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Filme do Dia: O Céu Sobre os Ombros (2011), Sérgio Borges

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O   C éu Sobre os Ombros (Brasil, 2011). Direção: Sérgio Borges. Rot. Original: Manuela Dias & Sérgio Borges. Fotografia: Ivo Lopes Araújo. Montagem: Ricardo Pretti. Nesse filme que mescla os limites entre a ficção e o documental ou ficcionaliza o documental na esteira do trabalho mais sofisticado de um Pedro Costa, tem-se contato com um pouco (ou muito, dependendo do ponto de vista) do universo de três “personagens”: um operador de telemarketing fiel ao culto hare krsna, um escritor potencialmente suicida que possui um filho deficiente mental e uma professora transexual que prepara sua tese de doutorado e faz programas à noite. O filme parece buscar o distanciamento emocional que consiga apresentar seus personagens fugindo do estereótipo, ou seja, com densidade. Apresentados formalmente de modo destituído de apelo emocional, é através do próprio discurso e ações de seus personagens que o filme trafega. Como em Costa são “atores naturais”, ou seja, representam a si próprios

The Film Handbook#200: Roger Corman

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Roger Corman Nascimento: 05/04/1926, Detroit, Michigan, EUA Carreira  (como diretor): 1955-1990 Embora a importância de Roger Corman possa residir em sua promoção de jovens talentos que posteriormente definiriam a moderna Hollywood, sua carreira prolífica e irrestrito entusiasmo com as filmagens também resultaram em muitos filmes inventivos, ainda quando inevitavelmente falhos. Após estudar inglês em Oxford, Corman entrou na indústria do cinema como roteirista e produtor. Em 1955, iniciaria sua carreira como diretor com o primeiro de seus inúmeros filmes-B, realizados com orçamentos minúsculos à média de cinco por ano, geralmente para a American International Pictures. Ficção-científica barata ( O Emissário de Outro Mundo / Not of This Earth , A Mulher Vespa / The Wasp Woman ), westerns ( A Lei dos Brutos / Gunslinger ) e sofríveis melodramas adolescentes  ( Rock All Night ), sua ausência de valores de produção animada por um senso de ironia e uma estranha percepção satírica d

Filme do Dia: Noites de Lua Cheia (1984), Eric Rohmer

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Noites de Lua Cheia ( Nuits de la Pleine Lune , França, 1984). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Renato Berta. Música: Jacno & Elli Medeiros. Montagem: Cécile Decugis. Dir. de arte e Figurinos: Pascale Ogier. Com: Pascale Ogier, Tchéky Kario, Fabrice Luchini, Virginie Thévenet, Christian Vadin, Lászlo Szabó, Lisa Garneri, Matthieu Schiffman, Anne-Séverine Liotard.       Na província, Louise (Ogier), recém-formada em artes, inicia sua carreira profissional como decoradora de interiores, ao mesmo tempo que vivencia um novo período em sua relação com o namorado Remi (Karyo), tenista que não a acompanha para suas noitadas. Durante uma noite de festa, Remi surge inesperadamente e um conflito acontece. Louise chega a apresentar Camille (Thévenet) para o namorado e diz que ela se encontra interessada em sair com ele. Louise reforma seu apartamento em Paris, onde pretende se estabelecer quando voltar das festas. O namorado, embora inicialmente relutante, concorda. Lo

Filme do Dia: O Porto de Santos (1978), Aloysio Raulino

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O   Porto de Santos (Brasil, 1978). Direção, Rot. Original e Fotografia: Aloysio Raulino. Montagem: José Motta. Se o estrilado nada “naturalista” de sua banda sonora, sua pós-sincronização e os comentários algo atravessados de sua voz over em relação à imagem – como o que comenta que em 1909 houve a maior safra de exportação de café – já prenunciam a habitual leitura irônica de Raulyno em relação à tradição documentária, sua iconoclastia explode de fato próximo da sua metade, quando apresenta um homem se requebrando de modo caricatamente voluptuoso em trajes sumários ao som do grande sucesso de então Amante Latino na voz de Sidney Magall. Tal cena parece antes pular de uma produção do Cinema Marginal. Ao mesmo tempo fica patente sua iconoclastia com o que se esperaria sobre um documentário com o título que possui. Sua proximidade com o Cinema Marginal também se dá pela investigação de rostos similar aquele, como na cena em que sem qualquer sonorização se observa uma jovem a se

Filme do Dia: The Autobiography of a Jeep (1943), Irving Lerner & Joseph Krumgold

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T he Autobiograph of a Jeep (EUA, 1943). Direção: Irving Lerner & Joseph Krumgold. Rot. Original: Joseph Krumgold. Fotografia: Roger Barlow. Música: Gene Fowler Jr. Nesse documentário curto esboça-se uma “autobiografia” do jipe, carro projetado para funções eminentemente militares, dado a sua capacidade de desenvoltura – ressaltada aqui – e pouco conforto. De sua idealização e projeto até celebridades se deslocando nele do mundo do entretenimento (as duplas Abbot & Costello e   o Gordo & o Magro ) ao do poder (Roosevelt e até a Rainha Elizabeth) se acompanha uma narração em “primeira pessoa”. Parte integrante da série Projections of America , que apresenta episódios com estilos bastante distintos (basta comparar esse com The Valley of the Tennessee ), aqui calcado em boa parte em imagens de arquivo. Destaque para o ritmo alucinante de sua montagem. USWI/United Films. 9 minutos e 34 segundos.

Filme do Dia: Beau Ties (1945), Seymour Kneitel

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B eau Ties (EUA, 1945). Direção: Seymour Kneitel. Rot. Original: Carl Meyer & Joe Stultz. Música: Winston Sharples. Dir. de arte: Shane Miller. Bolinha manda à Luluzinha recado de que se encontra de cama adoentado. Essa vai levar comidas para ele e no caminho o encontra com outra garota. Ele está com os olhos vendados e só percebe quando Lulu o derruba com um estilingue, que a outra fugira. Eles vão fazer um piquenique no bosque, mas lá chegando, após a queda de uma árvore, Bolinha tem pesadelos com a submissa vida de casados. Por mais misógina que surja essa previsivelmente onírica visão sobre o casamento, o curta lida com a problemática de gêneros como poucos na animação comercial norte-americana do período e como não se tornaria comum na tentativa de retomada mal sucedida da série nos idos da década de 60, trazendo ainda – como era comum então – uma saborosa referência cinematográfica, no caso aqui a célebre cena da mesa a separar o casal em Cidadão Kane , aqui evocada d

Filme do Dia: A Embriaguez do Sucesso (1957), Alexander Mackendrick

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A   Embriaguez do Sucesso ( The Sweet Smell of Success , EUA, 1957). Direção: Alexander Mackendrick. Rot. Adaptado: Clifford Odets & Ernest Lehman, a partir do conto de Lehman. Fotografia: James Wong Howe. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Edward Carrere. Cenografia: Edward G. Boyle. Figurinos: Mary Grant. Com: Tony Curtis, Burt Lancaster, Susan Harrison, Martin Milner, Jeff Donnell, Sam Levene, Joe Frisco, Barbara Nichols. O prestigioso e inescrupuloso colunista social J.J.Hunsecker (Lancaster) busca a ajuda de seu ainda mais inescrupuloso cupincha, Sidney Falco (Curtis), para afastar o músico de jazz, Dallas (Milner), da irmã de J.J., a emocionalmente vulnerável Susan (Harrison). Esse planta uma calúnia a respeito de Dallas fazer uso de maconha e ser comunista, a partir de um colunista rival de J.J., para não levantar suspeitas por parte da irmã. Não satisfeito com o estrago à imagem de Dallas, Falco ainda simula a posse da droga por parte do músico, deixando-a em seu casa

Filme do Dia: Esboços de Frank Gehry (2005), Sydney Pollack

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E sboços de Frank Gehry ( Sketches of Frank Gehri ,EUA/Alemanha, 2005). Direção: Sydney Pollack. Fotografia: Marcus Birsel, Ultan Guilfoyle, Sydney Pollack, Claudio Rocha & George Tiffin. Música: Claes Nystrom & Jonas Sorman. Montagem: Karen Schmeer. Documentário no qual Pollack, amigo pessoal de Gehri, escuta o próprio arquiteto a respeito de seu método de trabalho, sua vida pregressa à fama e o acompanha em meio a alguns projetos, entre os quais o mais célebre é o Museu Guggenheim de Bilbao. As outras intervenções, inclusive do terapeuta particular de Gehri, assim como do todo-poderoso do Império Disney, Michael Eisner, e de celebridades como Bob Geldof, Dennis Hopper e Julian Schnabel pouco acrescentam. Longe de criativo em termos formais – logo ao início Pollack afirma que nada conhecia a respeito do cinema documental – o filme acaba sendo uma apologia a Gehri, que convidou o realizador para dirigir esse projeto, ainda que Pollack também insira comentários de crític

Filme do Dia: Sappho (1921), Dimitri Buchowetzki

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S appho (Alemanha, 1921). Direção: Dimitri Buchowetzki. Rot. Adaptado: Dimitri Buchowetzki, a partir do romance de Alexandre Dumas, pai. Fotografia: Arpad Viragh. Dir. de arte: Robert Neppach. Com: Pola Negri , Johannes Riemann, Alfred Abel, Albert Steinrück, Helga Molander, Otto Treptow, Elsa Wagner, Elinor Gynt. Richard de la Croix (Riemann) é chamado após seu irmão, Georg (Abel), ter entrado em um asilo de loucos, depois de ter se relacionado com a lasciva Sappho (Negri). Espantado com o estado do irmão, que nem sequer o reconhece, Richard busca conhecer Sappho. Sappho se apaixona por ele, abandonando o rico amante Bertink. Esse, tempos depois, arruína a relação de Sappho com Richard, ao contar como ela levara o irmão dele à loucura. Quando fica sabendo que Richard se encontra em vias de se casar, Sappho tenta retornar a Bertink, que a rejeita. Ela busca, então, um romance com Teddy (Treptow), que fora quem a apresentara a Richard. No mesmo momento, Richard foge de seu casamen

The Film Handbook#199: John Cassavetes

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John Cassavetes Nascimento: 09/12/1929, Nova York, NY, EUA Morte : 03/02/1989, Los Angeles, Califórnia, EUA Carreira  (como diretor): 1958-1986 Os notáveis, algumas vezes enfurecidos, frequentemente brilhantes filmes de John Cassavetes ocupam uma posição única no cinema americano. De baixo orçamento, parcialmente improvisados, inspirados pelos documentários cinema verité e próximos do cinema underground, atingiram, apesar disso, frequentemente  um público amplo e profundamente apreciador. Após estudar teatro, o jovem Cassavetes rapidamente se destacou como um ator de rara crueza e intensidade, frequentemente aparecendo em filmes sobre uma juventude insatisfeita e rebelde tais como Rua do Crime / Crime in the Streets  e Um Homem Tem Três Metros de Altura / Edge of the City . Comandando uma oficina de atores, trabalhou para transformar seu experimento de improvisação em seu filme de estréia. O resultado, Shadows > 1 , levou três anos para ser completado e foi parcialmente fin

Filme do Dia: Adorável Pecadora (1960), George Cukor

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Adorável Pecadora ( Let´s Make Love , EUA, 1960). Direção: George Cukor. Rot. Original: Norman Krasna & Hal Kanter. Fotografia: Daniel L. Fapp.  Música: Lionel Newman. Montagem: David Bretherton. Dir. de arte: Gene Allen & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Fred M. MacLean & Walter M. Scott. Figurinos: Dorothy Jeakins. Com: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall, Frankie Vaughan, Wilfrid Hide-White, David Burns, Michael David, Milton Berle.          Após conselhos de seu agente Alexander Coffman (Randall), o bilionário Jean-Marc Clement (Montand)  vai ele próprio conhecer o musical off-Broadway que satiriza Maria Callas, Elvis Presley e ele próprio e se apaixona pela atriz do musical  Let´s Make Love , Amanda Dell (Monroe), cujo parceiro atual, Tony Danton (Vaughan) é também seu par no musical. Como ninguém sabe quem ele é,  através de um testa-de-ferro, torna-se o maior acionista do musical, assim como a participação de Danton cada vez mais secundária no mes

Filme do Dia: Trapaceiros (2000), Woody Allen

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T rapaceiros ( Small Time Crooks , EUA, 2000). Direção e Rot. Original: Woody Allen. Fotografia: Zhao Fei. Montagem: Alisa Lepselter. Dir. de arte: Santo Loquato & Tom Warren. Cenografia: Jessica Lanier. Figurinos: Suzanne McCabe. Com: Woody Allen, Tracey Ullman, Elaine May, Hugh Grant , Elaine Stritch, Michael Rapaport, Jon Lovitz, Brian Markinson. Ray Winkler (Allen), casado há muitos anos com Frenchy (Ullman), está cansado de sua medíocre vida de classe média baixa e resolve assaltar a um banco. Depois de conseguir vencer a resistência da esposa, reúne sua poupança e a de um grupo de amigos para alugar um imóvel próximo ao banco. Eles montam uma doceria, de fachada, enquanto no subterrâneo cavam um túnel para o banco. Porém a loja ganha notoriedade e atrai a mídia, enquanto o túnel vai parar em uma butique. Um ano depois, Ray e Frenchy tornam-se multimilionários com a comercialização em massa dos biscoitos. Porém, a vida sonhada de Ray não ocorre, já que Frenchy deseja i

Filme do Dia: Gritos e Sussurros (1972), Ingmar Bergman

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G ritos e Sussurros ( Viskningar och rop , Suécia, 1972). Direção e Rot. Original: Ingmar Bergman. Fotografia: Sven Nykvist. Montagem: Siv Lundgren. Dir. de arte e Figurinos: Marik Vos-Lundh. Com: Harriet Andersson, Kari Sylwan, Ingrid Thulin , Liv Ulmann, Erland Josephson, Henning Moritzen, Georg Arlin. Ambientado em uma mansão no final do século XVIII, esse drama de câmara sobre uma jovem agonizante (Andersson) que morre cercada pelas irmãs Karin (Thulin), Maria (Ulmann) e pela empregada Anna (Sylwan), trata-se não só da melhor realização dessa fase do cineasta, marcada pela análise das relações emocionais entre membros de um mesmo círculo social, como igualmente uma das mais bem sucedidas representações das relações entre subjetividade e objetividade na história do cinema. Demonstrando um tino particular na intersecção entre passado e presente, realidade e fantasia, o cineasta investiga os demônios interiores dos personagens, ressaltando que a fria racionalidade burguesa esc

Filme do Dia: A Rainy Day with the Bear Family (1940), Hugh Harman

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A   Rainy Day with the Bear Family (EUA, 1940). Direção: Hugh Harman. Música: Scott Bradley. A comicidade dessa animação provém do efetivo paralelo que pretende traçar com uma família americana média. Num dia de chuva, a Sra. Urso pede que o marido dê uma conferida no telhado. Quando esse resolve se levantar do sossego de sua rede, uma sucessão de trapalhadas aliadas as intempéries naturais fazem com que ele só volte a ter descanso debaixo d´água! Um toque de misoginia se torna evidente, pois o filme busca que o espectador se torne cúmplice da ira do urso que tem que escutar o irritante e contínuo cantarolar despreocupado da esposa, assim como ao filho, o que não lhe deixa muito tempo para curtir o seu próprio espaço. Mas tampouco os personagens masculinos são poupados, sendo que o velho urso possui uma barriga enorme a mostra além de uma calça sempre perigando cair e deixando uma pequena amostra de seu bumbum (algo que também   já “acomete” seu filhote) de fora, tal como igualme

Filme do Dia: Bleak Moments (1971), Mike Leigh

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B leak Moments ( Bleak Moments , Reino Unido, 1971). Direção e Rot. Original:   Mike Leigh. Fotografia: Bahram Manocheri. Música:   Mike Bradwell. Montagem: Les Blair. Dir. de arte: Richard Rambaut. Com: Anne Raitt, Sarah Stephenson, Eric Allan, Joolia Cappleman, Mike Bradwell, Liz Smith .              Sylvia (Raitt) é um jovem secretária que divide a casa com uma irmã deficiente mental, e Hilda (Stephenson) que tem como prazer predileto, após chegar em casa, a bebida. No trabalho sua colega mais próxima é Pat (Cappleman), problemática em seu relacionamento com uma mãe inválida (Smith) e o medo de não mais conseguir casamento. Certo dia Sylvia é abordada por Peter (Allan), que a visita no final de semana, levando um presente que Hilda rejeita. Sylvia aluga sua garagem para o músico que faz bicos, Norman (Bradwell), que passa o tempo a tocar violão, fumar e imprimir material para uma revista alternativa de literatura. Peter combina uma nova saída com Sylvia, sendo que Pat estrat