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Filme do Dia: Edward Hopper (2006), Gavin Lawson

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E dward Hopper (EUA, 2006). Direção: Gavin Lawson. Através de uma comedida narração in off (do próprio realizador?) se tem acesso a um pouco do universo do grande pintor norte-americano que dá título a esse curta-metragem. Pena que Lawson poucas vezes vá além da mera exibição de um quadro, passeando dentro dele e observando certos detalhes. As únicas cenas que não são das obras do artista são planos, por vezes longos, como o recorrente plano dos raios de sol em meio a árvores, enfatizando a importância da iluminação e do jogo de contrastes na obra de Hopper. Uma decisão acertada foi a opção de não ter utilizado material iconográfico diretamente biográfico como fotografias ou cartas, fugindo de uma tendência mais tradicional de documentarismo e preservando um certo tom intimista e subjetivo na sua aproximação com o artista. 10 minutos e 17 segundos.  

O Dicionário Biográfico de Cinema#230: Gabriel Byrne

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  Gabriel Byrne (Dublin, Irlanda), n. 1950. D e alguma maneira, sempre tenho vontade de estender a mão e fazer cócegas no Gabriel Byrne. Eu acho que por conta de sua aura incomum de melancolia e tristeza parece tão completa, que provavelmente mascara um provocador ou um brincalhão. Mas, aparentando o que aparenta, como é sempre elencado em comédias, particularmente quando os filmes se inclinam tão naturalmente em direção a padres arruinados, gangsters morosos e terroristas depressivos? E, verdade seja dita, fez um cara-de-pau impassível cuja rotina é a da vida curta tão soberbamente em Miller's Crossing  [ Ajuste Final ] (90, Joel e Ethan Coen), que pode até mesmo rir algumas vezes. Este não apenas é seu melhor filme, como uma das melhores interpretações do cinema americano - a completa rotina melancólica. E demasiada tristeza enfraqueceria você. Sou também tentado pela lenda que seu olhar estóico e azedo se firmou após The Usual Suspects  [ Os Suspeitos ], no qual foi levado a acr

Filme do Dia: Mais Forte Que Bombas (2015), Joachim Trier

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  M ais Forte Que Bombas ( Louder than Bombs , Noruega/França/Dinamarca, 2015). Direção: Joachim Trier. Rot. Original: Joachim Trier & Eskil Vogt. Fotografia: Jakob Ihre. Música:  Olivier Bugge Cotté. Dir. de arte: Molly Hughes & Gonzalo Cordoba. Cenografia: Michelle Schluter-Ford. Figurinos: Emma Potter. Com: Gabriel Byrne , Isabelle Huppert, Jesse Eisenberg, Devin Druid, Megan Ketch, Amy Ryan, David Strathairn, Ruby Jerins. Viúvo da famosa fotógrafa de guerra Isabelle (Huppert), Gene (Byrne), tem que lidar com a iminente reportagem a sair no New York Times a respeito da causa verdadeira da morte da esposa, suicídio. Algo que o filho mais velho, Jonah (Eisenberg), recém-contratado professor de sociologia já sabe, mas que o mais novo e passando por momentos emocionais mais conflituosos, Conrad (Druid), não. Além de que a matéria foi escrita pelo amante ocasional de Isabelle, Richard (Strathairn), com quem Gene mantém uma relação nos limites da cordialidade. Primoroso não apenas

Diretoras de Cinema#13: Babette Mangolte

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  MANGOLTE, Babette (1941-). França/EUA. Nascida na França, Babette Mangolte é uma realizadora independente americana e também renomada cinegrafista. Enquanto diretora de fotografia, Mangolte filmou muitos clássicos filmes feministas, incluindo Jeanne Dielman  (1974), e News from Home  (1976), de Chantal Akerman, Film About a Woman Who ...(1974) de Yvonne Rainer, e The Gold Diggers  [ À Procura do Ouro ] (1983). Mangolte também dirigiu quatro filmes: What Maisie Knew , The Camera: Je or La Camera: I (1977), The Cold Eye   (My Darling, Be Careful) (1980) e The Sky on Location  (1982). Mangolte é uma realizadora cinegrafista. Sua obra modifica os procedimentos cinematográficos padrões. Ela frequentemente joga com estratégias formalistas e minimalistas. O que não é surpreendente já que Mangolte trabalhou com Michael Snow e  Chantal Akerman, ambos formalistas em estilo. What Maisie Knew  tem mais em comum com o filme de Akerman, no entanto, que com Michael Snow. A estrutura do filme, uma a

Filme do Dia: Como Nasceu o Primeiro Carro Brasileiro (1962)

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  C omo Nasceu o Primeiro Carro Brasileiro (Brasil, 1962) Nesse documentário curto produzido por Jean Manzon se acompanha, de forma sintética, os dois anos de preparação para o lançamento do primeiro automóvel brasileiro, um Aero Willis, fabricado pela Jeep. Ao modo dinâmico de narrar, em que à montagem dos vários processos se acrescenta uma inconfundível voz masculina que fala em primeira pessoa, como se fosse o próprio carro, dos seus primeiros desenhos até o acabamento final e sua exibição “triunfante” em uma feira automobolística parisiense, não apresentada pela produção. E também doses de um exaltado nacionalismo ufano, pródigo de um produtor que sempre soube ir onde o dinheiro se encontrava, sejam nos grandes industriais ou nos governos no poder – Manzon seria um dos maiores decantadores dos tempos de Milagre Brasileiro, já antecipados aqui, como no plano aéreo final que apresenta os arranha-céus de São Paulo, imagem considerada mais imponente que a fábrica em São Bernardo do C

Filme do Dia: Sharey Chuattar (1953), Nirmal Dey

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  S harey Chuattar (Índia, 1953). Direção: Nirmal Dey. Rot. Original: Nirmal Dey, a partir do argumento de Bijon Bhattacharya. Fotografia: Amal Das & Nirmal Dey. Música: Kalipada Sen. Montagem: Kali Raha. Dir. de arte: Satyen Roychoudhury. Cenografia: Sudhir Khan. Com: Tulsi Chakraborty, Molina Devi, Suchitra Sen, Uttam Kumar, Bhanu Bannerjee, Dhananjoy Bhattacharya, Nabadwip Halder, Haridhan Mukherjee O dono de um internato em Annapurna, Rajanibabu (Chakraborty) observa a confusão que passa a ocorrer quando uma garota, Romola (Sen), passa a morar no mesmo. Despertando todos os olhares masculinos para ela, Romola se apaixona por Rampriti (Kumar) e os outros jovens interceptam uma carta de amor dela para ele, carta que finda por parar no bolso de Rajanibabu sendo, por sua vez, capturado pela mulher do mesmo (Devi). Demasiado centrado em códigos específicos do que seria humor em sua época e país, esse filme, provavelmente ainda mais que as chanchadas brasileiras, com as quais pod

Filme do Dia: The Dream (1911), Thomas H. Ince & George Loane Tucker

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  T he Dream (EUA, 1911). Direção: Thomas H. Ince & George Loane Tucker.  Rot. Original: Herbert Brenon. Com: Mary Pickford, Owen Moore, William Robert Daly, Charles Arling. Marido (Moore) leva uma vida descompromissada de solteiro, divertindo-se com amantes e bebida e destratando sua dedicada mulher (Pickford), ao chegar em casa. Depois de tombar no sofá, acaba sonhando que sua mulher, cansada do descaso, ajuda a desarrumar a casa e sai com o amante, pouco se importando com ele. Ele a segue desesperado e a flagra jantando com amante, mas o casal o ignora completamente. Arrasado, atira contra o próprio peito ao chegar em casa e acorda do sonho. Porém, esse pareceu tão real, que ele estranha ao encontrar a mulher submissa como habitual e passa a tratá-la de forma atenciosa. Embora Ince ocasionalmente tenha uso ainda mais piegas das relações sentimentais entre seus personagens do que o próprio Griffith (em filmes como Granddad ), aqui parece consientemente ironizar a abordagem mo