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O Dicionário Biográfico do Cinema#31: Jack Hawkins

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Jack Hawkins (1910-1973). n. Londres O lábio superior rígido e trêmulo de Hawkins - esforço grotesco entre o emocionalismo e o rigor mortis  - é evocativo dos filmes de guerra britânicos dos anos 50. Produções como Angels One Five (51, George More O'Ferrell), The Cruel Sea [ Mar Cruel ] (53, Charles Frend) e The Malta Story [ Heróis de Malta ] (53, Brian Desmond Hurst), que o firmaram como figura central ao mito britânico do determinado fossilizado em face da guerra. Hawkins sempre me surpreendeu como ator bastante opressivo, mais interessante quando ressentido ou truculento. De fato, poderia se tornar desagradável se fosse encorajado. Existem, no entanto, um punhado de filmes nos quais sua hostilidade é bem impressionante e assustadora: State Secret [ Segredo de Estado ] (50, Sidney Gilliat); The Prisioner  [ Prisioneiro do Remorso ] (55, Peter Glenville); e Rampage  [ Maldita Aventura ] (63, Phil Karlson). Quando jovem, surgiu no teatro inglês e por volta de 1930 entrou no

Filme do Dia: Rabbit Every Monday (1951), Friz Freleng

Rabbit Every Monday (EUA, 1951). Direção: Friz Freleng.  Música: Carl W. Stelling. Há uma verve de se fazer piadas metanarrativas nessa animação na qual Eufrasino tenta sem sucesso fazer um assado de coelho as custas de Pernalonga que vai além da média habitual da série, por si só já elevada, e que talvez seja o maior charme da mesma.  Já de início Eufrasino brinca com a própria platéia do cinema quando um homem se levanta e sua sombra se projeta sobre a tela, ameaçando-o com seu inseparável bacamarte, estendendo depois a ameaça a todos os espectadores da sala de cinema. Já próximo de seu final é a vez de Pernalonga soltar uma pérola, após aparentemente enganar Eufrasino prometendo uma festa animada dentro do fogão e se sentir penalizado em ter que ligar o fogão, dizendo para ele que na verdade se tratava “somente de uma  gag ”. Por fim, contradizendo a preocupação paternalista de Pernalonga, Eufrasino acaba lhe mostrando que de fato existe uma festa bem animada, sendo inserida um

Cine de America del Sur#2: Orlando Senna

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Senna, Orlando  (n. 1940). Diretor e roteirista do cinema brasileiro, essencialmente um documentarista, nascido em 1940, cuja iniciação no cinema brasileiro é associada com o Ciclo Baiano dos primórdios do Cinema Novo (curtas: Festa , 1961; Imagem da Terra e do Povo , 1962; etc.) Roteirista de filmes destacados ( O Rei da Noite de Hector Babenco, Coronel Delmiro Gouveia , de Sarno; etc.) passou ao longa-metragem em 1969 com A Construção da Morte , associando-se criativamente com Jorge Bodanzky nos anos 60. Filmografia: A Construção da Morte  (69); Iracema (co-dirigido com Bodanzky) (75); Gitirana (co-dirigido com Bodanzky) (76); Diamante Bruto  (77) Texto: Plazaola, Luis Trelles. South American Cinema: Dictionary of Film Makers . Porto Rico: Editorial de la Universidad de Puerto Rico, 1989, pp. 190.

Filme do Dia: Panoramic View of the Morecambe Sea Front (1901), ?

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P anoramic View of the Morecambe Sea Front (Reino Unido, 1901). Nesse panorama da faixa litorânea urbana a câmera desliza suave pelos trilhos de um bonde registrando boa parte da sociedade local que devidamente a esperava. Aqui se percebe menos a espontaneidade, mesmo que orientada, com que os grupos eram descritos habitualmente nos filmes de Lumière que o retorno do olhar a essa câmera que prescuta. Ainda assim, e talvez por isso mesmo, o filme possui uma curiosa aproximação com o filme ficcional, sejam os travellings descritivos de Fellini ou o passeio pelo tempo de Sokurov ( Arca Russa ). Dimensão poética que fica ainda mais acentuada pelo insistente desejo de uma criança de se ver registrada ao longo de boa parte do percurso. Mitchell & Kenyon. 2 minutos e 38 segundos.

Filme do Dia: Homesteader Droopy (1954), Tex Avery

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H omsteader Droopy (EUA, 1954). Direção: Tex Avery. Rot. Original: Heck Allen. Música: Scott Bradley. Essa sátira de um dos motivos centrais do western, a saga dos pioneiros, é observada ao estilo de Avery, talvez um pouco mais domesticado que em seus tempos áureos, junto a Warner. Aqui, Droopy foge dos ataques indígenas, porém a determinado momento os índios ao invés de apenas circularem o comboio de carroças, a partir de uma única, com Droopy, sua esposa e um filho que não faz outra coisa que demandar leite, eles acabam se divertindo em um carrossel. São gags inesperadas como essa ou o ajuntamento de terras a partir do laço do herói ao atravessar o rio que tornam esse curta com a marca registrada do realizador, ainda que seu protagonista esteja longe do carisma de um Pernalonga. No final a previsível vitória do bebê diante do vilão, que se torna uma donzela a tirar o leite da vaca ao final. MGM. 7 minutos e 30 segundos.

Filme do Dia: Angústia de uma Alma (1950), Antony Darnborough & Terence Fisher

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A ngústia de uma Alma ( So Long at the Fair , Reino Unido, 1950). Direção: Antony Darnborough & Terence Fisher . Rot. Original: Hugh Mills & Anthony Thorne. Fotografia: Reginald H. Wyer. Música: Benjamin Frankel. Montagem: Gordon Hales. Dir. de arte: Cedric Dawe & George Provis. Figurinos: Elizabeth Haffenden. Com: Jean Simmons, Dirk Bogarde, David Tomlinson, Marcel Poncin, Cathleen Nesbitt, Honor Blackman, Betty Warren, Zena Marshall. A britânica Vicky Barton (Simmons) viaja com o irmão Johnny (Thomlinson) para uma Paris efervescente com a iminente inauguração da Exposição Universal de 1900. Logo, no entanto, ela não mais encontra o irmão e tampouco qualquer pessoa no hotel que o alegue ter visto, incluindo a dona do estabelecimento, Madame Hevé (Nesbitt). Porém, o galanteador George Hathaway (Bogarde), interessado nela,  após Vicky já se encontrar quase sem esperanças, havia trocado palavras com seu irmão e se engaja na luta para descobrirem a verdade. O fato de

Filme do Dia: Terra da Fartura (2004), Wim Wenders

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T erra da Fartura ( Land of Plenty , EUA, 2004). Direção: Wim Wenders. Rot. Original: Micheal Meredith & Wim Wenders, sob o argumento de Wenders & Scott Derrickson. Fotografia: Franz Lustig. Música: Nackt. Montagem: Moritz Laube. Dir. de arte: Nathan Amondson, William Budge & Nicole Lobart. Cenografia: Dominique Navarro. Figurinos: Alexis Scott. Com: Michelle Williams, John Diehl, Shaun Toub, Wendell Pierce, Richard Edson, Burt Young, Yuri Elvin, Jeris Poindexter, Ronda Stubbins White, Bernard White, Gloria Stuart. Lana (Williams) é uma jovem americana que cresceu na África e Oriente Médio, retornando aos Estados Unidos no aniversário de dois anos dos atentados terroristas de 11/09. Paul (Diehl), seu tio,  única referencia de família após a morte da mãe, é um paranoico veterano da Guerra do Vietnã que vive seguindo árabes com uma araponga ambulante improvisada. Um dos suspeitos que espiona, que frequenta a associação caritativa em que a sobrinha trabalha, é assassina