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Mostrando postagens com o rótulo Cinema Africano

Filme do Dia: Guelwaar (1992), Ousmane Sembene

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G uelwaar (Senegal/França/Alemanha/EUA, 1992). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Dominique Gentil. Música: Baaba Maal. Montagem: Marie-Aimée Debril. Com: Mame Ndoubé Diop, Ndiawar Diop, Lamine Mane, Babacar Mbaye, Omar Seck,  Papa Momar Mbaye, Thierno Ndiaye Doss, Myriam Niang. Guelwaar (Doss), nome pelo qual ficou conhecido o ativista político Pierre Henri Thioune,   de fé cristã, assassinado por explicitar todo o conluio entre lideranças locais e a ajuda internacional para manter a população miserável na dependência, é enterrado equivocadamente em um cemitério muçulmano. Seu filho, Barthelemy (Ndiawar Diop), que se considera cidadão francês e reclama de tudo e de todos, sobretudo com o policial Gora (Seck), vai até a aldeia muçulmana onde o corpo foi enterrado. Enquanto isso, sua mãe   (Ndoubé Diop) chora as dores da perda do marido, assim como do sofrimento que ele lhe causou não poucas vezes, maldizendo igualmente seu filho aleijado e sua filha prostitut

Filme do Dia: Finye (1982), Souleymane Cissé

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F inye (Mali/França, 1982). Direção e Rot. Original: Souleymane Cissé. Fotografia: Étienne Carton de Grammond. Montagem: Andrée Daventure. Com: Fousseyni Sissoko, Goundo Guissé, Balla Moussa Keita, Ismaila Sar, Omou Diarra, Ismaila Cissé, Massitan Ballo, Diounconda Cone. Batrou (Guissé) é a insatisfeita filha do coronel   Sangaré (Keita), que comanda com mão de ferro a região e, dentro de casa, suas três esposas. Ele não consegue, no entanto, deter o envolvimento de sua filha com Bah (Sissoko), rapaz de má reputação por usar drogas e não ter passado no vestibular e com o movimento que pretende depô-lo do poder local. Quando uma tentativa de organização de greve na universidade é desbaratada, Bah é preso com outros ativistas e Batrou se entrega voluntariamente. Ele é enviado para um campo de trabalhos forçados. Seu avô (Sarr) enfrenta o poder local personificado em Sangaré, clamando pela soltura de seu neto e único herdeiro. Cissé mistura ativismo com misticismo. Ainda que o p

Filme do Dia: Desobediência (2003), Licínio Azevedo

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D esobediência (Moçambique/Portugal, 2003). Direção e Rot. Original: Licínio Azevedo. Fotografia: João Costa & Antonio Forjaz. Música: João Carlos Schwalbach. Montagem: Orlando Mesquita. Com: Rosa Castigo, Tomás Sodzai, Zaira Castigo,  Isabel José, Eliasse Sodzai, Linda Sodzai, Nevas Sodzai, Augusta Castigo. Rosa Castigo (Castigo) vive uma relação conturbado com o marido Zacharias Sodzai (Tomás Sodzai), abusivo, alcóolatra e que não apenas não tem trabalhado como a atrapalha no trabalho e nos afazeres domésticos. Para surpresa de Rosa, Zacharias, que no dia havia impedido as crianças de irem para a escola e mandado trabalharem na roça, suicida-se. A partir de então, a família Sodzai, sobretudo na figura de seu irmão gêmeo, Tomás (Tomás Sodzai), não deixará mais Rosa em paz, acusando-a de se encontrar enfeitiçada e ter sido a responsável pela morte do marido. Sem ajudar aos filhos e roubando objetos da casa de Rosa e a intimidando. Após muitos desentendimentos, todos acat

Filme do Dia: Virgem Margarida (2012), Licínio Azevedo

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V irgem Margarida (Moçambique/França/Portugal, 2012). Direção: Licínio Azevedo. Rot. Original: Jacques Akchoti & Licínio Azevedo. Fotografia: Mário Masini. Música: Moreira Chonguiça. Montagem: Nadia Ben Rachid. Dir. de arte: José Vian. Com: Iva Mugalela, Hermelinda Cimela, Sumeia Maculuva, Rosa Mário, Victor Gonçalves, Eliott Alex, Tomásia, Odília Cossa, Ilda Gonzales, Ana Maria Albino. Maputo, 1975. Grupo de prostitutas e outras mulheres que se encontravam no ambiente de um clube noturno e arredores são arrastadas pelo Exército e levadas a uma região deserta de floresta sem nenhuma explicação. Dentre elas se encontra Suzana (Mário), mãe de dois filhos, que não tem ocasião para se despedir dos mesmos e trabalha como cantora na boate. Rosa (Mugalela), a mais atrevida e desbocada de todas e a tímida Margarida (Maculuva), que sempre afirmara sua virgindade, e que estava pronta para se casar com um homem que só vira duas vezes por acordo familiar. Sua virgindade é motivo de

Filme do Dia: Hienas (1992), Djibril Diop Mambéty

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H ienas ( Hiènes , Senegal, 1992). Direção: Djibril Diop Mambéty. Rot. Adaptado: Djibril Diop Mambéty, a partir da peça de Friedrich Dürrenmatt. Fotografia:   Matthias Kälin. Música: Wasis Diop. Montagem: Loredana Cristelli. Figurinos: Oumou Sy. Com: Mansour Diouf, Ami Diakhate, Djibril Diop Mambéty,   Calgou Fall, Faly Gueye, Mamadou Mahourédia Gueye, Issa Ramagelissa   Samb. Numa comunidade que outrora fora próspera mas agora passa por várias dificuldades, o retorno de uma mulher lá nascida, agora milionária, Madame Drameh (Gueye) suscita o interesse de todos. Ela promete várias dezenas de milhões para a comunidade caso eles deem um fim a um amor de sua juventude, que também provocou uma desgraça em sua vida, Draaman (Diouf), ao difama-la injustamente perante à comunidade, o que a fez partir. Aos poucos, a comunidade, inicialmente reticente a proposta de Drameh, por considerá-la injusta, cede aos encantos das facilidades de consumo que são trazidas com ela, como os automóvei

Filme do Dia: Sonhos de Poeira (2006), Laurent Salgues

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S onhos de Poeira ( Rêves de Poussière , França/Canadá/Burkina Faso, 2006). Direção e Rot. Original: Laurent Salgues.   Fotografia: Crystel Fournier. Música: Jean Massicotte & Mathieu Vanasse. Montagem: Annie Jean. Dir. de arte: Bill Mamadou Traoré. Figurinos: Martine Somé. Com: Makena Diop, Adama Ouédraogo, Rasmané Ouédraogo, Souleymane Souré,   Fatou Tall-Salgues, Joseph B.Tapsoba.   Mocktar (Diop), imigrante nigeriano que vai buscar trabalho nas minas no nordeste de Burkina Faso se depara com uma realidade brutal, em que a morte por asfixia ocorre com regularidade. Mocktar sente atração pela bela e jovem Coumba (Tall-Salgues) e retorna a mina, mesmo contra a indicação de todos, e ajuda a salvar Thiam (Ouédraogo) da morte. Encontrando uma pepita, que é dividida com o restante da equipe, mas sobretudo com o líder, Mocktar sela o caminho para, com a partida do líder, Thiam se torne o novo líder. Ele auxilia a que Coumba tenha dinheiro o suficiente para ir embora com sua fi

Filme do Dia: Jom (1982), Ababacar Samb-Makharan

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J om (Senegal/Al. Ocidental, 1982). Ababacar Samb-Makharan. Com: Abou Camara, Lamine Amadou Camara, Fatou Fall, Omar Gueye, Zator Sarr, Omar Cek. Um menestrel cataliza todos os anseios de seu povo, reproduzindo e ao mesmo tempo fazendo parte de uma linha imemorial de homens que possuíam em comum o sentido de Jom, de dignidade humana diante das adversidades. No passado, o confronto com os colonos belgas e seus aliados de outras tribos senegaleses. No presente, a exploração do emprego doméstico por uma elite de pouca ou nenhuma preocupação social e a tentativa de suborno e cooptação de empregados de uma indústria cujo proprietário age de forma truculenta e ditatorial. Samb-Makharan vai direto ao ponto. Através de seu protagonista consegue unificar o passado e o presente de exploração sem cair numa dimensão nacional-chauvinista, já que tanto no passado não se deixa de omitir as cisões internas e a utilização de mão de obra escrava de determinadas tribos sobre outras quanto – e

Filme do Dia: Timbuktu (2014), Abderrahmane Sissako

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Timbuktu (França/Mauritânia, 2014). Direção: Abderrahmane Sissako. Rot. Original: Abderrahmane Sissako & Kessen Tall. Fotografia: Sofian El Fani. Música: Amin Bouhafa. Montagem: Nadia Ben Rachid. Dir. de arte: Sebastian Birchler. Com: Ibrahim Ahmed, Toulou Kiki, Layla Walet Mohamed, Abel Jefri, Mehdi A.G. Mohamed, Hichem Yacoubi, Kettly Noël, Fatoumata Diawara. Grupo de jihadistas islâmicos perturba os hábitos de uma pequena comunidade que vive na região de Timbuktu. Dentre os incomodados se encontram Kidane (Ahmed) e sua esposa, Satima (Kiki). Ele é caçador e seu maior amor é pela família, que inclui ainda a menina Toya (Walet Mohamed). Como no caso de outras mulheres, Abdelkerim (Jefri) ocasionalmente visita a tenda de Kidane quando esse se encontra fora, advertindo sua mulher para usar o véu sem sucesso. Na cidade flagram um grupo executando músicas, o que é proibido, sendo que a cantora (Diawara) e seu parceiro são executados de forma bárbara após julgamento sumário. 

Filme do Dia: Moolaadé (2004), Ousmane Sembene

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Moolaadé (Senegal/França/Burkina Faso/Camarões/Marrocos/Tunísia, 2004). Direção e Rot. Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Dominique Gentil. Música: Boncana Naiga. Montagem: Abdellatif Raïss. Dir. de arte: Joseph Kpobly. Com: Fatoumata Coulibaly, Maimouna Hélène Diarra, Salimata Traoré, Dominique Zeïda, Mah Compaoré, Aminata Dão, Stéphanie Nikiema, Mamissa Sanogo. Num vilarejo muçulmano senagelês regido pela tradição e pela força do patriarcalismo, a ousada Collé (Coulibaly) consegue dividir a comunidade, com sua acolhida a quatro meninas que iam ser “purificadas” numa cerimônia de castração, algo que já havia suscitado quando decidira que sua filha adolescente, Amasatou (Traoré) não seria castrada. Ainda que Amasatou tenha sido prometida ao bem sucedido membro da comunidade recém-chegado de Paris, o casamento é proibido por seu pai, por conta da garota não ser purificada. Para refugiar as meninas, Collé invoca a Moolaadé, rito sagrado que impede as sacerdotisas de entrarem em

Filme do Dia: Ceddo (1977), Ousmane Sembene

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Ceddo (Senegal, 1977). Direção e Rot.Original: Ousmane Sembene. Fotografia: Georges Caristan. Música: Manu Dibango. Montagem: Florence Eymon. Com: Tabata Ndiaye, Moustapha Yade, Ismaila Diagne, Matoura Dia, Omar Gueye, Mamadou Dioumé, Makhouredia Gouye, Nar Modou, Ousmane Camara.          O rei dos Ceddo (Dia) faz um pacto com os muçulmanos, para o desagrado de boa parte de seus súditos, que sequestram  sua filha, a Princesa Dior (Ndiaye). Alguns pretendentes ao trono tentam libertar a princesa e são mortos. Enquanto isso, o Imã (Gueye) converte toda a tribo ao islamismo, batizando-os com nomes islâmicos, após aparentemente ter assassinado o rei. Algumas lideranças vão atrás de Dior, e essa retorna a aldeia assassinando o Imã, na frente de todos.         Sembene, pioneiro do cinema africano, investe em uma dramaturgia de contornos quase épico-teatrais, em que a fala ganha sempre uma dimensão que ultrapassa a individual, e os silêncios, por vezes de vários minutos (os primei