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Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#124: Valéria Sarmiento

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  SARMIENTO, VALÉRIA . (Chile 1948). Mais conhecida como esposa (agora viúva) de Raúl Ruiz  e montadora de mais de 30 de seus filmes, Valéria Sarmiento é uma destacada diretora feminista ela própria. Nascida em Valparaíso, estudou filosofia e cinema na Universidad de Chile nos anos 60.  Seu primeiro trabalho foi como assistente de produção em  ¡ Que Hacer! , co-dirigido por Saul Landau, Nina Serrano e Ruiz. Dirigiu seu primeiro curta documental sobre uma artista de striptease , Un Sueño como de Colores , em 1972, e no mesmo ano montou e co-dirigiu dois outros curtas, Poesía Popular: la Teoría y la Práctica  e Los Minuteros , com Ruiz. Após o golpe do general Pinochet, partiu para a França com Ruiz, onde permaneceu a maior parte do seu tempo, até recentemente.  Nos primeiros anos do exílio, Sarmiento montou filmes para seu marido, assim como para Luc Moullet e Robert Kramer, e chegou a atuar em um dos curtas de Ruiz, Colloque de Chiens ( Colóquio de Cães , 1...

Filme do Dia: Um Pedaço Seu Por Alguém Que Você Ama (2016), César Netto

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  U m Pedaço Seu Por Alguém Que Você Ama (Brasil, 2016). Direção: César Netto. Rot. Original: Rodolfo Barreto. Fotografia: Christian Perez. Música: Márcio Arantes. Montagem: Bruno Lasevicius. Dir. de arte: Maurício Yazbek. Com: Abhiyana Abhiy, Paulo Jordão, Marialuz Barreto, Aline Abovsky, Fernando Hitsch, Guilherme Lopes. Desesperada para salvar o pai que foi também seu algoz desde a infância, Márcia (Abhiy) busca mantê-lo vivo através da doação “voluntária” de órgãos de pessoas que conhece seus pontos fracos e pessoas amadas. O ritmo algo hipnótico desse curta faz com que quase se esqueça sua própria tomada surreal da realidade incrustada no mais torpe naturalismo estilo “mundo cão”. É uma mescla interessante, mas tampouco impermeável a clichês básicos do psicologismo chão – o fato de ter sido abusada pelo pai a transformou no monstro em questão – que se não inviabilizam o projeto como um todo, lançam forte sombra sobre. Destaque para as ótimas interpretações de seu desconhec...

Filme do Dia: J'ai Faim, J'ai Froid (1984), Chantal Akerman

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  J ’ai Faim, J’ai Froid (França, 1984). Direção Chantal Akerman. Fotografia Luc Benhamou, Gilles Arnaud & Luis Peracta.   Montagem Francine Sandberg. Com Maria de Medeiros, Pascalle Salkin, Esmores Hanibal.   Duas jovens belgas (de Medeiros e Salkin) chegam em Paris, sem dinheiro, com frio e fome e vão se arranjando como podem. Saindo sem pagar de um café, cantando em um restaurante até conseguirem a simpatia de uma dupla de rapazes que paga o jantar delas e as leva para casa, aproximando-se das duas – por iniciação de uma delas – e fazendo sexo com ao menos uma delas. Seria uma evocação dos curtas iniciais de Godard ? E de Todos os Rapazes se Chamam Patrick , particularmente? Além de ser em preto&branco e protagonizado pelas melhores e inseparáveis amigas, também há o mesmo clima de um cotidiano irrisoriamente banal, embora se acrescente a este a falta de dinheiro das personagens e, evidentemente, uma distância do romantismo ingênuo que ditava o tom e o tít...

Filme do Dia: Fantasmagorie (1908), Émile Cohl

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  F antasmagorie (França, 1908). Direção: Émile Cohl. Esse desenho, a partir de traços primitivos, faz com que os interesses puramente narrativos, aparentemente seu intuito inicial, deixem-se ser secundarizados pela intensa criatividade de uma associação de imagens livres em ritmo incessante, algo que Disney desdobraria em cores e com traços bem mais naturalistas em sua produção de longas metragens, tais como Fantasia (1940). Destaque para o tom metalingüístico tanto na cena que um espectador não consegue visualizar a tela de cinema por conta do extravagante chapéu da mulher sentada à sua frente quanto no início, em que as mãos do animador surgem desenhando as primeiras figuras que se tornarão animadas e, num prodígio de trucagem que resiste ao tempo, voltando a dar vida ao protagonista após esse ter  seu corpo dividido. O tom meta-linguístico voltaria a ser apropriado em certos curtas da Warner assim como, menos tempo antes, na obra inicial dos Irmãos Fleischer. Sociéte d...

Filme do Dia: Felizes Dezesseis (2002), Ken Loach

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  F elizes Dezesseis ( Sweet Sixteen , Reino Unido/Alemanha/Espanha, 2002). Direção Ken Loach . Rot. Original Paul Laverty. Fotografia Barry Ackroyd. Música George Fenton. Montagem Jonatham Morris. Dir. de arte Martin Johnson & Fergus Clerk. Figurinos Carole Millar. Com Martin Compston, William Ruane, Annmarie Fulton, Michelle Abercombry, Michelle Coulter, Gary McCormack, Tommy McKee, Calum McAlees. Liam (Compston) é um adolescente escocês obcecado em arranjar um local para que a mãe, Suzanne (Abercromby) passe a morar, após sair da prisão, para afastá-la do contato com o traficante Stan (McCormack). Seu único apoio é a irmã Chantelle (Fulton), com quem vai morar, após ter sido expulso da moradia do avô. E para suas ações, inicialmente vendendo cigarros ilegais, e depois enveredando para o tráfico, seu parceiro é o também adolescente Pimball (Ruane), após surrupiarem mercadoria de Stan. Tony, um rico empresário, incomodado com suas ações na área, chama-o para trabalhar...

Filme do Dia: O Aviador (2004), Martin Scorsese

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  O   Aviador ( The Aviator , EUA, 2004). Direção: Martin Scorsese . Fotografia: Robert Richardson. Música: Howard Shore. Montagem: Thelma Schoonmaker. Dir. de arte: Dante Ferretti, Martin Gendron, Robert Guerra, Michele Laliberte, Claude Paré, Réal Proulx & Daniel Ross. Cenografia: Francesca LoSchiavo. Figurinos: Sandy Powell . Com: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett , Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm, Danny Huston, Gwen Stefani, Jude Law, Willem Dafoe. O milionário excentrico Howard Hughes (DiCaprio) envolvido com suas três maiores paixões, a aviação, mulheres e o cinema. No primeiro caso, os projetos megalomaníacos para construção de aviões grandiosos, sempre testados de primeira mão pelo próprio. No segundo, seus romances com algumas das atrizes mais influentes do período como Katharine hepburn (Blanchett) e seu fracasso em conquistar outras divas como Ava Gardner (Beckinsale). No último a produção de um épico de guerra de proporções ...

Filme do Dia: Ascensor para o Cadafalso (1958), Louis Malle

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  A scensor para o Cadafalso ( Ascenseur pour l'échafaud , França, 1958). Direção: Louis Malle. Rot. Adaptado: Louis Malle & Roger Nimier. Fotografia: Henri Decaë. Música: Miles Davis. Montagem: Léonide Azar. Dir. de arte: Jean Mandaroux & Rino Mondellini. Com: Jeanne Moreau, Maurice Ronet, Georges Poujouly, Yori Bertin, Jean Wall, Gérard Darrieu, Charles Denner, Marcel Cuvelier, Iván Petrovich, Lino Ventura Julien Tavernier (Ronet), funcionário de uma grande empresa de armamentos, em conluio com Florence Carala (Moreau), esposa do presidente da empresa, e sua amante, possuem um plano perfeito para o assassinato. Tavernier, no horário de saída dos funcionários, escala pelo lado de fora do edifício até o escritório de Simon Carala (Wall) e o assassina. Tranca o escritório por dentro, simulando suicídio. Porém quando já se encontra no carro, acaba percebendo que na pressa para atender o telefone e demonstrar de que ainda permanecia no seu escritório, deixou pendurada a cord...