidos por ela no mesmo período.|Société des Etablissements L. Gaumont. 3 minutos e 36 segundos.

Filme do Dia: O Frango (1963), Claude Berri

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  O   Frango ( Le Poulet , França, 1963). Direção: Claude Berri. Rot. Original: Charles Nastat. Fotografia: Ghislain Cloquet. Música: René Utreger. Montagem:  Sophie Coussein. Com: Jacques Marrain, Viviane Bourdonneux, Martin Serre. Casal (Marrain e Bourdenneux) vive feliz com seu filho pequeno (Serre). Certo dia vão a granja de conhecidos e de lá trazem um frango. O filho se afeiçoa do animal e, temendo sua morte iminente, começa a pôr ovos próximo dele, para que seja confundido com um galinha e não possua o fim esperado pelos pais. Certo dia, no entanto, o frango começa a cantar de manhã cedo. Singelo curta dirigido por um Berri que também produziu filmes em que a infância era retratada de forma bem menos rósea (tal como A Infância Nua , de Pialat ), em que o retrato da província, as modestas posses de seus personagens, acrescido a papéis vividos por amadores – o pai é o único profissional – a fotografia em p&b de Cloquet e a música sutilmente jocosa de sua trilha sonora, ass

Filme do Dia: Jeux des Reflets et de la Vitesse (1925), Henri Chomette

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    J e ux des Reflets et de la Vitesse (França, 1925). Direção e Rot. Original Henri Chomette. Inicialmente observa-se superfícies de vidro rodopiando em efeito caleidoscópico e quase próximo da abstração. Depois tem-se um trem se aproximando de Paris, em velocidade supersônica (provocada pelo efeito de montagem acelerada). A partir de um determinado momento, passa-se para as águas e um barco em velocidade similar, que se aproxima da Cidade-Luz, beira a Catedral de Notre-Dame e passa por baixo de várias de suas pontes. Quando ocorre de passar por uma que passa um trem, voltamos a perspectiva férrea. Mais próximo do final há um efeito de sobreposição de imagens (algumas vezes duplicada) e também de ângulos exóticos ou invertidos. Brincadeira que se iniciará com o trem sobre os trilhos e logo passará a motivos como a Torre Eiffel, que vemos virar de ponta cabeça. As imagens de veículos ferroviários observados de baixo de ângulos incomuns, assim como os próprios efeitos de sobreposiç

Filme do Dia: A Vida e Paixão de Jesus Cristo (1905), Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet

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  A   Vida e Paixão de Jesus Cristo ( La Vie et la Passion de Jésus Christ , França, 1905). Direção: Ferdinand Zecca & Lucien Nonguet. Com: Madame Moreau, Monsieur Moreau. Esse filme do célebre realizador Zecca consiste na ampliação de uma realização sua de três anos antes e é tido como o filme mais longo que sobreviveu desse período. De fato, sua duração inusitada para os padrões da época, quando a maior parte dos filmes não ia além dos 5 minutos é digna de nota. Zecca, que não introduz nenhum cartela representando diálogo, dispõe antes das passagens mais célebres e visualmente chamativas da trajetória de Jesus. Assim, revive-se desde o seu nascimento até sua trágica morte, passando pela fuga do Egito e uma representação quase inédita de cenas de sua infância, trabalhando com os pais ou pregando junto aos homens mais velhos, assim como passagens famosas de sua vida adulta. Entre essas últimas o encontro com Maria Madalena, a ressureição de Lázaro, o seu caminhar sobre as ondas d

Filme do Dia: Viagem Através do Cinema Francês (2016), Bertrand Tavernier

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  V iagem Através do Cinema Francês ( Voyage à Travers le Cinéma Français , França, 2016). Direção e Rot. Original: Bertrand Tavernier. Fotografia: Jérôme Alméras, Simon Beaufils & Julien Pamart. Música: Bruno Coulais. Montagem: Marie Deroudille & Guy Lecorne. Nem de longe possuindo a mesma vivacidade de seu modelo – Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano com Martin Scorsese , realizado no “centenário” do cinema – e mesmo excluindo o “pessoal” do seu título, é evidente que essa também é uma história pessoal, inclusive com bem mais inserções de Tavernier que as de seu colega norte-americano e, mais importante que isso, com um escopo de filmes que acompanha sua trajetória de cinéfilo, portanto deixando de fora o Primeiro Cinema e o cinema mudo em geral (sendo esse contemplado parcialmente na obra em que são compiladas dezenas de filmes de Lumière comentados com espirituosidade pelo realizador); talvez seja essa espirituosidade que falte um pouco aos comentários de Tavernier q

Filme do Dia: Le Voyage de la Familie Bourrichon (1913), George & Gaston Méliès

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  L e Voyage de la Famille Bourrichon (França, 1913). Direção: George & Gaston Méliès. Rot. Adaptado: a partir da comédia de music hall de Eugène Labiche. A família Bourrichon decide viajar para ver se consegue fugir do assédio dos credores. Porém, mesmo no trem ou até na casa de seus parentes não terão descanso. E quando, após muitas peripécias, decidem retornar para casa, a encontram cheia de móveis que ganharam vida própria. Embora a comédia nunca tenha sido o forte de Méliès e sua recusa a tornar a fazer uso dos planos mais aproximados, remeta a um sistema francamente em desuso na época de sua produção, deve-se ter em conta que um dos elementos que talvez foi mais justamente celebrada na obra do realizador, a magia que emana de sua cenografia, é mais do que bem explorada nesse filme, onde boa parte da ação evoca o que seria o interior de um vagão de trem, e boa parte dele, exatamente nesse mesmo momento, lembra um pouco um flicker film dos anos 60, dada ao fato da cópia se