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Filme do Dia: Crocus (1971), Suzan Pitt

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  C rocus (EUA, 1971). Direção ,    Rot. Original e Montagem Suzan Pitt. Mulher se sente sexualmente estimulado após se olhar no espelho. Um homem surge de outro aposento e tem uma ereção fabulosa. Quando o casal inicia o sexo, o filho da mulher (do casal?) chora por seu nome e ela vai no quarto dele. Após aquietá-lo o casal volta a atividade anterior. Animação aparentemente feita com tiras de papel. Consegue desdobrar o que seria o seu mote narrativo com relativa objetividade. Após a segunda tentativa do sexo entre o casal, o quarto é invadido por vários objetos voadores, numa dimensão simbólica obscura. Permanece um testemunho a mais não apenas dos anos da Revolução Sexual, mas particularmente da emancipação da representação de um desejo feminino mais explícito do que o apresentado em obras de realizadoras de gerações prévias como Maya Deren, como é o caso igualmente de Vera Chytilová, Carolee Schneemann ou Barbara Hammer, para citar algumas. O diferencial de Pitt é trabalhar c

Filme do Dia: Piedade (2019), Cláudio Assis

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  P iedade (Brasil, 2019). Direção: Cláudio Assis. Rot. Original: Anna Francisco, Dilner Gomes & Hilton Lacerda. Fotografia: Marcelo Durst. Montagem: Karen Harley. Dir. de arte: Carla Sarmento. Figurinos: Andréa Monteiro. Com: Matheus Nachtergaele, Irandhir Santos, Cauã Reymond, Fernanda Montengro, Gabriel Leone, Mariana Ruggiero, Francisco Assis Moraes, Arthur Canavarro, Denise Weinberg . Aurélio (Nachtergaele) é o ambicioso representante de uma companhia petrolífera, que pretende amealhar o terreno onde vive a idosa Dona Carminha (Montenegro), que lá possui um bar decadente, desde que as mudanças nas vizinhanças retiraram a maior parte da freguesia do mesmo. Nesse bar atende seu filho e um dos mais irredutíveis defensores de não se negociar com a empresa, Omar (Santos), tio-pai do garoto Ramsés (Moraes). Aurélio investiga e consegue descobrir sobre o filho desaparecido e irmão de Omar e Fátima (Ruggiero), Sandro (Reymond), homem gay que gera um local de encontros para sexo, e t

O Dicionário Biográfico de Cinema#241: Ving Rhames

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  Ving (Irving)  Rhames , n. Nova York, 1959 E m umas poucas ocasiões - como Pulp Fiction  e o filme biográfico de Don King - Ving Rhames ascendeu nos campos do humor e da fantasia que foi inesperada, mas enfaticamente correta. Se, a maior parte do tempo, tem sido simplesmente um homem robusto - enquanto um assecla, um tira ou um abrutalhado que testifica os limites definidos sobre todos os atores, negros ou não. Mas há alguma mágica em Rhames, algum impulso (como testemunhamos na forma que passou o Globo de Ouro para Jack Lemmon ) que implora para utilizar. E studou na State University de Nova York, Purchase e na Julliard, e foi nesses dias que o amigo Stanley Tucci o nomeou "Ving". Estreou em Go Tell It   on the Mountain (84, Stan Latham) e continou com Native Son [ Filho Nativo ] (86, Jerrold Freedman); Patty Hearst [ O Seqüestro de Patty Hearst ] (88, Paul Schrader); Casualties of War [ Pecados de Guerra ] (89, Brian De Palma); The Long Walk Home [ Uma História Americana

Filme do Dia: Igreja dos Oprimidos (1986), Jorge Bodanzky

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  I greja dos Oprimidos (Brasil, 1986). Direção: Jorge Bodanzky.  Rot. Original: J. Bodanzky & Helena Salem.  Fotografia: Serge Guitton & Lucien Msika. Montagem: Yves Charoy.            No processo de distensão democrática, a comunidade de Conceição do Araguaia e de outras localidades próximas luta para restabelecer seu sindicato dos trabalhadores agrícolas, um padre progressista reza missas segundo os ditames da Teologia da Libertação, dando espaço para os protestos e reclamos das comunidades, aldeias indígenas são assistidas por simpatizantes da ala progressista e canções de protesto soam e a luta pela Reforma Agrária, assim como as mortes das lideranças e a explosão dos focos de conflito se multiplicam. Apresenta ainda entrevistas com um matador, um bispo simpatizante da Igreja dos Oprimidos, que não se escusa em evocar sua origem de uma elite latifundiária e um dos mentores da Teologia da Libertação, Frei Leonardo Boff, no período proibido de dar qualquer declaração pela Ig

Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#101: Román Chalbaud

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  CHALBAUD, ROMÁN (Venezuela, 1931*). Talvez o mais respeitado e admirado de todos os realizadores venezuelanos, Román Chalbaud foi também o mais prolífico e bem sucedido durante os anos do boom  do final dos anos 70 e 80. Nasceu em Mérida e moveu-se com sua familia para Caracas, em 1937. Desenvolveu seu amor pelo teatro em sua mais precoce idade e após estudar sob a orientação de Alberto de Paz y Mateos, um líder de um grupo de teatro experimental venezuelano, em 1947 e 1948, escreveria sua primeira peça em 1951, Los Adolescentes . Durante os anos 50 foi também ator e começou a dirigir em 1953, com outra de suas peças, Muros Horizontales . Inspirado pelo cinema mexicano dos anos 40, Chalbaud realizou seu primeiro longa em 1959, adaptado de sua própria peça de sucesso, escrita em 1955, Caín Adolescente . Chalbaud foi capaz de dirigir somente mais um filme, Cuentos para Mayores  (1963), antes que as oportunidades para a realização em cinema desaparecessem na Venezuela , e ele retornasse

Filme do Dia: Boilesk (1933), Dave Fleischer

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  B oilesk (EUA, 1933). Direção: Dave Fleischer. Um tradicional show de burlesco em Berlim, não parece animar o público a se tornar espectador do mesmo, até um determinado número... Essa evocação da féerica cena artística berlinense – no ano da ascensão do Nazismo – não deixa escapar motivos de fortes conotações sexuais, impensáveis pouco tempo depois, como o número do teatro burlesco no qual um casal que se despede apaixonadamente várias vezes, e quando o marido finalmente sai, uma pequena multidão de outros homens emerge dos cantos mais diferentes do quarto. Ou o número de strip-tease que lota o teatro antes ocupado apenas por um solitário espectador. Lá pela metade do curta ocorre a interação entre ação ao vivo e animação, prática trabalhada de forma muito mais criativa (e tecnicamente mais eficiente) na década anterior, pelos próprios Fleischer inclusive. E aqui sequer chega a existir uma interação real entre os dois universos, pois quando as Irmãs Watson sobem a ribalta, tem-s

Filme do Dia: Noturno (1966), Alfredo Sternheim

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  N oturno (Brasil, 1966). Direção: Alfredo Sternheim. Fotografia: Rudolf Icsey. Montagem: Máximo Barro . Espécie de sinfonia urbana condensada, apresentando a noite da grande metrópole paulistana e o nascimento de um novo dia. Se a ênfase parece ser na diversidade de atividades que acompanham a urbe incessante em variados aspectos, do lazer ao trabalho – vida noturna, terminal rodoviário, futebol, corrida de carros, boliche, trabalho industrial em uma siderúrgica, escola de arte – o que poderia sugerir às odes à modernidade que representavam as sinfonias urbanas do período mudo (notadamente a mais célebre, Berlim, Sinfonia de uma Metrópole ), o efeito aqui parece ser inverso. A utilização de uma trilha musical predominantemente não assertiva e tendendo ou a melancolia (tema erudito) ou ao distanciamento (jazz moderno), associado a ausência de rostos ou pessoas aproximadas, sempre observadas mais a distância em suas atividades, constroem um retrato eminentemente asséptico e – ainda q