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O Mestre Perguntador morre desencantado com o jornalismo

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Por Luiz Cláudio Cunha O jornalismo brasileiro ficou mais obtuso, medíocre, raso, frio, casmurro e sem respostas nesta segunda-feira, 22 do agosto sempre aziago. Perdemos o Geneton. Geneton Moraes Neto morreu no Rio de Janeiro aos 60 anos, vencido pelas complicações de um aneurisma na aorta sofrido três meses antes. Na autoapresentação de seu blog, criado em 2004, ele já avisava: “Nasci numa sexta-feira 13, num beco sem saída, numa cidade pobre da América do Sul: Recife. Tinha tudo para fracassar. Fracassei”. Bela mentira. Em quatro décadas de jornalismo, o Geneton do beco e da sexta-feira 13 tornou-se, para sorte de todos nós, um exemplo de sucesso e uma referência para todos os repórteres que tentam ser fiéis ao compromisso irrevogável de uma imprensa dedicada à verdade, à memória, à história e ao dever de consolar os aflitos e afligir os consolados. Geneton Moraes Neto Ele começou como repórter em sua terra, no Diário de Pernambuco  e na sucursal local de  O Estado de S
Quem ama não se apega apenas aos "erros" da amada, não apenas aos caprichos e às fraquezas de uma mulher; rugas no rosto e sardas, vestidos surrados e um andar torto o prendem de maneira mais durável e mais inexorável do que qualquer beleza. Isso se sabe há muito tempo. E por que? Se é correta a teoria segundo a qual os sentimentos não estão localizados na cabeça - que sentimos uma janela, uma nuvem, uma árvore não no cérebro, mas antes naquele lugar onde as vemos -, então estamos também nós, ao contemplarmos a mulher amada, fora de nós mesmos. Agora, porém, num tormento intenso e arrebatador. Ofuscado pelo esplendor da mulher, o sentimento voa como um bando de pássaros. E assim como os pássaros procuram abrigos nos esconderijos frondosos da árvore, também se recolhem os sentimentos, seguros em seu esconderijo, nas rugas, nos movimentos desajeitados e nas máculas singelas do corpo amado. Ninguém, ao passar, adivinharia que justamente ali, naquilo que é defeituoso, censurável,
Terça-feira, 31 de janeiro, 1978. (...) Sentei ao lado de uma mulher, Lynn, que disse que ela e Joel foram primeiro namorados mas que nunca se casaram porque ele era um hippie e ela era uma marxista. É fascinante ver dois hippies que não se acertaram por serem diferentes tipos de hippies. Ela disse que Joel era magro mas que agora engordou e que gordura é melhor para a política, que era mais fácil ver um homem gordo no palanque. Contou que o guru dela disse que se você e homem e é magro, você acaba se tornando homossexual, e acho que eu concordo com isso por causa de todos os modelos. Diários de Andy Warhol, Vol.1

Filme do Dia: Má Companhia (1972), Robert Benton

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Má Companhia ( Bad Company , EUA, 1972). Direção: Robert Benton . Rot. Original: Robert Benton & David Newman. Fotografia: Gordon Willis. Música: Harvey Schmidt. Montage: Ron Kalish & Ralph Rosenblum. Dir. de arte: Paul Sylbert & Robert Gundlach. Cenografia: Audrey A.Blasdel.  Figurinos: Anthea A. Sylbert. Com: Jeff Bridges, Barry Brown, Jim David, David Huddleston, John Savage, Jerry Houser, Damon Douglas, Geoffrey Lewis. Temente a deus, mas ainda mais de seu alistamento na Guerra Civil Americana então em curso, Drew Dixon (Brown) busca outro lugar para morar e lá imediatamente se depara com o larápio Jake Rumsey (Bridges) e seu grupo. Atraiçoados por parte do bando, os dois se vêem sozinhos em condições adversas. Posteriormente encontram os rapazes enforcados e Dixon, ferido em combate, é vítima de traição do próprio Jake. E jura mata-lo se houver ocasião. A ocasião chega, mas ao invés de mata-lo Dixon o livra da forca. Tocante em seu retrato desmistificado
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Segunda-Feira, 30/01/1978 - Bill Graham e eu fomos direto ao incidente central do nosso relacionamento - quando ele tirou os Velvets de cartaz no Fillmore de San Francisco eu acho que em 1966 -e, finalmente, depois de todos esses anos veio à tona o que fez com que ele nos detestasse não foi  a música dos Velvets - é que ele tinha visto Paul comendo uma tangerina e jogando as cascas no chão do teatro! (risos) Você acredita quanto tempo se leva para descobrir a história verdadeira? Diários de Andy Warhol, Vol.1

Filme do Dia: Kundun (1997), Martin Scorsese

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K undun ( Kundun , EUA, 1997). Direção: Martin Scorsese. Rot. Original: Melissa Mathison. Fotografia: Roger Deakins. Música: Philip Glass. Montagem: Thelma Schoonmaker. Dir. de arte: Dante Ferretti , Franco Ceraolo,  Speed Hopkins &   Massimo Razzi. Cenografia: Francesca LoSchiavo. Figurinos: Dante Ferretti. Com:  Tenzin Thuthob Tsarong, Gyurme Tethong,  Tulku Jamyang Kunga Tenzin, Tenzin Yeshi Paichang, Tencho Gyalpo,  Tsewang Migyur Khangsar,  Sonam Phuntsok,  Lobsang Samten,  Jigme Tsarong,  Robert Lin,  Kim Chan.         Ainda com dois anos, jovem tibetano (Paichang) é reconhecido como a encarnação de Buda e o 14º Dalai Lama por Reting Rimpoche (Phunstok), que prova-o, fazendo com que ele escolha  todos os objetos que pertenceram ao dalai lama anterior em meio a objetos semelhantes. Passando a morar separado da família, o jovem (Tenzin) sofrerá com a solidão do sombrio palácio e se divertirá com o ensolarado palácio de verão. Com 10 anos (Tethong) já demonstrará um pre

The Film Handbook#90: Wim Wenders

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Wim Wenders Nascimento: 14/08/1945, Düsseldorf, Alemanha Carreira (como diretor): 1967- Preocupado com seu sentimentos ambivalentes com relação à Alemanha e os Estados Unidos, Wihelm Wenders conseguiu transformar uma obsessão pessoal numa intrigante e reconhecida carreira artística de forte relevância cinematográfica e cultural. De fato, com Fassbinder morto, ele agora parece ser o mais importante dos realizadores que constituíram, durante os anos 70, a floração de talentos que ficou conhecido como Novo Cinema Alemão. Na escola de cinema em Munique, Wenders realizou diversos curtas experimentais e não narrativos, notáveis sobretudo pelo uso de planos-sequencia e trilhas sonoras de rock que culminaram em seu filme de conclusão de curso ( Summer in the City: Dedicated to the Kinks ) cujo escasso enredo diz respeito a um ex-condenado tentando reunir pedaços de sua vida através de uma série de viagens e encontros desconexos. Seu primeiro longa professional, O Medo do Goleiro Diant
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T he Memory of Jean Seberg gripped me with sadness. (William Styron, Darkness Visible , p.16)

Filme do Dia: Quatro Meninas - Uma História Real (1997), Spike Lee

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Q uatro Meninas – Uma História Real ( 4 Little Girls , EUA, 1997). Direção: Spike Lee . Fotografia: Ellen Kuras. Música: Terence Blanchard. Montagem: Samuel D. Pollard. Depoimentos: Bill Baxley, Bill Cosby, Walter Cronkite, Arthur Hanes Jr., Shirley Wesley King, Chris McNair, Maxine McNair, Howell Raines, Wamo Reed Robertson, Fred Shuttlesworth, George Wallace. Entre uma balada de Joan Baez e uma faixa-título composta especialmente para a produção, Lee procura reviver os episódios que desencadearam na explosão a bomba de uma igreja com a morte de quatro adolescentes em Birmingham, Alabama, que deflagrou uma luta que gerou a célebre passeata de Washington e a conquista do voto. O cineasta ataca em duas frentes: numa, de cunho mais emocional (às vezes indo além dos limites, quando continua filmando entrevistados que não conseguem mais conter a emoção) lida com as recordações dos familiares e amigos das quatro garotas mortas, embora também descrevam o contexto de ódio racial e

Filme do Dia: Stereo (1969), David Cronenberg

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S tereo (Canadá, 1969). Direção, Rot. Original, Fotografia e Montagem: David Cronenberg. Com: Ronald Mlodzki, Jack Messinger, Iain Ewing, Clara Mayer, Paul Mulholland, Arlene Mlodzki, Glenn McCauley. No futuro, a Academia Canadense para a Pesquisa Erótica investiga as teorias parapsicológicas do Dr. Stringfellow. Sete voluntários se prestam aos experimentos. De alguns deles são retiradas a faringe, e demonstram uma maior capacidade de telepatia. Posteriormente, experiências afrodisíacas e com drogas põe em cheque os papéis sexuais estabelecidos e experiências de individualização resultam no suicídio de alguns dos voluntários. Esse, que é o primeiro longa-metragem do realizador, é mais um exemplo de como a ficção-científica era um dos gêneros utilizados de forma mais provocativa por alguns dos realizadores mais destacados ou promissores do cinema então. O nível de radicalidade da proposta do filme em questão talvez somente tenha se conseguido a custo do próprio Cronemberg ter nã

Filme do Dia: O Signo do Leão (1959), Eric Rohmer

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O S igno do Leão ( Le Signe du Lion , França, 1959). Direção: Eric Rohmer. Rot. Original: Eric Rohmer & Paul Gégauff. Fotografia: Nicholas Hayer. Música: Louis Saguer. Montagem: Anne-Marie Cotret. Com: Jess Hahn, Michele Girardon, Van Doude, Paul Bisciglia, Gilbert Edard, Christian Alers, Paul Crauchet, Jill Olivier.        O músico Pierre Wesselrin (Hahn) é um homem que não conseguiu se adaptar às exigências pragmáticas da vida como trabalhar. Vivendo sozinho e constantemente sem dinheiro, sua situação parece se modificar no dia em que é acordado por um carteiro, que lhe traz uma correspondência que lhe assegura a herança de uma rica tia industrial falecida. Wesselrin comemora a boa notícia em uma farra prodigiosa com os amigos, às custas do adiantamento dos comerciantes. Porém, logo a notícia se demonstrou enganosa e toda a fortuna foi herdado por um primo seu. Numa situação ainda mais complicada que a habitual, Wesselrin corre atrás de todos os seus amigos bem situados que,
Domingo, 17 de abril de 1977 . Fui à igreja e quando eu estava de joelhos rezando por dinheiro uma mendiga veio me pedir algum. Diário de Andy Warhol , Vol.1