tag:blogger.com,1999:blog-35353743459885004852024-03-18T20:19:09.025-03:00magiadorealcid vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/17874978819069492696noreply@blogger.comBlogger5800125tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-34182252009515480722024-03-18T04:00:00.009-03:002024-03-18T04:00:00.156-03:00Filme do Dia: O Menino e a Garça (2023), Hayao Miyazaki<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; tab-stops: 214.8pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidL8-6ptjnJa7sbszAT1IM2g-FK2DkXYTScB0PbtBIywJID9sjSsWpmHaTa12BsI_l4UMf4QnZEywWQBBDx3yFDL1MAhv3qFwruz8UDc7ZBdC5nA8_FfY4zPJ3sR8YuuvmF2c5wDSN9kM6LHYXw_JBuL8f-5h8_ftFyncQt-4SgeeMdhMjPa2vpfe3ajoY/s1200/o%20menino%20e%20a%20gar%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidL8-6ptjnJa7sbszAT1IM2g-FK2DkXYTScB0PbtBIywJID9sjSsWpmHaTa12BsI_l4UMf4QnZEywWQBBDx3yFDL1MAhv3qFwruz8UDc7ZBdC5nA8_FfY4zPJ3sR8YuuvmF2c5wDSN9kM6LHYXw_JBuL8f-5h8_ftFyncQt-4SgeeMdhMjPa2vpfe3ajoY/s320/o%20menino%20e%20a%20gar%C3%A7a.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #ffa400;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; tab-stops: 214.8pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">O</span><span style="color: #ffa400;"> Menino e
a Garça (<i>Kimitachi wa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dô Ikiru ka</i>,
Japão, 2023).</span> <span style="color: #6fa8dc;">Direção e Rot. Original</span> <span style="color: #ffa400;">Hayao Miyazaki. </span><span style="color: #6fa8dc;">Fotografia </span><span style="color: #ffa400;">Atsushi Okui.
</span><span style="color: #6fa8dc;">Música</span><span style="color: #ffa400;"> Joe Hisaishi. </span><span style="color: #6fa8dc;">Montagem</span><span style="color: #ffa400;"> Rie Matsubara, Takeshi Seyama & Akane
Shiraishi. </span><span style="color: #6fa8dc;">Dir. de arte</span><span style="color: #ffa400;"> Y<span style="background: white;">ōji </span>Takeshige.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; tab-stops: 214.8pt; text-align: justify; text-indent: 34.0pt; text-justify: inter-ideograph;">Mahito é um garoto que perde a mãe e, finda a Segunda
Guerra, parte com o pai de Tóquio, mudando-se para o campo. Seu pai se uniu a
irmã da mulher morta, Setsuko, e desde o momento que chega, o garoto percebe
uma forte interação de uma grande garça real. Curioso, mesmo acamado por conta
de um ferimento provocado em sua cabeça por ele próprio, Mahito vai contra as
orientações das velhas que tomam conta do castelo (e dele), avançando sobre um
castelo abandonado, guiado pela garça, adentrando em um mundo fantástico, a
envolver vivos e mortos, e tempos distintos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; tab-stops: 214.8pt; text-align: justify; text-indent: 34.0pt; text-justify: inter-ideograph;">O traço de Miyazaki é absurdamente sedutor. Mesmo que
se saia confuso e decepcionado da longa – e confusa – experiência aos quais
somos convidados a interagir, duplicando a experiência do garoto que prefere
ser seduzido pelo mundo fantástico que comungar apenas da relativamente
modorrenta realidade cotidiana. É o suficiente para nos embalar de forma
interessada por toda sua trajetória de
mundos e criaturas fantásticas, assim como rocambolescas associações que envolvem
a própria experiência da formação de um ser humano, passando por um convívio do
garoto com sua mãe em idade próxima da dele
- tangenciando questões como a do incesto, já que ela também está
consciente de ser sua futura mãe, ao contrário da mãe de <i>De Volta para o
Futuro</i>? Não se acredita que seja, ao menos para boa parte dos não tão
familiarizados com o universo da animação japonesa. Para aqueles de pendor mais
realista, animações temporalmente próximas do lançamento desta, como <b>Suzume</b>,
com suas incríveis e minuciosas descrições de toda uma cidade em movimento,
mesmo não se eximindo de seu quinhão fantástico, são mais atrativas. E talvez
um álbum de figurinhas ou fotografias dos desenhos e cenas do filme de Miyazaki
se tornem mais interessantes que a experiência do pacote completo, em movimento.
Isto vale pelo que a música traz de pouco relevante ou diferenciada, como também para o cansativo
apelo recorrente, aqui nem tão explorado, é bem verdade, e ainda mais em <b>Suzume</b>,
da autocomplacente mistura entre universos paralelos, subjetividade e uma carga
forte de escatologia a salvar o mundo de sua destruição, ao mesmo tempo
resolvendo, aparentemente, os dramas individuais. É onde mais se estica a
baladeira em termos de dupla linha narrativa, pois a resolução do que inquieta
o herói se encontra atrelado à sobrevivência da humanidade. O que soa
demasiado grandiloquente, embora realizadores de talento comprovado tenham se
imiscuído com maior ou menor sucesso – caso de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/09/the-film-handbook216-terrence-malick.html">Malick</a> em <b><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2015/07/filme-do-dia-arvore-da-vida-2011.html">A Árvore da Vida</a></b>
ou <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.uy/2017/12/the-film-handbook150-andrei-tarkovski.html">Tarkovski</a> em <i>O Sacrifício</i>, e inúmeras produções mais rotineiras, caso
de <b><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/04/filme-do-dia-eu-sou-lenda-2007-francis.html">Eu sou a Lenda</a></b> e versões precedentes e similares.|Studio Ghibli/Toho
Co. 124 minutos.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggoBqyRG6_ZmFmOgtOnxzl8iW3rsFdZ68AXB4xHmfTNYAV-nNeq_TTsCQ5KwBojb0iVMyyjNLBTr9ijeUvrN3a3yoBXleVyxhY-4X5oxpjeWfAcRLsMm-TwugjuKI9CFcTF4kRFTlpjC9ZGnRunXWqbDoIUrot3-rV1nfAk5C_UAlBa6L6c0nACcLHzw/s512/sala%20de%20cinema.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="512" height="28" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggoBqyRG6_ZmFmOgtOnxzl8iW3rsFdZ68AXB4xHmfTNYAV-nNeq_TTsCQ5KwBojb0iVMyyjNLBTr9ijeUvrN3a3yoBXleVyxhY-4X5oxpjeWfAcRLsMm-TwugjuKI9CFcTF4kRFTlpjC9ZGnRunXWqbDoIUrot3-rV1nfAk5C_UAlBa6L6c0nACcLHzw/w28-h28/sala%20de%20cinema.jpg" width="28" /></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; tab-stops: 214.8pt; text-align: justify; text-indent: 34.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><br /></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-5930516810406214842024-03-17T05:00:00.225-03:002024-03-17T05:00:00.141-03:00O Dicionário Biográfico de Cinema#227: Sir Noël Coward<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTELvMj5l_PsUf2VFRASSGKYCYafJzuwpKctK4KgFqKnO_ldK-vwoXTdwyQUr8rTFfzMU8w3t5aAJRJF8PvsBfjAgJSLPjY9ub511rVV8kFAiIfPSovC3e2hFmRZucpAdWw_1aTojjuMyCixLVnT1kqcTGsh7QHgO5u95Ve5Hm4-Io3LtcEzxGpO719A/s631/No%C3%ABl_Coward_01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="631" data-original-width="468" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTELvMj5l_PsUf2VFRASSGKYCYafJzuwpKctK4KgFqKnO_ldK-vwoXTdwyQUr8rTFfzMU8w3t5aAJRJF8PvsBfjAgJSLPjY9ub511rVV8kFAiIfPSovC3e2hFmRZucpAdWw_1aTojjuMyCixLVnT1kqcTGsh7QHgO5u95Ve5Hm4-Io3LtcEzxGpO719A/s320/No%C3%ABl_Coward_01.jpg" width="237" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <span style="color: red;"><b style="font-size: x-large;">Sir Noël Coward</b><span style="font-size: medium;"> (1899-1973), n. Teddington, Inglaterra</span></span></p><p><span><span style="font-size: medium;"><span style="color: red;">H</span>ouve uma época, mais ou menos por volta dos últimos quinze anos de sua vida, quando você poderia acreditar - se fosse inclinado - que uma vigorosa, viril e rude geração estava emergindo, de um "creme cowardiano", dos palcos britânicos. E igualmente uma boa coisa? Para muitos que cresceram nesta época, Coward era um pouco misterioso: suas últimas peças não eram muito boas; sua pose enquanto modelo de boas maneiras foi considerada afetada ou esnobe; e, aos bem intencionados, a decisão de ir direto ao ponto deixou pouco espaço para Coward. Ele e as maledicências de <i>Brief Encounter</i> [<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/02/filme-do-dia-desencanto-1945-david-lean.html">Desencanto</a></i>] (45, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/12/o-dicionario-biografico-de-cinema57-sir.html">David Lean</a>) haviam se tornado datados, e eu ouso dizer que isso o machucou, pois uma parte dele era terrrivelmente ansiosa de ser atual (ainda que uma vez, à la Wilde, disse que nenhuma outra busca lhe deixaria parecendo mais antiquado).</span></span></p><p><span><span style="font-size: medium;">E</span>, no entanto, se tomemos um filme como <i>North by Northwest </i>[<i>Intriga Internacional</i>] (1959), é difícil pensar que <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/02/o-dicionario-biografico-de-cinema119.html">Cary Grant </a>ou James Mason poderiam ter continuado a fazer o que faziam não fosse pelo exemplo e legado de Coward. Pode-se argumentar que Grant e Mason - e outros, inclusive Olivier - interpretaram, de fato, o tipo cowardiano melhor que o mestre teria conduzido. Ele não era tão bom ator, ao menos nos palcos, onde os limites do primeiro dia o restringiam, depois aborreciam-no. Mas como se eliminar Noël Coward - seu tom, sua atitude, seu modo de falar, seu modelo - da maravilhosa invasão de Hollywood por atores nascidos na Inglaterra, muitas vezes mantendo o sotaque inglês e perversamente treinados a esconderem o cerne do drama?</span></p><p><span>Para Coward, pode ter tido tanto a ver com a necessidade de velar anseios gays quanto o desejo de suprimir o emocionalismo vulgar; ainda que Coward criou, mais que qualquer um (tanto como autor como ator) a forma de falar que nos fazia ler as entrelinhas. Grant era muito melhor nisso que Olivier. E é possível que o próprio Grant dificilmente percebesse a influência (que não é verdadeira para Olivier, que admitiu-o, e certamente esteve muito próximo de ter um caso com Coward quando fizeram <i>Private Lives</i> juntos). Não creio que importe. A forma de interpretar entrou na mente de Grant. Afetou a atitude e o sentido de seus filmes. Então não se precisa disputar influências. </span></p><p><span>E ainda não chegamos <i>In Which We Serve</i> [<i>Nosso Barco, Nossa Alma</i>] (42, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/12/the-film-handbook104-david-lean.html">Lean </a>e Coward) e <i>This Happy Breed </i>[<i>Este Povo Alegre</i>] (44, Lean), e o tremendo impacto de Coward na geração de atores ingleses (ou britânicos) que incluiu <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/06/o-dicionario-biografico-do-cinema31.html">Jack Hawkins</a>, John Mills, Dirk Bogarde, David Niven, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/07/o-dicionario-biografico-de-cinema138.html">Trevor Howard</a> (mesmo que escutasse outras vozes), Eric Portman, Dennis Price, Nigel Patrick e mesmo Rex Harrison. </span></p><p><span>Há muitos incidentes sobre Coward que podem atrapalhar: o fato de ter atuado em <i>Hearts of the World </i>(D.W. Griffith, 1918); sua atuação em <i>The Scoundrel </i>[<i>O Energúmeno</i>] (35, Ben Hetch e Charles MacArthur); a chance de ter sido Harry Lime em <i>The Third Man </i>[<i>O Terceiro Homem</i>]; o verdadeiro, velho homem em filmes como <i>Our Man in Havana</i> [<i>Nosso Homem em Havana</i>] (60, Carol Reed); <i>Bunny Lake Is Missing </i>[<i>Bunny Lake Desapareceu</i>] (65,<a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/09/o-dicionario-biografico-de-cinema45.html"> Otto Preminger</a>) e <i>Boom! </i>[<i>O Homem que Veio de Longe</i>] (68, Joseph Losey), todos interessantes e perspicazes, mas por conta de já não ser mais bonito; para não falar de peças filmadas, como <i>Design for Living</i> [<i>Sócios no Amor</i>] (33, Ernst Lubitsch), que <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/02/o-dicionario-biografico-de-cinema15.html">Gary Cooper</a> claramente não sabia do que se tratava; ou mesmo que o filme <i>Cavalcade </i>[<i>Cavalgada</i>] (33, Frank Lloyd) vencesse melhor filme.</span></p><p><span>Não, a influência é próxima e diz respeito a interpretação, e afeta ideias do que é um homem, ou um cavalheiro. E certamente continua. Escutem Harold Pinter e você encontrará os ritmos de Noël Coward, assim como a mesma estranha fascinação pela homossexualidade. E agora que o desejo pela autenticidade masculina que tanto estimulou o Método parece estranha, é muito mais fácil perceber a ambiguidade de gênero em, digamos, Kevin Spacey, Johnny Depp, Ralph Fiennes, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/04/o-dicionario-biografico-de-cinema177.html">Rupert Everett</a>, Jude Law, Matt Damon, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/04/o-dicionario-biografico-de-cinema126_01743862745.html">Hugh Grant</a>...e que tal Anthony Hopkins em <i>Hannibal </i>[<i>O Silêncio dos Inocentes</i>]?</span></p><p><span>Texto: Thomson, David. <i>The New Biographical Dictionary of Film</i>. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 563-65. </span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-53252916679545226392024-03-17T04:00:00.002-03:002024-03-17T07:05:30.385-03:00Filme do Dia: Performance (1970), Nicolas Roeg & Donald Commell<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsG1akxs-EpujABwnQNtzs3wp4HAm-e6hT2RcIjkJhuwzzQyo6k1Dt77SeEaNR19C0n5rlhPTsGYoPOw_bDoIlIfDedvQWSz_XdAkrfqQeKSACrhRc2egqa-1Y-jwXuMqnQ3YZLe6K8lxO0lyMG_C1w0X2oC-Qttvt2YwIJFCSsIKV1Z-MZCSUPcHR9b7K/s475/performance.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="256" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsG1akxs-EpujABwnQNtzs3wp4HAm-e6hT2RcIjkJhuwzzQyo6k1Dt77SeEaNR19C0n5rlhPTsGYoPOw_bDoIlIfDedvQWSz_XdAkrfqQeKSACrhRc2egqa-1Y-jwXuMqnQ3YZLe6K8lxO0lyMG_C1w0X2oC-Qttvt2YwIJFCSsIKV1Z-MZCSUPcHR9b7K/s320/performance.jpg" width="172" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Performance (Reino Unido, 1970). Direção: Nicolas Roeg & Donald </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Cammell. Rot. Original: Donald Commel. Fotografia: Nicolas Roeg. Música: Jack </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Nitzsche. Montagem: Antony Gibbs & Brian Smedley-Aston. Dir. de arte: John </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Clark. Cenografia: Peter Young. Figurinos: Emma Porteus. Com: James Fox, Mick </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Jagger, Anita Pallenberg, Michèle Breton, Ann Sidney, John Bindon, Stanley </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right;">Meadows, Allan Cuthbertson.</span></p><div style="text-align: justify;"><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> Gangster que se compraz em espancar suas vítimas, Chas (Fox) decide </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">fugir do universo violento em que vive, ameaçado que se encontra por seu </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">próprio grupo, para se refugiar no improvável inferninho que é a morada do </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">misterioso Turner (Jagger), um astro de rock em franca decadência e paraíso das </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">drogas e do amor livre, compartilhado por Pherber (Pallenberg) e Lucy (Breton). </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">Lá vivencia experiências de drogas que transformam sua percepção. A farra, no </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">entanto, não dura muito tempo. A gangue identifica o local onde se encontra, </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">numa de suas ligações.</span></div><div style="text-align: justify;"><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> O filme de estréia de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2018/02/the-film-handbook158-nicolas-roeg.html">Roeg </a>já apresenta as qualidades e fissuras que </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">caracterização sua obra como um todo. Ousado, ele envereda por um </span><i style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;">thriller</i><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> criminal até próximo de sua </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">metade, quando desconstrói em grande parte as convenções do filme de gangster e </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">cede espaço a própria revolução nos costumes provocada pela nova maneira de </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">encarar o sexo (e os papéis de gênero), as drogas e o rock que o seu </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">protagonista, mesmo desconfiado à princípio, acaba embarcando após consumir </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">cogumelos. Talvez o que mais chame a atenção no filme, produzido dois anos </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">antes de seu lançamento devido a um boicote do próprio estúdio, seja a sagaz </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">desconstrução da figura arquetípica do macho no cinema, o psicótico durão que </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">espanca com prazer e sua literal mescla com o oposto, a figura andrógina de </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">Jagger, proporcionada a certo momento tanto pela bela fusão dos dois rostos </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">(uma variação inventiva dos efeitos conseguidos por <a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2014/06/filme-do-dia-cerimonia-de-casamento.html">Bergman</a> em </span><b style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;"><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/04/filme-do-dia-persona-1966-ingmar-bergman.html">Persona</a></b><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">, ainda que sua referência deva </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">ter sido Kenneth Anger), apresentando de forma quase didática o quanto os </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">extremos opostos podem se encontrar mais próximos do que imaginam. No surpreendente final, novamente a </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">ambiguidade entre os dois tipos é apresentada. As cenas que representam a </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">alucinação por drogas são grandemente influenciadas pela obra de Anger (Cammell </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">chegou a ser ator de um dos filmes do realizador) e sua montagem é um trabalho </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">de uma dinâmica provavelmente sem paralelo no cinema britânico comercial de </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">então. Claro que tudo isso não esconde a faceta menos interessante e que logo </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">e tornará evidenciada na obra de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2018/02/the-film-handbook158-nicolas-roeg.html">Roeg</a>: tudo parece se encontrar a um mero </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">passo do mero maneirismo visual que envelhece, inclusive, mal; isso pode ser </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">válido para filmes posteriores mais do que para esse ou </span><b style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;"><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/04/filme-do-dia-inverno-de-sangue-em.html">Inverno de Sangue em Veneza</a></b><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> (1973), sua obra-prima. Cammell se </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">suicidaria em meados dos anos 90, após ter um de seus filmes remontado pelos </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">produtores. É curioso como fortes referências ao universo caleidoscópio de </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">Jorge Luís Borges se encontrem presentes tanto nesse, considerado como o canto </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">de cisne dos filmes que abordam a </span><i style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;">swinging </i><i style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;">London</i><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> quanto num dos primeiros a tirar partido de sua pujança estética, </span><b style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;"><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/03/filme-do-dia-blow-up-depois-daquele.html">Blow-Up</a></b><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"> (1966), de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/11/the-film-handbook102-michelangelo.html">Antonioni</a>. Jagger, a determinado momento, interpreta a </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">bela </span><i style="font-family: Calibri, sans-serif; text-align: right; text-indent: 34pt;">Turner´s Song: Memo from T</i><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">,</span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">sendo que o momento em que canta mais parece um videoclipe que se imiscui </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">repentinamente sobre a narrativa, quase como numa alusão paródica aos momentos </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">que as canções eram interpretadas nos musicais clássicos hollywoodianos. Mesmo não tendo sido creditada como tal, </span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">Pallenberg é tida como co-roteirista. Goodtimes Enterprises para Warner Bros.</span><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;">105 minutos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span face=""calibri" , sans-serif" style="text-align: right; text-indent: 34pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span face=""calibri" , sans-serif" style="font-size: x-small; text-align: right; text-indent: 34pt;">Postada originalmente em 17/03/2014</span></div><div class="MsoNormal" style="tab-stops: 124.5pt; text-align: justify; text-indent: 34pt;"><span face=""calibri" , "sans-serif"" style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div></div><div class="MsoNormal" style="tab-stops: 124.5pt; text-align: justify;"></div>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-3424856815887333092024-03-16T14:51:00.002-03:002024-03-16T14:51:55.750-03:00Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#97: Héctor Olivera<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKSB5iIseSZOYVyT109gPfkIWUvaPJyDLQnAuMb9KUpRo6f2f0sMK2mtejdCM2NNckHDLDvz7hmi0M5j-yOzRmkjhcZnKXnwKX96g8aUd0SfeQIecpKzmVS29u7ABKTZ0X2Q_LHqy2XfOwEz8OxQplH4aGncgRzImHuCg0gJf69Rj1MAVoUlj-AtWbOF0b/s1581/h%C3%A9ctor%20olivera.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1581" data-original-width="1011" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKSB5iIseSZOYVyT109gPfkIWUvaPJyDLQnAuMb9KUpRo6f2f0sMK2mtejdCM2NNckHDLDvz7hmi0M5j-yOzRmkjhcZnKXnwKX96g8aUd0SfeQIecpKzmVS29u7ABKTZ0X2Q_LHqy2XfOwEz8OxQplH4aGncgRzImHuCg0gJf69Rj1MAVoUlj-AtWbOF0b/s320/h%C3%A9ctor%20olivera.jpg" width="205" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <b>OLIVERA, Héctor</b>.<b> </b>(Argentina, 1931). Mais conhecido como escritor/diretor de filmes políticos - <b>La Patagonia Rebelde</b> (1974), <i>No Habrá más Penas ni Olvido</i> (1983); e <i>La Noche de los Lápices</i> (1986) - Héctor Olivera foi também um prolífico produtor de filmes comerciais argentinos. Nascido em Olivos, Buenos Aires, começou a trabalhar no cinema aos 17 anos como assistente de direção em <i>Esperanza</i> (Chile/<a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/12/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Argentina</a>, 1949). Trabalhou pela primeira vez como assistente de produção em 1951 (<i>Pasó en mi Barrío</i>) e então, com somente vinte e cinco anos, formou sua própria companhia produtora com <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/11/dicionario-historico-de-cinema-sul_18.html" style="font-weight: bold;">Fernando Ayala</a>,<b> </b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/05/dicionario-historico-de-cinema-sul_0182686671.html" style="font-weight: bold;">Aries Cinematográfica Argentina</a>. Olivera co-produziu <i>El Jefe</i> (1958), de Ayala, juntamente com o diretor, e produziu mais oito filmes, antes de dirigir seu primeiro filme, a comédia <i>Psexoanálisis</i>, em 1968, da qual também escreveu o roteiro.</p><p>Após dirigir outra comédia e um punhado de documentários/musicais com Ayala, Olivera encontrou o seu nicho em 1973 com a comédia/drama <i>Las Venganzas de Beto Sánchez</i>, escrito por Ricardo Talesnik.<i> </i>Quando Beto Sánchez (Pepe Mariano), um homem na faixa dos 40, perde o emprego, vinga-se nas instituições (igreja, escola e estado) que sente que o reprimiram desde a infância. Durante o período da terceira presidência de Péron, 1973-74, Olivera dirigiu seu drama histórico, <i>La Patagonia Rebelde</i>,<i> </i>olhando para o passsado de conflitos trabalhistas e ativismo na Argentina dos anos 20. Tirando vantagem de uma breve abertura democrática, Ayala e Olivera foram capazes de financiar um filme não comercial socialmente ativo que, apesar disso, encontrou público entre os simpatizantes do Peronismo. Surpreendentemente, dada a guinada à direita do governo, seguida pelo golpe militar, Olivera e a Aries verdadeiramente floresceram nos anos seguintes. A Aries teve seu ano mais produtivo ate o momento em 1975, com cinco títulos, e continuou a produzir no mesmo ritmo durante os oito anos do regime militar (40 filmes), enquanto o próprio Olivera produziu ou dirigiu 15 destes filmes para a Aries. </p><p>Justo no final da ditadura militar, Olivera dirigiu seu filme mais internacionalmente celebrado, <i>No Habrá más Penas ni Olvido</i>, uma sátira de humor negro sobre as brigas internas peronistas dos anos 70, que também opera como uma alegoria da ditadura militar e a contemporânea guerra nas Ilhas Malvinas (Falklands). Baseado em um romance de Osvaldo Soriano, título advindo de um popular tango, <i>No Habrá más Penas ni Olvido</i> é ambientado em uma cidadezinha anônima argentina, onde uma eleição se encontra em vias de ocorrer. Mas as coisas fogem do controle e o prefeito machista (<b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/08/o-dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Federico Luppi</a></b>) defende um funcionário manso e humilde, mas marxista, e a facção peronista de esquerda de sua cidade contra a direita militarista, liderados pelo rico e poderoso Dr. Guglielmini (<b>Lautaro Múrua</b>). Pessoas que se conhecem por todas as suas vidas se alocam em lados diferentes na pequena guerra que ocorre; o prefeito é torturado, e sua esposa sequestrada e ameaçada de estupro. A violência gráfica e o agravamento do clima aumenta a tensão do filme, embora a comédia sempre venha a aliviar o processo. Um dos personagens puramente cômicos, um aviador (Ulyses Dumont), primeiro pulveriza a praça da cidade e depois joga esterco nos valentões. Mas o filme se torna pungente quando seu avião se espatifa, e Olivera e Soriano parecem trazer o argumento conclusivo para as pessoas não levarem o posicionamento político demasiado sério. <i>No Habrá más Penas ni Olvido</i> venceu três prêmios no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 1984, incluindo o Prêmio Especial do Júri e o FIPRESCI, e vivenciou um bem sucedido lançamento em cinemas da América do Norte e alguns países europeus, seguindo seu sucesso no festival, sem dúvida estimulado pelo interesse do público no conflito das Malvinas. </p><p>Tentado pelas perspectivas de alcançar o mercado de cinema estadunidense comercial, Olivera dirigiu cinco co-produções argentino-estadunidenses para <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/04/the-film-handbook200-roger-corman.html">Roger Corman</a>, todas realizadas em língua inglesa, do filme de ação/drama <i>Cocaine Wars </i>[<i>Guerra da Cocaína</i>] (1985) ao <i>thriller noir</i> <i>Play Murder for Me</i> [<i>Melodria para um Crime</i>] (1990). Durante o período, voltou a fazer o filme mais sério desde <i>La Patagonia Rebelde</i>, <i>La Noche de los Lápices</i>, baseado em uma das mais chocantes séries de eventos na história argentina, quando dez estudantes secundaristas com a idade entre 16 e 18 anos, associados com uma organização estudantil militante, foram sequestrados pelos militares em setembro de 1976; mantidos em cativeiro por meses em centros de detenção ilegais; e são presumidos terem sido, em última instância, assassinados. Somente quatro sobreviveram. Baseado em um livro de não ficção de mesmo nome, escrito por María Seoane e Héctor Ruiz Núñez, o filme segue o testemunho de um dos sobreviventes, Pablo Díaz (que foi capturado em 21 de setembro), recontando os destinos de seis estudantes que foram capturados em 16 de setembro, todos eles "desaparecidos", com foco na mais jovem, Msria Claudia Falcone e sua família. Foi filmado em locações na cidade de La Plata, onde a "noite dos lápis" ocorreu.</p><p>Nos anos 1990, Olivera trabalhou mais para a televisão, iniciando com <i>El Evangelio Según Marcos</i> (1993), baseado em um conto de <b>Jorge Luis Borges</b>. Mesmo que sua companhia Aries esteja bem menos ativa que costumeiramente, Olivera ainda ocasionalmente dirige filmes sobre seu nome, incluindo <i>Ay Juancito</i> (2004), que venceu o prêmio de Melhor Diretor no Festival Internacional de Cinema do Cairo, e <i>El Mural </i>(2010). Em 2004 foi homenageado com um prêmio Coral,da Associação dos Críticos de Cinema Argentinos, pelo conjunto de sua carreira, </p><p>Texto: Rist, Peter H. <i>Historical Dictionary of South American Film</i>. Plymouth: Rowman&Littlefield, 2014, pp. 430-32.</p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-45684359180613330342024-03-16T04:00:00.005-03:002024-03-16T04:00:00.134-03:00Filme do Dia: Little Blabbermouse (1940), Friz Freleng<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/qfjQv6wRcRw" width="320" youtube-src-id="qfjQv6wRcRw"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">L</span><span style="color: #ffa400;">ittle Blabbermouse (EUA, 1940).
Direção: Friz Freleng. Rot.Original: Ben Hardaway. Música: Carl W. Stalling.
Montagem: Treg Brown.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Um rato serve de guia a um grupo de
semelhantes em uma visita a uma drugstore. A um determinado momento, todos os
produtos da mesma começam a cantar e dançar. Produto típico da série <i>Merrie Melodies</i>, concorrência
direta e menos bem sucedida às <i>Silly Simphonies </i>da Disney. A mesma
situação, incluindo o ratinho pequeno que não para de falar que dá nome ao
título, foi adaptada sem qualquer dose de criatividade em <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/04/filme-do-dia-shop-look-listen-1940-friz.html">Shop Look & Listen</a></b>, produzido no mesmo ano. Leon Schlesinger
Studios para Warner Bros. 8 minutos e 11 segundos.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-40639100111365104662024-03-15T04:00:00.001-03:002024-03-15T04:00:00.140-03:00Filme do Dia: The Bitter Bit (1899), James Bamforth<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/R4f6NSpTQoE" width="320" youtube-src-id="R4f6NSpTQoE"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">T</span><span style="color: #ffa400;">he Bitter Bit (Reino Unido, 1899). </span><span style="color: #6fa8dc;">Direção</span><span style="color: #ffa400;">
James Bamforth. </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Homem pressiona a mangueira com a mão,
impedindo o fluxo de água de circular. O homem que regava o jardim estranha e
observa a saída da mangueira, quando o homem retira o pé da mesma, esguinchando
água sobre. O brincalhão se encontra escondido atrás de uma árvore e quando o
alvo de sua brincadeira percebe tudo vai atrás dele, que utiliza a própria
árvore para tentar fugir do outro, mas é capturado pelo mesmo que o molha com a
mangueira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Bamforth não parece alguém
propriamente criativo. Das três produções sobreviventes de sua autoria, ao
menos duas são cópias de filmes alheios – no caso de <b>The Kiss in the Tunnel</b>,
de um homônimo com enredo similar. E, pior que isso, consegue piorar seus
copiados. No caso deste. Com mais tempo para apresentar sua “história” que o
célebre <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/12/filme-do-dia-o-regador-regado-1896.html">O Regador Regado</a></b>, de quatro anos antes, dos Lumière, uma boa
parte do seu tempo é gasta em uma inverossímil brincadeira no estilo pega-pega
entre os dois. Diferenciando-se da produção do país do outro lado do Canal da
Mancha, aqui é represália é feita com o mesmo instrumento do qual foi vítima –
descontada a existência de uma outra versão dos Lumière que já fazia uso desta
opção, no original sendo palmadas, o que não funcionaria para cá, tratando-se
de dois adultos. Ao invés do pé, o trocista faz uso da mão, há a existência de
um terceiro elemento em cena, aparando a grama, que apenas observa tudo sem
parar sua atividade, e ao final os dois desembestam rumo a câmera, quando nos
Lumière se havia já pensado estrategicamente numa saída perpendicular que não
poria em risco o dispositivo a filmar. No caso resenhado, um dos homens
visivelmente parece se assustar com a proximidade da câmera e muda de rota de
uma forma nada natural. |Bamforth Films/Riley Brothers. 58 segundos. <span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-45617409891423302842024-03-14T04:00:00.003-03:002024-03-14T05:51:12.955-03:00Filme do Dia: 1971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo - Starman (2021)<p> </p><p class="MsoNormal"><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge98JKgXkBnaQbFFT73qjMqJtA_x00ueXWijt0bO_6BKRDMffbSllSlIsDEE9Ut1XBPTPzIKcm1B1EGqlmNQzzoUmUKsQMMLMk_rxHDBIVoLW6RPxXVARXMT3LU9dxlqnZ9yj1UsQjZAQl-TDERR3MSHbazvSpLBnyDy1AsjD3PXUBqnL-Ki2yQSWwLDP0/s1200/1971,%20o%20ano%20em%20que%20a%20m%C3%BAsica%20mudou%20o%20mundo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge98JKgXkBnaQbFFT73qjMqJtA_x00ueXWijt0bO_6BKRDMffbSllSlIsDEE9Ut1XBPTPzIKcm1B1EGqlmNQzzoUmUKsQMMLMk_rxHDBIVoLW6RPxXVARXMT3LU9dxlqnZ9yj1UsQjZAQl-TDERR3MSHbazvSpLBnyDy1AsjD3PXUBqnL-Ki2yQSWwLDP0/s320/1971,%20o%20ano%20em%20que%20a%20m%C3%BAsica%20mudou%20o%20mundo.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #ffa400;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal"><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt;">1</span><span style="color: #ffa400;">971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo (<i>1971:
The Year That Music Changed Everything - Starman</i>, EUA, 2021). </span><span style="color: #6fa8dc;">Montagem</span><span style="color: #ffa400;"> Sam
Blair.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Em um
movimento que ocorre ao longo da série em 8 partes, do qual esse é o último
episódio, parece haver idas e vindas como em uma onda. Aqui se retorna
novamente a discutir uma Inglaterra que arrisca voltar aos tempos pré-Beatles,
em termos de conservadorismo – e observamos os senhores andando com seus
chapéus coco típicos, e um deles sendo ofensivo a um repórter que busca indagar
algo nesse sentido dele. E também o retorno a Bowie e John & Yoko.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E quando se utiliza uma canção de Yoko para
auxiliar a ilustrar o tema do conservadorismo, parece também se buscar uma
valorização que vá contra o apagamento da figura feminina, como ela vivenciou à
época, independente da qualidade de sua música. E movimentos de cunho fascista
reivindicam uma Inglaterra para os brancos. E escutamos Bob Marley, que também
contribuiu com o fantástico repertório do ano, com sua canção <i>Trench Town
Rock</i>. Marley afirma que a experiência que o transformou, após ter ouvido
The Kinks e The Beatles, foi The Who. A partir daí temos acesso a uma
quantidade enorme de material no estúdio particular de Pete Townshend. E as
imagens com declarações em tom profético de Marshall McLunhan de que todos
teriam em casa computadores com toda sorte de entretenimentos passíveis de
serem utilizados nele. Townshend parece citar uma versão distópica de <i>Imagine</i>,
imaginando um mundo repleto de poluição e diversão comodificada doméstica. E
uma vez mais Macluhan é extremamente profético em visualizar um efeito
anestésico similar ao das drogas no uso das tecnologias. Posteriormente há um
retorno igualmente ao episódio do processo e prisão dos mentores da revista
satírica OZ, como se houvesse toda uma tentativa de unir algumas das pontas
soltas dos episódios anteriores. E ficamos sabendo que imagens de um protesto
liderado por Lennon & Yoko, ao qual tivemos acesso diversas vezes em outros
contextos e para ilustrar outras músicas, foi efetuado para arrecadar fundos
para os editores da revista, tendo sido também lançada uma canção. Há
Kraftkwerk e a cultura do comodismo e estabilidade na Alemanha Ocidental. E um
breve relance de Jagger afirmando que as coisas só mudariam quando a música
realmente fosse outra, e não mais se escutar Chuck Berry até o final da
vida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>mais do que qualquer outro dos episódios se funde elementos extraído do
imaginário da época via mídia – <b>Laranja Mecânica </b>de Kubrick, lançado no
mesmo ano, a astrofísica de Carl Sagan, o surgimento dos skinheads, etc – e a
música, talvez em seu episódio igualmente mais potente, não necessariamente o
mais denso. E o caráter de colagem desse epilógo se torna literal com uma
montagem de fotos do que viria após Bowie declarar que finalmente “haviam
matado os anos 60”. </span><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;">Mercury Studios – On the Corner Films para<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apple TV+. 46 minutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-69146389572806437542024-03-13T04:00:00.010-03:002024-03-13T04:00:00.132-03:00Filme do Dia: A Victorian Lady in Her Boudoir (1896), Esme Collings<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/NxGjk4nVdqE" width="320" youtube-src-id="NxGjk4nVdqE"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="background: white; color: #1f1f1f; font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="background-color: transparent; font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">A</span> </span><span style="background: white; line-height: 107%;"><span style="color: #ffa400;">Victorian
Lady in Her Boudoir (Reino Unido, 1896). </span><span style="color: #6fa8dc;">Fotografia</span><span style="color: #ffa400;"> Esme Collings. </span><span style="color: #1f1f1f;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="background: white; color: #1f1f1f; line-height: 107%;">A composição
algo roliça da mulher a se despir é tão testemunho de padrões de beleza
distintos dos olhos que observam esta produção com a distância de bem mais de
um século, e tão recorrentes nas imagens da época quanto a inescapável função
voyeurística do cinema, em termos mais propriamente libidinosos, desde o início
das imagens em movimento. Ela se despe em meio a duas cadeiras, que servirão
como cabides improvisados onde depositará suas extensas vestes, e um cenário que busca emular o quarto íntimo
(<i>boudoir</i> para os franceses) da senhora. O fato de ser uma dama da era
vitoriana traz um sabor a mais. Como boa <i>stripper</i>, valoriza seu passe,
ao sugerir mais que se expor por completo, detendo-se na última peça, uma
camisola a qual se pode adivinhar, mais pelos seios que propriamente pelo sexo,
que se encontra nua depois deste último obstáculo. A estratégia de se despir, no
entanto, emula o naturalismo, mais que o espetáculo de gestualidades às quais
se vincularão o <i>strip-tease</i>. Neste último momento, já sentada para se
livrar das meias, só restará a mulher encarar a lente que a observa e ir em
busca talvez de um pente para escovar seus cabelos, quando o corte se antecipa
a finalização de seu gesto. |Esme Collings. 1 minuto.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="background: white; color: #1f1f1f; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="background: white; color: #1f1f1f; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgKPW2uommVJnkyet08xcAyPaCCivzAb8Pjrq1aACx3Te_vJIA5X2rRKEysdpqE49ksEt_KE5foKqoceI6joVWHEVqD-mLA07fwYM_H9CAvgiJrZfNg3aTa32kF-aiCtouMQ-rTy5oAozzA6kvu51a7DROSaUACZWi8KfWXsVjoWBLpHVKfPQwW0f-D0B2q" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="29" data-original-width="29" height="35" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgKPW2uommVJnkyet08xcAyPaCCivzAb8Pjrq1aACx3Te_vJIA5X2rRKEysdpqE49ksEt_KE5foKqoceI6joVWHEVqD-mLA07fwYM_H9CAvgiJrZfNg3aTa32kF-aiCtouMQ-rTy5oAozzA6kvu51a7DROSaUACZWi8KfWXsVjoWBLpHVKfPQwW0f-D0B2q=w35-h35" width="35" /></a></span></div><span style="background: white; color: #1f1f1f; line-height: 107%;"><br /><br /></span><p></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-39419707462290687982024-03-12T04:00:00.003-03:002024-03-12T04:00:00.136-03:00Filme do Dia: Perdi Meu Corpo (2019), Jérémy Clapin<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLlD8a69A7t21Afstdf5cYt7JJuFNGkDc4pBZL5VcAqCvxsY0O4AXzHU2up6H-LmTp-aChG1AJaeoDIJFtxjcgbIMG9Q33PUbJrSI89L-JaBoOC7NTj9krm9wQWQRYsOsMZSK05evlnYmCIoqHZTV7jYLGRPz0M3A6VP_lb4TaCjRORzFfDdZmpcCruTg4/s300/perdi%20meu%20corpo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLlD8a69A7t21Afstdf5cYt7JJuFNGkDc4pBZL5VcAqCvxsY0O4AXzHU2up6H-LmTp-aChG1AJaeoDIJFtxjcgbIMG9Q33PUbJrSI89L-JaBoOC7NTj9krm9wQWQRYsOsMZSK05evlnYmCIoqHZTV7jYLGRPz0M3A6VP_lb4TaCjRORzFfDdZmpcCruTg4/s1600/perdi%20meu%20corpo.jpg" width="300" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">P</span><span style="color: #ffa400;">erdi
Meu Corpo (<i>J’ai Perdu Mon Corps</i>,
França, 2019). Direção: Jérémy Clapin. Rot. Adaptado: Jérémy Clapin &
Guillaume Laurant, a partir do romance de Laurant. Música: Dan Levy. Montagem:
Benjamin Massoubre. </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">Naoufel sonha em ser pianista e astronauta,
algo incentivado respectivamente pela mãe e pelo pai, quando criança. Porém,
ele se torna, na adolescência, um entregador de pizzas, diante de um pai
desinteressado dele e da vida, e de um irmão mais velho irritante e pouco
sensível às demandas do jovem. E para piorar, enquanto entregador não possui o
menor talento. Certa noite ao ir entregar o produto para uma garota, Gabrielle,
que mora no trigésimo quinto andar e após uma demora de quarenta minutos, dado
um acidente que vivenciara, Naoufel descobre que a pizza já se encontra
completamente destroçada. Ele conversa um longo tempo com Gabrielle pelo
interfone. Ela o convida para passar a noite em seu apartamento, mas ele vai
embora, após ter comido ele próprio a pizza. Porém, vai atrás da única
informação que sabe a respeito dela, que ela trabalha em uma biblioteca.
Segue-a e descobre que ela sempre passa em uma marcenaria, que seu tio, Gigi,
trabalha. Ele se torna assistente do tio e um exímio marceneiro. Porém, tempos
depois, após um primeiro encontro a sós com Gabrielle, ela se irrita e o
abandona sozinho no terraço do prédio abandonado, vizinho da marcenaria, e
território dos sonhos do garoto que, com sua obsessão pelo Polo Sul, lá
construiu um iglu. Ressaqueado da bebida e da confusão em que se meteu após ter
ido a festa do irmão, que era o roteiro original do casal na noite anterior,
Naoufel sofre um grave acidente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">Tal como seu tímido e antissocial
protagonista, o filme não fecha exatamente em relação ao seu passado, e ao
laconismo se soma também uma dose de imaginação igualmente associada a Naoufel,
aqui presente na mão autônoma que o segue e que o espectador cinicamente poderá
indagar, ao largo de boa parte da narrativa, se será a mão do destino ou a
invisível de Adam Smith, para ficar com uma resposta mais próxima do trauma e
da subjetividade espraiada para o mundo que exala nessa animação, de belos
traços realistas. O estranhamento da narrativa, e algumas suposições
decorrentes de seu senso lacunar talvez se tornem mais interessantes que a
própria história em si. Há alguns dados menores que se não atrapalham de todo,
tampouco ajudam, como é o caso da música, extremamente colada no minimalismo de
Phillip Glass para apresentar personalidade própria, embora não de toda
inequívoca dado o contexto alucinatório e de quebra-cabeças que persegue toda a
fábula, sem maiores excessos além da mão ambulante, que chega a ser vítima de
um grupo de formigas, tal qual na cena do célebre <b>Um Cão Andaluz</b> (1928), de Buñuel e Dali. Uma outra referência
importante ao filme é o livro dado por Gabrielle ao garoto, <i>O Mundo Segundo Garp</i>, de John Irving,
que foi adaptado pelo cinema norte-americano ao final dos anos 70.
Xilam/Aurvergne Rhône-Alpes Cinéma para Netflix. 81 minutos. <span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "PT Sans Narrow";"><o:p> </o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-28793971530278899042024-03-11T04:00:00.003-03:002024-03-11T04:00:00.357-03:00Filme do Dia: Sobre Nós (2016), Miguel Moura<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilBQH70cdUYz1mzx3HVMjb1qlsf16J6EXs6nV8muD_fDbZDrlUMjvUFyL61uDQyTkZrKlIh9EfS2uqz3ohSNavV2IErqPJ19fiWVkHmvgWKDOPYSx3ynZpFvC9dsZavqyJK3pCcpLAx83_PmllDSwL3f-T0dO9Mtlp7qxfogF06BGNlwb9MkswEiPVtcZw/s315/sobre%20n%C3%B3s.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="315" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilBQH70cdUYz1mzx3HVMjb1qlsf16J6EXs6nV8muD_fDbZDrlUMjvUFyL61uDQyTkZrKlIh9EfS2uqz3ohSNavV2IErqPJ19fiWVkHmvgWKDOPYSx3ynZpFvC9dsZavqyJK3pCcpLAx83_PmllDSwL3f-T0dO9Mtlp7qxfogF06BGNlwb9MkswEiPVtcZw/s1600/sobre%20n%C3%B3s.png" width="315" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 111%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">S</span><span style="color: #ffa400;"><span style="background: white; line-height: 111%;">obre Nós (Brasil, 2016). Direção, Dir.de Fotografia e
Montagem: Miguel Moura. Rot. Original: Chandelly Braz, Samuel Toledo &
Miguel Moura. Dir. de arte: Juliana Esquenazi. Figurinos: Julia Souza. Com:
Chandelly Braz, Samuel Toledo.</span><span style="background: white; line-height: 111%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 111%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="background: white; line-height: 111%;">Dois amigos de longa data (Braz e Toledo) se reencontram após
certo tempo. Dentre eles, à espera do horário para saírem para algum evento, ao
fumarem um cigarro, o tempo, algumas memórias compartilhadas de alguém morto,
silêncios constrangidos.</span><span style="background: white; line-height: 111%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 111%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="background: white; line-height: 111%;">Sensível e tocante em sua simplicidade, filmado em p&b e
a partir de um recorte temporal praticamente o mesmo do tempo em curso durante
a ação, trabalha de forma interessante essa dupla interatividade com o tempo –
ao mesmo tempo que se move em tempo praticamente real, incluindo silêncios e
pausas na fala, há o peso resistente de um tempo ausente-presente, do
passado. Rebuliço e Mãe Joana Filmes. 14
minutos e 49 segundos.</span><span style="background: white; font-size: 10.0pt; line-height: 111%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "PT Sans Narrow";"><o:p></o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-14150148946534490952024-03-10T05:00:00.436-03:002024-03-10T06:41:32.581-03:00O Dicionário Biográfico de Cinema#226: Josef von Sternberg<p> <span style="color: red;"><b style="font-size: x-large;">Josef von Sternberg </b><span style="font-size: medium;">(Josef Stern) (1894-1969), n. Viena</span></span></p><p><span><span style="font-size: medium;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvRxlsgDQip8EICP7Hi5h1chK4OnRuHbd3XnjY5qAA3YfSV2cYUcvrgvGkzdEr7HN6Ptgx2f-a_iYJLa8ua9MUfNYaeZCJB42yzdNYq8GlEuGgr9vsM9giqd2aooNgwik2FMa8g_9qUsJ1fsVrGtkLls7jbMB1qCi-4Ta4UE5FdGAvbQv46KIfdn6sg/s612/josef%20von%20sternberg.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="469" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicvRxlsgDQip8EICP7Hi5h1chK4OnRuHbd3XnjY5qAA3YfSV2cYUcvrgvGkzdEr7HN6Ptgx2f-a_iYJLa8ua9MUfNYaeZCJB42yzdNYq8GlEuGgr9vsM9giqd2aooNgwik2FMa8g_9qUsJ1fsVrGtkLls7jbMB1qCi-4Ta4UE5FdGAvbQv46KIfdn6sg/s320/josef%20von%20sternberg.jpg" width="245" /></a></span></span></div><span><span style="font-size: medium;"><br /><span style="color: red;"><br /></span></span></span><p></p><p><span><span style="font-size: medium;"><span style="color: red;">1</span>925: <i>The Salvation Hunters</i>. 1926: <i>The Exqusite Sinner</i> [<i>Ele e a Cigana</i>] (co-dirigido com Phil Rosen); <i>A Woman of the Sea</i>. 1927: <i>Underworld </i>[<i>Paixão e Sangue</i>]; <i>Children of Divorce</i> [<i>Filhos do Divórcio</i>] (co-dirigido com Frank Lloyd). 1928: <i>The Last Command </i>[<i>A Última Ordem</i>]; <i>The Dragnet</i> [<i>O Super-Homem</i>]; <i>The Docks of New York</i> [<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/10/filme-do-dia-docas-de-nova-york-1928.html">Docas de Nova York</a></i>]. 1929: <i>The Case of Lena Smith </i>[<i>O Romance de Lena</i>]; <i>Thunderbolt</i> [<i>O Homem de Mármore</i>]. 1930: <i>Der Blaued Engel </i>[<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2015/03/filme-do-dia-o-anjo-azul-1930-josef-von.html">O Anjo Azul</a></i>]; <i>Morocco </i>[<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/07/filme-do-dia-marrocos-1930-josef-von.html">Marrocos</a></i>]. 1931: <i>Dishonored </i>[<i>Desonrada</i>]; <i>An American Tragedy </i>[<i>Uma Tragédia Americana</i>]. 1932: <i>Shangai Express </i>[<i>O Expresso de Shangai</i>]; <i>Blonde Venus </i>[<i>A Vênus Loira</i>]. 1934: <i>The Scarlet Empress </i>[<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2017/05/filme-do-dia-imperatriz-vermelha-1934.html">A Imperatriz Vermelha</a></i>]. 1935: <i>The Devil Is a Woman</i> [<i>Mulher Satânica</i>]; <i>Crime and Punishment </i>[<i>Crime e Castigo</i>]. 1936: <i>The King Steps Out </i>[<i>O Rei Se Diverte</i>]. 1937: <i>Claudius </i>(*) (não concluído). 1939: <i>Sergeant Madden </i>[<i>Sargento Madden</i>]. 1941: <i>The Shangai Gesture</i> [<i>Tensão em Xangai</i>]. 1943: <i>The Town</i> (d) (c). 1951: <i>Jet Pilot</i> [<i>Estradas do Inferno</i>] (**) (co-dirigido com <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/12/o-dicionario-biografico-de-cinema112.html">Jules Furthman</a>). 1952: <i>Macao</i> (co-dirigido com<a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/04/o-dicionario-biografico-de-cinema222.html"> Nicholas Ray</a>). 1953: <i>The Saga of Anatahan </i>[<i>Anatahan</i>].</span></span></p><p><span><a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2017/01/the-film-handbook112-josef-von-sternberg.html"><span style="font-size: medium;">V</span>on Sternberg</a> nos tornou fácil antipatizá-lo. Seu tom favorito era o de desdém. Cortejou inimigos assim que saiu dos trilhos, tornando-se não empregável com arrogância serena. Em <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2024/03/filme-do-dia-imperatriz-vermelha-1934.html">A Imperatriz Vermelha</a></i>, o personagem de John Lodge, apaixonado por Dietrich, mas sabedor que ela iria humilhá-lo, é convidado a admitir um oficial subalterno no quarto da Imperatiz. Ao fazê-lo, sorri sardonicamente, e pede ao oficial que dê a Dietrich uma mensagem e então diz, não importa, ela compreenderá. Assim é que von Sternberg nos deixa para entender ou expor nossa estupidez. A cumplicidade respira em seus filmes, não apenas na adoração fatalística que a câmera oferece a Dietrich e que ela responde enigmaticamente, mas na admissão "naturalmente, es uma miscelânea, sem sentido nenhum. Somente os mais ilustrados podem ver a beleza interior." Sternberg cultivou seu próprio elitismo, surpreendentemente sobrevivendo com ele por treze filmes na Paramount, e então tolerou um exílio crescentemente bizarro.</span></p><p><span>Sua juventude foi dividida entre Viena e Nova York, e em sua obra alternou um senso de <i>femme fatale</i> continental e o herói americano lacônico mais completamente do que qualquer outra pessoa: em <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2015/03/filme-do-dia-o-anjo-azul-1930-josef-von.html">O Anjo Azul </a></i>e <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/07/filme-do-dia-marrocos-1930-josef-von.html">Marrocos</a></i>, por exemplo, fez ponte entre os mundos da humilhação germânica e do orgulho hawksiano. Trabalhou, em turnos, para a World Film Corporation e serviu no exército americano. Após a guerra, fez sua estreia como assistente de direção em <i>The Mystery of the Yellow Room </i>(19, Emile Chautard). Trabalhou em <i>The Highest Bidder </i>(21, Wallace Worsley) e <i>By Divine Right </i>[<i>Por Direito Divino</i>] (24, Roy William Neill), no qual um "von" foi acrescentado a seu nome "sem meu conhecimento".</span></p><p><span><i>The Salvation Hunters</i>, feito com bem poucos recursos e novas locações, foi visto como realismo refrescante. Mas Sternberg rapidamente estabeleceu um mundo particular de luz e sombras, romance e violência, homens fortes e mulheres misteriosas. <i>Paixão e Sangue </i>e <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/10/filme-do-dia-docas-de-nova-york-1928.html">Docas de Nova York</a> </i>apresentam seu imaginário erótico em formação e <i>A Última Ordem</i> é um exercício para o enfraquecimento do inflado e repleto de auto-comiseração Emil Jannings alcançadas em <i>O Anjo Azul</i>.</span></p><p><span>Mesmo sendo econômico nos diálogos, o som foi essencial a Sternberg por conta de seu gosto por um realismo comportamental bastante intimista, dentro de um artíficio surrealista de trama e cenários. Não menos essencial foi Dietrich. Com a melhor boa vontade do mundo, seus filmes sem ela perdem este langor maravilhoso e fulminante. Não foi um homem fácil de ser dirigido por. Muitos atores - notadamente Jannings e William Powell - reagiram violentamente a ele. Dietrich o adorava e confiava nele. Daí o porque de seus filmes juntos terem uma incrível privacidade, contra a qual, as preocupações sensatas da Paramount pareceram irrelevantes. </span></p><p><span>Em retrospecto, parece rídiculo que Lubitsch tenha sido estimado na Paramount por sua sofisticação, e se pensasse de Sternberg como um ingovernável fantasista. Ele assegurou no celulóide que muitas imagens do rosto de Dietrich, movendo-se entre a luz e as sombras, fossem melhor tema para o cinema que os estratagemas teatrais de <a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/03/the-film-handbook66-ernest-lubitsch.html">Lubitsch</a>. Inventou países em direção de arte para ela - o norte da África, China, Espanha e Rússia - que foram autênticos somente em termos emocionais. Fez da mulher a árbitra sexual, observadora serena de uma vida absurda que não oferecia melhor consolo que o de se vivenciar o prazer. <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2017/05/filme-do-dia-imperatriz-vermelha-1934.html" style="font-style: italic;">A Imperatriz Vermelha</a> é a prova que a imagem sexual é mais duradoura e séria que amor, política e história. E seu final, defesa delirante da depravação aberta de Dietrich de um triunfo do <i>amour fou</i> do cinema americano e uma obra-prima do surrealismo. Ao lado deste, <i>Marrocos </i>e <i>Expresso de Shangai</i> são apenas belas celebrações do romance, a insistência no apego sentimental conquistando à razão. <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2024/03/filme-do-dia-imperatriz-vermelha-1934.html">A Imperatriz Vermelha</a></i> possui este espírito tornado esplendidamente agressivo com o próprio pessimismo engenhoso de Sternberg. Parece tão surpreendente, que ninguém ousaria fazê-lo hoje.</span></p><p><span>Após Dietrich, Sternberg aceitou atribuições. <i>Claudius </i>quebrou, por conta do acidente de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/02/o-dicionario-biografico-de-cinema16.html">Merle Oberon</a> e da intransigência de Charles Laughton, mas é mais característico de um projeto arruinado de Sternberg. Sua obra posterior é virtualmente definida por obstáculos e impedimentos que criou para si próprio. Portanto, deixou a Paramount, sob uma nuvem, demitido por Lubitsch, aparentemente demasiado orgulhoso para admitir que as "extravagantes" cenas de multidão em <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2024/03/filme-do-dia-imperatriz-vermelha-1934.html">A Imperatriz Vermelha</a></i> provieram de um filme silencioso de Lubitsch, <i>The Patriot </i>[<i>Alta Traição</i>]. <i>Tensão em Xangai</i>, <i>Estradas do Inferno </i>e <i>Macao</i> são filmes fragmentários, claramente maltratados por suas próprias companhias produtoras, mas ainda oferecendo relances de jogos de luz em um sorriso feminino que Sternberg identificava como fundamental ao cinema. <i>Macao</i>, particularmente, suas imagens gloriosas e alucinatórias, da treliça do falso luar nadando sobre conjuntos de papelão. </span></p><p><span>Foi necessária a impossibilidade ridícula de <i>Anatahan</i> para concluir sua carreira de realizador. Uma trama selvagem - sobre marinheiros japoneses e uma mulher abandonada em uma ilha não sabendo que a guerra acabou - filmado sob as condições mais simples. A ilha foi feita de papel, celofone, e luz. E o próprio Sternberg fotografou o filme, revelada em tal artificialidade pura, arrependendo-se somente de ter utilizado água real. Raramente visto, <i>Anatahan</i> é uma obra-prima, a ser considerado ao lado dos filmes com Dietrich. Por sua total absorção no estilo, interesse destituído de remorsos na existência sexual, sutil convicção na desesperança e amoralidade, Sternberg agora permanece claramente, como um dos maiores diretores e o primeiro poeta do cinema <i>underground</i>.</span></p><p><span>Após <i>Anatahan</i>, ensinou cinema e escreveu seu escandaloso compêndio em alegria amarga e confissões ocultas, <i>Fun in a Chinese Laundry</i>. O capítulo sobre Dietrich é uma contribuição maior a literatura sobre o cinema e uma grande e caústica história de amor.</span></p><p><span>Texto: Thomson, David. <i>The New Biographical Dictionary of Film</i>. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2733-36. </span></p><p><span style="font-size: x-small;">N. do E: (*) no IMDB, <i>I, Claudius</i></span></p><p><span style="font-size: x-small;">(**) somente lançado em 1957, data com o qual é creditado no IMBD.</span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-33907243632361201052024-03-10T04:00:00.009-03:002024-03-10T06:28:40.752-03:00Filme do Dia: A Imperatriz Vermelha (1934), Josef von Sternberg<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBpGwx2X_xbJeT1TT1FVPqR_saJiWQP5mz90gXSKgXuya7e-wNYwppOin3flPAhNaTnLVeksN_pZQg91SUHMAjpMM-XrEnlhCXlfY4SER9AstPZYsQE76bpxVcMDH-85lGFnFM8XaY-ZmdXFFsUm2J6CsZArfTbACEgtrLldWK3LZXRo9KBZjo-OzItpq3/s1024/a%20imp.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBpGwx2X_xbJeT1TT1FVPqR_saJiWQP5mz90gXSKgXuya7e-wNYwppOin3flPAhNaTnLVeksN_pZQg91SUHMAjpMM-XrEnlhCXlfY4SER9AstPZYsQE76bpxVcMDH-85lGFnFM8XaY-ZmdXFFsUm2J6CsZArfTbACEgtrLldWK3LZXRo9KBZjo-OzItpq3/s320/a%20imp.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <b style="text-align: justify;"><span class="gr-progress" style="font-size: x-large;">A</span></b><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">Imperatriz Vermelha (</span><i style="text-align: justify;">The Scarlett Empress</i><span style="text-align: justify;">, EUA, 1934). Direção:<a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2024/03/o-dicionario-biografico-de-cinema226.html"> Josef von Sternerg</a>. Rot. Adaptado: Manuel Komroff, a partir dos diários de Catarina II. Fotografia: Bert Glennon. Montagem: Josef Von Sternberg & Sam Winston. Dir. de arte: Hans Dreier. Figurinos: Travis Banton. Com: Marlene Dietrich, John Lodge, Sam Jaffe, Louise Dresser, C. Aubrey Smith, Gavin Gordon, Olive Tell, Ruthelma Stevens.</span></p><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 16.96px;"> A Princesa Sofia (Dietrich) da Alemanha é escolhida para casar com o Grão-Duque Pedro (Jaffe) por sua mãe, a Imperatriz Elizabeth (Dresser), que envia como emissário o Conde Alexei (Lodge), que apaixona-se por Sofia, que leva a mãe. Ao chegar, Sofia se dá conta que Pedro possui um retardo mental. Refém do poder tirânico de Elizabeth, que inclusive lhe muda o nome para Catarina e de quem apenas necessita um filho varão, que Catarina lhe dá. Enquanto Elizabeth adoece gravemente, o embate sobre quem a sucederá começa a se dar. Catarina não poupa esforços para consegui-lo, inclusive mandando matar o marido.<o:p></o:p></span></div><br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 16.96px;">Como se não bastassem as constantes alusões em suas eventuais cartelas (herança do cinema mudo que <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2024/03/o-dicionario-biografico-de-cinema226.html">Sternberg</a> achou por bem manter) sobre o reinado da Rússia como sendo o de um povo bárbaro, existem várias referências igualmente nos diálogos (como quando alude a possibilidade de trazer cavalos para a humilde estalagem em que a mãe da futura imperatriz diz lembrar um estábulo), imagens (sobretudo na cena de um soldado comendo com gosto a cabeça de uma ave) ou caracterização de personagens (uma imperatriz analfabeta e devassa). Aliás, ressaltar toda essa brutalidade tem uma função menos propriamente política, embora tão pouco inexistente tal intenção, que elemento na elaboração erótica amplificada pelo estilo barroco de seus virtuosos movimentos de câmera, primeiros planos quase obscenos da troca de olhares entre Sofia-Catarina, fotografia e iluminação a realçarem a titilação a partir de fluidos que emanam dos olhos e da boca e também de sua extravagante cenografia e figurinos. O erotismo é mais amplificado por uma Dietrich menos fatal como sua habitual persona nos filmes de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2017/01/the-film-handbook112-josef-von-sternberg.html">Sternberg</a> que com um olhar neutro de felina assustada, ao menos até o terço final do filme, quando recupera seu status. Sensualidade que não dispensa o humor, algo antecessor de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2017/06/the-film-handbook133-billy-wilder.html">Wilder</a>, na caracterização de um consorte de cara alucinada por um riso apalermado ou diversas mulheres da corte para conseguirem empurrar uma das maciças portas do palácio. Só que, ao contrário desse, decididamente anti-sentimental. A sutileza está longe de ser a marca registrada do cineasta e aqui existe raros momentos em que ela pode ser observada – como o de uma Sofia postada de costas para a câmera quando seu pai dela se despede, talvez para nunca mais vê-la, impedindo que tenhamos acesso ao seu estado de espírito . Interessante por igualmente destacar o quanto as relações de gênero/poder podem ser compreendidas por vezes em termos contextuais: de submissa e capacho da imperatriz se observa uma Catarina triunfante ao final e observando os homens como objetos, inclusive o seu amante, que não tem o direito de dividir as glórias públicas com ela, como demonstra as imagens finais. Destaque para a cena em que o Grão-Duque, na iminência de se sagrar imperado, utiliza termos pouco habituais para se dirigir a uma mãe morta como “urubu velho” e afirmando que ninguém mais lembrará dela em um mês. Ou ainda para a possibilidade do filho de Catarina ser tanto de um soldado com quem tem um encontro eventual por estratégia quanto do amante Alexei. E, por fim, para cenas de extras (os créditos iniciais, modestos em termos de apresentação da equipe técnica, mencionam a presença de mil extras) com os seios à mostra de relance para representar as torturas infligidas pelos cossacos à população. Embora Dietrich não esteja má, a cena é praticamente roubada por excelentes coadjuvantes como Dressler e Jaffe, irreconhecível em sua estreia no cinema. Paramount Pictures. 104 minutos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 16.96px;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: x-small; line-height: 16.96px;">Postada originalmente em 22/05/2017</span></div>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-31669484600476100532024-03-09T11:34:00.259-03:002024-03-09T14:51:47.680-03:00Diretoras de Cinema#11: María Luisa Bemberg<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Ta1CcxsIQwVrJNGpnER7vRVEpwpVFBpjwrccOpXZnA_HYDh9YgABCLJHCjExgokC3tzean75Kcx9Bbxv3-dRz0vD9tNreprqur4TWYeA4B6ePPyyy-wB1xMvX0rvnJ2mv5eO8nU2JVow60VyfZDNHZAFzMKczEds-HdRZqSQkLrmn31TZlEKQKTo7ku_/s1406/mar%C3%ADa%20luisa%20bemberg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1037" data-original-width="1406" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Ta1CcxsIQwVrJNGpnER7vRVEpwpVFBpjwrccOpXZnA_HYDh9YgABCLJHCjExgokC3tzean75Kcx9Bbxv3-dRz0vD9tNreprqur4TWYeA4B6ePPyyy-wB1xMvX0rvnJ2mv5eO8nU2JVow60VyfZDNHZAFzMKczEds-HdRZqSQkLrmn31TZlEKQKTo7ku_/s320/mar%C3%ADa%20luisa%20bemberg.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <b>BEMBERG, MARIA LUISA (1940*-1995), Argentina</b>. María Luisa Bemberg é mais conhecida por dirigir <i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/09/filme-do-dia-camila-o-simbolo-de-uma.html">Camila</a></i> (1984), uma co-produção hispano-argentina baseada na história real de uma mulher do século XIX que fugiu com um padre e foi perseguida e executada com seu amante. Um drama de época exuberante, o filme, como muitos latino-americanos, destaca a difícil situação de uma mulher de espírito livre, que desconsidera os códigos sociais de um ordem e autoridade patriarcais, particularmente as figuras da igreja e da família. Camila desconsidera a autoridade de ambos os poderes. Ela ignora o fato de sua avó ter sido literalmente trancafiada por demonstrrar inapropriadamente a sexualidade feminina. Como sua avó, ela perde sua vida por um amor. O posicionamento de Bemberg da história de amor ilicita dentro da própria igreja é uma subversão da autoridade clerical. Como Barbara Quart observa, a própria história de amor é definida como uma forma de "cativeiro" por muitas realizadoras ocidentais (p. 253).</p><p><i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/09/filme-do-dia-camila-o-simbolo-de-uma.html">Camila</a></i> é, na verdade, uma narrativa de cativeiro que pode não permitir uma saída para a protagonista feminina, mas fornece um quadro metadiegético, dentro do qual a mulher tira bastante autoridade das mãos de seus opressores, e voluntariamente exibe seu autodefinido erotismo. O filme<i> </i>tem sido denominado como melodrama, pondo-o na tradição da literatura feminina do romance romântico. Mas a novela romântica e o filme melodramático são desprivilegiados pela maior parte da crítica e cânone masculino-orientado. Recentemente, no entanto, críticas de cinema feministas (**) reavaliaram esta forma admitidamente sobrecarregada como um local de subversão política feminista e expressão dialógica. O que proporcionou uma nova luz aos previamente ignorados ou desacreditados filmes de muitas realizadoras, incluindo Lois Weber nos Estados Unidos e muitas outras realizadoras internacionais. A mulher melodramática de Bemberg é tanto um sinal do olhar objetificador masculino como outra coisa: a reconstrução da subjetividade feminina, autoridade e voz. O rosto desafiador de Camila, iluminada e fotografada para realçar superficialmente sua máscara de ódio, é indisfarçavelmente feminista em sua natureza. Soma-se a isso, as vozes patriarcais observadas pelas figuras masculinas. Por exemplo, o avô de Camila considera no filme que "uma mulher solteira (...) ou o convento ou o matrimônio (...) o matrimônio é ordem (...) e nenhum povo ou país pôde viver sem ordem."</p><p>A sexualidade feminina está em desacordo com o estado político, com a própria "normalidade" patriarcal. Deveria ser suprimida ou finalizada. Em <i>Camila</i>, dá-se um fim, e o filme de Bemberg é um dos mais trágicos filmes da história do cinema latino-americano. O filme implica um discurso em dupla voz, ou dualidade de intenções. Por um lado, parece se conformar às convenções narrativas do cinema patriarcal (a mulher transgressora sofre e morre). Mas o manuseio desta morte desafia abertamente as convenções nas quais a diretora claramente transmite ao público a completa ausência de razão inerente ao ato da opressão patriarcal, que é observada em toda sua feiúra. De acordo com o raciocínio de <i>Camila</i>, a sexualidade da mulher não podia, ou deveria, ser reprimida ou oprimida. </p><p>Para dirigir seus filmes, María Luisa Bemberg divorciou-se de seu marido, após crescer em uma família da elite. Em certo sentido, na tela, em <i>Camila</i>, ela interpreta a fuga que fez do que era aparentemente uma forma de cativeiro real. Seus filmes e roteiros sempre giram em torno das lutas das mulheres e das transformações feministas. <i>Miss Mary</i>, seu quinto longa (***), diz respeito a uma mulher que, em certo sentido, é uma exilada, uma governanta britânica trazida à Argentina nos anos 30 para educar as crianças de classe alta. Outro filme melodramático e lustroso Bemberg localiza a mulher exilada, estrelado por Julie Christie e financiado por capitais norte-americanos. Bemberg localiza a mulher exilada dentro de um outro tipo de cativeiro (trabalho) e traz muitos temas comuns com <i>Camila</i>. O confinamento do corpo e desejo femininos na família burguesa, a religião ortodoxa e o local de trabalho definido pelo masculino são alguns dos temas centrais em <i>Miss Mary</i>. Miss Mary é dilacerada pela repressão sexual e atitudes em relação às mulheres.</p><p>A imagem de uma mulher mascarada é outra manifestação de uma forma de captura narrativa que é contextualizada tematicamente em <i>Miss Mary</i>. Em muitos filmes e obras literárias, as mulheres são frequentemente forçadas a se mascararem de forma a de alguma maneira "conterem" sua sexualidade e individualidade. Em <i>Miss Mary</i>, a figura materna geralmente usa óculos escuros, e as filhas são obcecadas com maquiagem. A própria Miss Mary, como Camila, uma uma máscara de apagamento ou falta insondável, nunca permitindo expressar dor ou desejo, como forma de pagar o preço de recuperar sua subjetividade. A jovem latino-americana, Carolina, deseja escapar de sua via de mascaramento e objetificação. A opressão feminina é compartilhada, para além das fronteiras de terra e cultura, entre Carolina e a britânica, ainda que as duas sejam separadas pela língua e outras diferenças culturais. Bemberg sobrepõe a ordem colonialista (através da figura de Miss Mary) sobre a ordem patriarcal latino-americana. </p><p><i>Miss Mary</i>, de Bemberg, justapõe melodrama com laivos de subtom irônico feminista, particularmente nas cartas que Miss Mary escreve para sua família colonialista inglesa. Aqui Bemberg traz com maestria um humor sombrio que expõe as expectativas colonialistas através das palavras de sua figura exilada. As cartas de Miss Mary criam um universo ficcional que dizem respeito menos à realidade que as expectativas colonialistas da outra terra, exótica. Ao invés de descrever a atmosfera de decadência e rancor familiares, Miss Mary escreve sobre um pitoresca fazenda, cheia de "nativos" felizes. É um filme de complexidade, por conta de suas múltiplas camadas e da interação dialógica de Bemberg de melodrama, humor e sofrimento. </p><p>Bemberg continou a realizar a complexos, ainda que exuberantes, filmes de época, que são frequentemente desconsiderados enquanto melodramas. <i>Yo la mas Pobre de Todas </i>(****) (1990), se centra em uma freira e poetisa mexicana do século XVII, que se une a igreja para encontrar um local que seja seu para perseguir uma vida de contemplação e escrita. María Luisa Bemberg foi não somente a primeira realizadora argentina comercialmente bem sucedida, mas uma das poucas diretoras latino-americanas que tem sido distribuída internacionalmente. </p><p><b>Filmografia Selecionada </b></p><p><i>El Mundo de la Mujer</i> (1972) (c)</p><p><i>Juquetes </i>(*****) (1978) (c)</p><p><i>Momentos</i> (1980)</p><p><i>Señora de Nadie </i> (1982)</p><p><i>Camila </i>[<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/09/filme-do-dia-camila-o-simbolo-de-uma.html">Camila: O Símbolo de uma Mulher Apaixonada</a></i>] (1984)</p><p><i>Miss Mary </i>(1986)</p><p><i>Yo, la Peor de Todas</i> (1990)</p><p><i>De Eso no se Habla </i>(1993)</p><p><b>Bibliografia Selecionada</b></p><p>Brunette, Peter. "Political Subtext in a Fairy Tale from a Feminist." New York
Times, September 25, 1994, 14H, 16H.</p><p> Burton, Julianne, (org.) <i>Cinema and Social Change in Latin America</i>. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1990.</p><p> Freydberg, Elizabeth Hadley. "Women of Color: No Joy in the Seduction of Images." In <i>Multiple Voices in Feminist Film Criticism</i>, (org.) Diane Carson,
Linda Dittmar, e Janice Welsch, pp. 468-80. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1994.</p><p> Fusco, Coco, ed.<i> Reviewing Histories: Selections from New Latin American Cinema</i>. Nova York: Hallwalls, 1987.</p><p> King, John, and Nissa Torrents, (orgs.) The Garden of Forking Paths: <i>Argentine Cinema</i>. Londres: BFI, 1987. </p><p> Lesage, Julia. "Latin American and Caribbean Women in Film and Video." In
<i>Multiple Voices in Feminist Film Criticism</i>, (orgs.) Diane Carson, Linda
Dittmar, and Janice Welsch, pp. 492-502. Minneapolis: University of Minnesota
Press, 1994.</p><p>Lopez, Ana. "Tears and Desire: Women and Melodrama in the 'Old' Mexican
Cinema." In <i>Multiple Voices in Feminist Film Criticism</i>, (orgs.) Diane
Carson, Linda Dittmar, and Janice R. Welsch, pp. 254-70. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1994. </p><p> Pick, Zuzana M., (org.) <i>Latin American Film Makers and the Third Cinema</i>. Ottawa:
Carleton University Press, 1978.</p><p> Quart, Barbara. <i>Women Directors: The Emergence of a New Cinema</i>. New York:
Praeger, 1988.</p><p>Texto: Foster, Gwendolyn Audrey. <i>Women Film Directors - An International Bio-Critical Dictionary</i>. Westport/Londres: Greenwood Press, 1995. pp. 38-41.</p><p><br /></p><p>N. do E.: (*) Nascida em 1922, segundo o IMDB. </p><p>N. do E.: (**) é um tanto cabotino da autora associar esta reavaliação somente aos estudos feministsas, tendo em vista que antes deles, autores como Peter Brooks e Thomas Elseasser trouxeram o foco para uma reavaliação mais ampla do próprio gênero e diversas de suas potencialidades. </p><p>N. do E.: (***) Ao que tudo indica, seu quarto longa.</p><p>N. do E.: (****) <i>Yo, la Peor de Todas </i>segundo o IMDB. </p><p>N. do E.: (*****) o título, na verdade, é <i>Juguetes</i>.</p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-59431722222153359612024-03-09T04:00:00.007-03:002024-03-09T04:00:00.127-03:00Filme do Dia: Alemanha, Ano Zero (1948), Roberto Rossellini<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdmW_rtNj7tF5K946N-jvlu3r80bjWP1Hb_ZOyuAHt7_lkkD21ADGnivMcSwoP5Z43OgB35t4y0DdbbK_2uhx6-bp1Pwwt5iPjIKxhSD0vEA9N8nKvTwQe5BFHCcPTMSsIbeHP5MSPwUOaZNTZdC9uwE6GoI4YkjLfJFU9adTXhyphenhyphen3I0Uu25K3g7LyC4kPB/s269/alemanha,%20ano%20zero.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="187" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdmW_rtNj7tF5K946N-jvlu3r80bjWP1Hb_ZOyuAHt7_lkkD21ADGnivMcSwoP5Z43OgB35t4y0DdbbK_2uhx6-bp1Pwwt5iPjIKxhSD0vEA9N8nKvTwQe5BFHCcPTMSsIbeHP5MSPwUOaZNTZdC9uwE6GoI4YkjLfJFU9adTXhyphenhyphen3I0Uu25K3g7LyC4kPB/s1600/alemanha,%20ano%20zero.jpg" width="187" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">A</span><span style="color: #ffa400;">lemanha, Ano Zero (<i>Germania, Anno Zero</i>,
Itália/França/Alemanha, 1948). Direção : Roberto Rossellini. Rot. Original:
Roberto Rossellini, Sergio Amidei, Carlo Lizzani, Max Kolpé, a partir de uma
ideia de Basilio Franchina. Fotografia: Robert Juillard. Música: Renzo
Rossellini. Montagem: Eraldo Da Roma. Dir. de arte: Piero Filippone. Com:
Edmund Moeschke, Ernst Pittschau, Ingetraud Hinze, Franz-Otto Krüger, Erich
Gühne, Jo Herbst, Barbara Hintz, Karl Krüger, Hans Sangen. </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Alemanha do imediato pós-guerra.
Edmund (Moeschke) vive de pequenos furtos e biscates, assim como os que lhe dá
um pedófilo, que havia sido seu professor (Gühne), para ajudar a família que
passa por sérias necessidades, com o pai (Pittschau) bastante enfermo, o irmão
Karl-Heinz (Krüger) se escondendo da polícia por ter desertado e a irmã Eva
(Hinze). Perturbado pela recorrência do pai em querer morrer para não mais ser
um peso para a família, reforçado pela irritação do proprietário com o atraso
dos aluguéis e a prédica de seu ex-professor que afirma que para os fracos o
melhor destino é a morte, Edmund envenena o pai, no mesmo dia em que Karl-Heinz
se entrega às forças policiais. O garoto, cada vez mais distante da família,
tenta retornar ao grupo de crianças e adolescentes com o qual praticava furtos,
mas é escorraçado por Thilde (Hintz), a garota que ocasionalmente lhe
demonstrara simpatia, após ter tido seu ato duramente condenado pelo
ex-professor, ao lhe contar que matara seu pai.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Confuso, joga-se do alto das ruínas de um prédio abandonado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">O último filme da segunda trilogia de
Rossellini, mesmo menos interessante que os dois anteriores (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Roma: Cidade Aberta</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Paisà</b>), sinaliza para um modo de
efetuar sua narrativa guiada por um distanciamento emocional que não provoca um
processo de identificação fácil com as situações e personagens apresentados –
para efeito comparativo, basta se tomar a forma como Rossellini apresenta seu
Edmund, vivido por uma criança que nunca mais faria cinema e praticamente
infenso a qualquer construção psicológica mais precisa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em sua máscara facial constante e o garoto de
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2014/08/filme-do-dia-ladroes-de-bicicleta-1948.html">Ladrões de Bicicleta</a></b>. Se o cenário
árido das ruínas de uma Berlim reforçam o padrão de um mundo de distopia
agônica, os adultos apenas reforçam o sentimento de confusão mental da criança
ainda incipiente em sua apreciação da retórica adulta. É evidente sua
incapacidade de expressar o quanto se sente atingido com as interpretações que
os outros dão de seus atos, que possuem um significado completamente diverso
para si – os irmãos, o pai, o ex-professor. Assim como também testemunha os
vizinhos discutindo sobre o que poderão aproveitar do cadáver do pai. Falado em
alemão e com elenco idem, apresenta o outro lado da moeda da mais “fácil”
vilanização da figura do nazista alemão típico, presente em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Roma: Cidade Aberta</b>. Implicitamente, o
que Rossellini parece querer afirmar é que sobretudo o próprio povo sofre com
as guerras. Em alguns momentos, uma retórica mais explícita quanto ao passado
recente da Alemanha emerge, seja quando o pai afirma que havia perdido os filhos
para Hitler mas, como sua geração, havia sido demasiado fraco para se contrapor
ao rumo das coisas, ou quando um discurso do falecido líder emerge da gravação
de um disco por entre as ruínas provocando um efeito irônico – posteriormente
também em meio a uma igreja semi-destruída<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>se observará um padre ao piano. O filme é o primeiro do realizador a ser
produzido após a morte de seu filho Romano, a quem é dedicado, apresentando,
como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Amor</b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">,</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ecos iniciais do que será uma aproximação de
temas transcendentais a partir de um recorte terrestre. Tavere
Films/SAFDI/UGC/DEFA. 71 minutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; tab-stops: 66.75pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-51760137277891141112024-03-08T04:00:00.004-03:002024-03-08T04:00:00.134-03:00Filme do Dia: The Tail of the Monkey (1926), Walter Lantz & David Hand<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/UyU0DG4f6PY" width="320" youtube-src-id="UyU0DG4f6PY"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span lang="EN-US" style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">T</span><span style="color: #ffa400;">he Tail of
the Monkey (EUA, 1926). Direção: Walter Lantz & David Hand.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Nesse filme em particular, a mescla
entre animação e ação ao vivo, uma constante na produção inicial de Lantz,
dá-se de forma diferenciada de sua série Dinky Doodle, sendo que a separação
respeita o que se convencionalizaria durante o cinema clássico como o universo
da fantasia mais associado com a animação e o da realidade com ação ao vivo,
mesmo que algumas inserções de animação se fazam nas cenas de ação ao vivo. Um
tocador de realejo para tentar consolar uma garota que teve seu pirulito
surrupiado pelo rabo do macaco, conta uma fábula em que o rabo do macaco é
fundamental para que ele efetive todas as suas ações. Mesmo que a fábula não
responda convincentemente a perda sofrida pela garota, o curta é construído de
forma interessante. Foi co-dirigido por Hand, uma das futuras estrelas dos
estúdios Disney (responsável pela direção de clássicos como <i>Branca de Neve e os Sete Anões</i> e <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/04/filme-do-dia-bambi-1942-david-hand.html">Bambi</a></b>).
J. R. Bray Studios. 5 minutos e 1 segundo.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-82093453375157662682024-03-07T04:00:00.001-03:002024-03-07T04:00:00.142-03:00Filme do Dia: The Brave Hunter (1912), Mack Sennett<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/GDUju8R75Mo" width="320" youtube-src-id="GDUju8R75Mo"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">T</span><span style="color: #ffa400;">he Brave Hunter (EUA, 1912). Direção:
Mack Sennett. Fotografia: Percy Higginson. </span></span><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;"><span style="color: #ffa400;">Com: Mack Sennett, Dell Henderson, Mabel Normand, Fred
Mace, Kate Bruce. </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Fanfarrão (Sennett) fala sobre seus
feitos de caçador na África e apresenta as peles dos animais caçados. A garota
(Normand) fica ligeiramente impressionada por seus relatos. Logo, no entanto,
ele subirá numa árvore em desespero quando avista um grande urso preto que, na
verdade, é um animal amestrado que segue docilmente a garota.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 107%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Roteiro bastante previsível e não dos
mais inspirados em um dos momentos mais profícuos da carreira do
realizador-ator Sennett. Para complicar ainda mais o filme não desenvolve
exatamente a rivalidade da fórmula “triângulo amoroso” que o próprio cineasta
fora um <i>expert</i> em trabalhar de forma criativa (<b>A Spanish Dilemma</b>,<b> <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/06/filme-do-dia-dash-through-clouds-1912.html">A Dash Through the Clouds</a></b>) e que as referências dos créditos sinalizam, sendo aqui
não apenas a personagem feminina dada um nome genérico como habitual. E, se a
coleira no urso pode parecer inicialmente um equívoco de produção, logo se
perceberá que não se trata disso. Biograph Co. para General Film Co. 7 minutos
e 30 segundos. <span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-43657826824780783942024-03-06T04:00:00.006-03:002024-03-06T07:38:19.150-03:00Filme do Dia: Course en Sacs (1896), Louis Lumière<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/vwD2YTSnKdA" width="320" youtube-src-id="vwD2YTSnKdA"></iframe></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">C</span><span style="color: #ffa400;">ourse en Sacs (França, 1896) Direção: Louis Lumière.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Uma corrida de sacos, evento comum nos
festejos da época. Os competidores (e muito provavelmente a própria assistência
que os ladeia) são operários das fábricas dos Lumière. É interessante a idéia
progressiva da multidão que se fecha e goza do desastrado último competidor,
que tem seu avanço indiscriminado que ameaça a própria câmera que os registra; <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alertado pelo realizador, dos quais se observa
as mãos gesticulando para que algumas pessoas se desviem da câmera, numa
primeira aparição do realizador em seu próprio filme, intervenção que se
tornará comum no cinema autoral dos anos 60. Lumière. 35 segundos. <o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-89540020749240377222024-03-05T04:00:00.000-03:002024-03-05T04:00:00.230-03:00Filme do Dia: A Lenda da Estátua Nua (1957), Jean Negulesco<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivhakfen6g__SCyoWkso0-3FJva4E7hQZEkvC9YpqwuPWwSO6_ThJ1dA0jRpUpKrBhwuFIEaEZ_nkKosCrfRK0zzye6K0akZNd8He9MYuOOEIv-9I_iFvn1d-OjeCUZHkT6u2h3W06evTE0h02FgdLy17j4KUNoLBtVRlLuOmyR_hu4I3XkYdpDxUOu_1E/s543/a%20lenda%20da%20est%C3%A1tua%20nua.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="543" data-original-width="370" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivhakfen6g__SCyoWkso0-3FJva4E7hQZEkvC9YpqwuPWwSO6_ThJ1dA0jRpUpKrBhwuFIEaEZ_nkKosCrfRK0zzye6K0akZNd8He9MYuOOEIv-9I_iFvn1d-OjeCUZHkT6u2h3W06evTE0h02FgdLy17j4KUNoLBtVRlLuOmyR_hu4I3XkYdpDxUOu_1E/s320/a%20lenda%20da%20est%C3%A1tua%20nua.jpg" width="218" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">A</span> <span style="color: #ffa400;">Lenda da Estátua Nua (<i>Boy on a Dolphin</i>, EUA, 1957). Direção:
Jean Negulesco. Rot. Adaptado: Ivan Moffat & Dwight Taylor, baseado no
romance de David Divine. Fotografia: Milton R. Krasner. Música: Hugo
Friedhofer. Montagem: William Mace. Dir. de arte: Fivos Anoyakis, Jack Martin
Smith & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Bruno Avesani & Ugo Pericoli.
Figurinos: Anna Gobbi & Franco Salvi. Com: <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/08/o-dicionario-biografico-de-cinema93.html">Sophia Loren</a>, Alan Ladd, Clifton
Webb, Alex Minotis, Jorge Mistral, Laurence Naismith, Piero Giagnoni, Gertrude
Flynn.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Pescando esponjas no mar grego, a
simplória Phaedra (Loren) acaba descobrindo uma relíquia arqueológica de valor
inestimável. A partir daí, sua vida se transforma. Parte para Atenas, onde
busca auxílio do internacionalmente reconhecido Dr. James Calder (Ladd). Porém,
é manipulada pelo maior contrabandista de relíquias gregas, Victor Parmalee
(Webb), a colaborar com ele e se tornar uma mulher rica, proporcionando
igualmente uma educação de valor para<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
irmão mais novo Niko (Giagnoni). Calder, no entanto, insiste em buscar a
relíquia a qualquer preço e desvenda não só toda a trama gestada por Parmalee,
como tenta flagrar ele no momento em que estava capturando a relíquia para seu
barco. Seus planos, no entanto, são frustrados quando descobre que as cordas
foram rompidas e não há, portanto, provas contra Parmalee. Quando todos
retornam desencantados, uma festa anuncia a chegada do barco com a relíquia,
tendo a frente Niko, que cortara as cordas. Calder e Phaedra finalmente
resolvem a situação de impasse afetivo que estava sendo gerada a partir da
última se encontrar dividida entre os sentimentos e a necessidade de ganhar a
vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Típica incursão do cinema americano na
Europa da década de 1950, o filme possui as características habituais da
produção do gênero como o alto teor escapista, a obviedade das situações, o
sentimentalismo e um romantismo inverossímil, além de belas locações
fotográficas e tela larga. Pior que tudo isso é a visão paternalista e de um
folclorismo rasteiro que dão o sabor de exótico com que as culturas européias
são retratadas. Paternalismo que se reflete diretamente na caracterização da
relação entre Calder e Phaedra ou Calder e Niko. Talvez, mais interessante seja
o escracho explícito do personagem vivido por Webb, um cínico incorrigível,
perverso e sofisticado, que ele repetiu inúmeras vezes e que só teve paralelo
no mais sutil contemporâneo George Sanders. Inclusive em <b>A Fonte dos Desejos </b>(1954), dirigido igualmente por Negulesco, um
especialista nesse tipo de filme, possuindo os
mesmos elementos básicos explorados aqui. La <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/08/o-dicionario-biografico-de-cinema93.html">Loren</a>, no auge de seu
“prestígio” como símbolo sexual, possui uma famosa cena inicial em que aparece
subindo ao barco completamente molhada, que causou furor à época, embora suas
pernas sejam mais bem exploradas em uma cena posterior. 20th Century-Fox. 111
minutos.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-52435251187196934862024-03-04T04:00:00.002-03:002024-03-04T04:00:00.133-03:00Filme do Dia: Together (1956), Lorenza Mazzetti & Denis Horne<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/YG_N9PbkrDo" width="320" youtube-src-id="YG_N9PbkrDo"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; tab-stops: 175.25pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">T</span><span style="color: #ffa400;">ogether (Reino Unido, 1956). Direção:
Lorenza Mazzetti & Denis Horne. Rot. Original: Denis Horne. Fotografia:
Hamed Hadari. Música: Daniele Paris. Montagem:
John Fletcher. Com: Michael Andrews, Eduardo Paolozzi, Valy, Denis
Richardson, Cecilia May.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; tab-stops: 175.25pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Com equipe técnica um pouco
diferenciada da média dos realizadores do Free Cinema – a exceção do montador
Fletcher – e uma abordagem também distinta, Mazzetti efetiva uma incursão
talvez mais próxima de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2015/08/filme-do-dia-on-bowery-1956-lionel.html">On the Bowery</a></b>,
em sua quase indistinção entre documentário ou ficção, ainda que seja
praticamente encenado do início ao final e conte com atores que eram amigos
próximos da realizadora. Acompanhamos o cotidiano errante de uma dupla de
surdos-mudos no soturno East End londrino. Discriminados pelas crianças – e
também pelos adultos, como a família em que alugam um quarto ou o caminhoneiro
que perde a paciência por não escutarem a buzina – eles trabalham como
estivadores de cargas no porto. A fuga do cotidiano sombrio se dá através de
incursões em inferninhos locais ou na procura por uma prostituta por parte de
um deles. Por mais que a encenação de dramas de dois personagens fictícios
desencoraje uma possibilidade de leitura estritamente documental, o filme
tampouco faz uso de uma linha narrativa minimamente convencional, ainda que
ocasionalmente apelando para saídas de efeito dramático pouco usuais no
documentário, sobretudo contemporâneo, como é o caso da queda no rio provocada
pelas crianças. Ganhou prêmio de “documentário criativo” em Cannes. Harlequin
Prod. Lim./British Film Institute Experimental Film Fund. para Conoisseur. 52
minutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; tab-stops: 175.25pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><o:p> </o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-30500844919102927982024-03-03T04:30:00.383-03:002024-03-03T09:43:34.077-03:00O Dicionário Biográfico de Cinema#225: Lionel Barrymore<p><span style="color: red; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: red; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUMb601FU6xB6cbxUXistRecPRzuBaN94AKxeluU_36acqmELp4w50tvK6IMWMjAAkfxd3f4L9JeSWFMnFzsWbuZpkfX_9iGnCo7r4PK748BRM37OIuH3PcaV5tj3QrmvXLRbUKWxD6wpTneHVlFzBR5Ar-KYSyIkMSvtGXmUMWQ1RJJffdzrCQiz0Yg/s266/lionel%20barrymore.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="190" data-original-width="266" height="190" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUMb601FU6xB6cbxUXistRecPRzuBaN94AKxeluU_36acqmELp4w50tvK6IMWMjAAkfxd3f4L9JeSWFMnFzsWbuZpkfX_9iGnCo7r4PK748BRM37OIuH3PcaV5tj3QrmvXLRbUKWxD6wpTneHVlFzBR5Ar-KYSyIkMSvtGXmUMWQ1RJJffdzrCQiz0Yg/s1600/lionel%20barrymore.jpg" width="266" /></a></span></div><span style="color: red; font-size: large;"><br /><b><br /></b></span><p></p><p><span style="color: red; font-size: large;"><b>Lionel Barrymore</b> </span><span style="color: #ffa400; font-size: medium;">(Lionel Blythe) (1878-1954), n. Filadélfia</span></p><p><span style="color: #ffa400; font-size: medium;">I</span><span style="font-size: medium;">rmão mais velho de Ethel e John, Lionel foi contrário a John em todas as maneiras: profissional, trabalhador, ambicioso, destituído de humor e medíocre. Iniciou no teatro, mas nos anos anteriores a I Guerra Mundial uniu-se a companhia de D.W. Griffith e atuou em quantidade imensa de dois rolos, ocasionalmente contribuindo com roteiros. Tornou-se um intérprete central apenas em meados dos anos 20, quando estabeleceu-se na MGM: <i>The Face in the Fog</i> [<i>Volúpia e Ouro</i>] (22, Alan Crosland); <i>The Eternal City</i> (23, George Fitzmaurice); <i>America </i>(24, <a href="http://magiadoreal.blogspot.com.br/2015/01/the-film-handbook-7-dw-griffith.html">Griffith</a>); <i>The Splendid Road </i>[<i>Uma Grande Aventura</i>] (25, Frank Lloyd); <i>The Bells </i>(26, James Young); <i>The Barrier </i>[<i>A Mancha de um Crime</i>] (26, George Hill); <i>The Lucky Lady</i> [<i>A Mulher Feliz</i>] (26, Raoul Walsh); <i>The Temptress </i>[<i>Terra de Todos</i>] (26, Fred Niblo); <i>The Show </i>[<i>No Domínio das Ilusões</i>] (27, Tod Browning); <i>Women Love Diamonds </i>[<i>Elas Querem Diamantes</i>] (27, Edmund Goulding); <i>Drums of Love</i> [<i>A Dança da Vida</i>] (28); como Atkinson em <i>Sadie Thompson</i> [<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/01/filme-do-dia-seducao-do-pecado-1928.html">Sedução do Pecado</a></i>] (28, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/05/the-film-handbook204-raoul-walsh.html">Walsh</a>); <i>West of Zanzibar</i> [<i>No Oeste de Zanzibar</i>] (28, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2018/02/the-film-handbook155-tod-browning.html">Browning</a>); <i>Alias Jimmy Valentine</i> [<i>Um Larápio Encantador</i>] (29, Jack Conway); e <i>The Mysterious Lady</i> [<i>A Dama Misteriosa</i>] (29, Lucien Hubbard, Maurice Tourneur e Benjamin Christensen). Porém foi nos anos após a chegada do som, que foi mais ativo. Assim como atuou - em <i>A Free Soul</i> [<i>Uma Alma Livre</i>] (30, Clarence Brown), pelo qual ganhou o Oscar de melhor ator; <i>The Yellow Ticket</i> [<i>O Passaporte Amarelo</i>] (31, Walsh); <i>Arsene Lupin </i>(32, Conway); <i>Grand Hotel</i> [<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/12/filme-do-dia-grande-hotel-1932-edmund.html">Grande Hotel</a></i>] (32, Goulding); <i>Mata Hari</i> (32, Fitzmaurice); <i>Rasputin and the Empress</i> [<i>Rasputin e a Imperatriz</i>] (32, Richard Boleslavski); <i>Dinner at Eight </i>[<i>Jantar às Oito</i>] (33, George Cukor); <i>Night Flight</i> [<i>Asas da Noite</i>] (33, Brown); e <i>Carolina</i> (34, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/05/o-dicionario-biografico-de-cinema80.html">Henry King</a>) - trabalhou como diretor na MGM. Sua produção é pouco vista nos dias de hoje e rodeada de mistério. <i>Madame X</i> (29) é reputado como um dos primeiros filmes a utilizar microfone móvel, enquanto de seu <i>His Glorious Night </i>(29) algumas vezes se alegou ter sido montado para desacreditar John Gilbert. Dirigiu somente outros três filmes, <i>The Rogue Song</i> [<i>Amor de Zíngaro</i>], <i>The Unholy Night </i>[<i>O Fantasma Verde</i>] (29) e <i>Ten Cents a Dance</i> [<i>A Vida é uma Dança</i>] (31). Após seu magnata de loja de departamentos em <i>Sweepings </i>(33, John Cromwell), estabeleceu-se em papéis de personagens extravagantes: <i>Treasure Island </i>[<i>A Ilha do Tesouro</i>] (34, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/03/o-dicionario-biografico-de-cinema21.html">Victor Fleming</a>); <i>David Copperfield</i> (34, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2017/07/the-film-handbook135-george-cukor.html">Cukor</a>); <i>Mark of the Vampire </i>[<i>A Marca do Vampiro</i>] (34, Browning); <i>Ah, Wilderness!</i> [<i>Fúrias do Coração</i>] (35, Brown); <i>The Devil Doll </i>[<i>A Boneca do Diabo</i>] (36, Browning); <i>The Gorgeous Hussy </i>[<i>Mulher Sublime</i>] (36, Brown); <i>Camille </i>[<i>A Dama das Camélias</i>] (36, Cukor); e <i>Captains Courageous </i>[<i>Marujo Intrépido</i>] (37, Fleming). Interpretou o juiz Hardy no primeiro filme de Andy Hardy, <i>A Family Affair </i>[<i>Uma Questão de Família</i>] (37, George Seitz), e após <i>Saratoga </i>[37, Conway), <i>A Yank at Oxford </i>[<i>Um Yankee em Oxford</i>] (38, Conway), <i>Test Pilot</i> [<i>Piloto de Provas</i>] (38) e em<i> Can't Take It with You </i>[<i>Do Mundo Nada Se Leva</i>] (38, Frank Capra), a artrite o forçou a cadeira de rodas. O papel mais apropriado para sua limitação foi o Dr. Gillespie do Kildare de Lew Ayres. De fato, Barrymore continuou depois que Ayres foi demitido, e interpretou o veterano médico quatorze vezes - a enfermidade progredindo, apesar do tratamento. Quando se tornou idoso, a crosta de suas interpretações se tornou tão endurecida, que poderia ser até levantada para se fazer perceber o homemzinho envelhecido dormindo embaixo: <i>The Man on America's Conscience</i> [<i>Campeão da Liberdade</i>] (41, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/06/o-dicionario-biografico-de-cinema34.html">William Dieterle</a>); <i>A Guy Named Joe</i> [<i>Dois no Céu</i>] (43, Fleming); <i>Since You Went Away</i> [<i>Desde Que Partiste</i>] (44, Cromwell); <i>Valley of Decision</i> [<i>O Vale da Decisão</i>] (45, Tay Garnett); o rancheiro em <i>Duel in the Sun</i> [<i>Duelo ao Sol</i>] (46, King Vidor); <i>The Secret Heart </i>[<i>Emoção Secreta</i>] (46, Robert Z. Leonard); o sombrio chefe da cidade em <i>It's a Wonderful Life </i>[<i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2018/11/filme-do-dia-felicidade-nao-se-compra.html">A Felicidade Não se Compra</a></i>] (46, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/10/the-film-handbook97-frank-capra.html">Capra</a>); <i>Key Largo </i>[<i>Paixões em Fúria</i>] (48, John Huston); <i>Down to the Sea in Ships </i>[<i>Capitães do Mar</i>] (49, Henry Hathaway); <i>Right Cross </i>[<i>Por um Amor</i>] (50, John Sturges); <i>Bannerline </i>[<i>Bendito Escândalo</i>] (51, Don Weis); <i>Lone Star </i>[<i>Estrela do Destino</i>] (52, Vincent Sherman); e <i>Main Street Broadway* </i>(53, Tay Garnett)</span></p><p>Texto: Thomson, David. <i>The New Biographical Dictionary of Film</i>. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 175-77. </p><p><span style="font-size: x-small;">(*) N. do E: <i>Main Street to Broadway </i>no IMDB.</span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-40904102192398937822024-03-03T04:00:00.002-03:002024-03-03T08:08:27.371-03:00Filme do Dia: A Felicidade Não Se Compra (1946), Frank Capra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmGfnTEUpQyqLfbeHVd2OiT0_G92NYg6lKezRyd_B7B_qjNvK8GTv1-2pB7OQ8tFvV4ebCrpsDO-O1Fme1lQhFqv176PeyX02FSw--emcCA4TA05funzoxQOwWOmAftsIxLL0zSwpwvv3vn9mViRszSAQBXeeg8QScmbcDNjtW3YvHVaGXqoBB9k_Qgg/s290/a%20felicidade%20n%C3%A3o%20se%20compra.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="290" data-original-width="215" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmGfnTEUpQyqLfbeHVd2OiT0_G92NYg6lKezRyd_B7B_qjNvK8GTv1-2pB7OQ8tFvV4ebCrpsDO-O1Fme1lQhFqv176PeyX02FSw--emcCA4TA05funzoxQOwWOmAftsIxLL0zSwpwvv3vn9mViRszSAQBXeeg8QScmbcDNjtW3YvHVaGXqoBB9k_Qgg/s1600/a%20felicidade%20n%C3%A3o%20se%20compra.jpg" width="215" /></a></div><br /><p><br /></p><p> <span style="color: black; font-size: 10pt; line-height: 14.1333px; text-align: justify;"><span style="font-family: "baskerville old face" , serif; font-size: 28pt;">A</span> </span><span style="color: orange; text-align: justify;"><span style="line-height: 16.96px;">Felicidade Não Se Compra (<i>It´s Wonderful Life</i>, EUA, 1946). </span><span lang="EN-US" style="line-height: 16.96px;">Direção: Frank Capra. Rot.Adaptado: Frances Goodrich, Albert Hacket, Frank Capra & Jo Swerling, baseado no conto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The Greatest Gift</i>, de Philip Van Doren Stern. </span><span style="line-height: 16.96px;">Fotografia: Joseph F. Biroc & Joseph Walker. Música: Dimitri Tiomkin. Montagem: William Hornbeck. Dir. de arte: Jack Okey. Cenografia: Emile Kuri. </span></span><span lang="EN-US" style="line-height: 16.96px; text-align: justify;"><span style="color: orange;">Figurinos: Edward Stevenson. Com: James Stewart, Donna Reed, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/09/dicionario-historico-de-cinema-sul_0387993522.html">Lionel Barrymore</a>, Thomas Mitchell, Henry Travers, Beulah Bondi, Frank Faylen, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2019/10/a-biogrpahical-dictionary-of-film1-ward.html">Ward Bond</a>, Gloria Grahame.</span></span></p><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: yellow; line-height: 16.96px;">Quando George Bailey (Stewart) se encontra a ponto de cometer um suicídio, um anjo, Clarence (Travers) é designado no céu para acompanhar a trajetória dele desde criança até a situação atual. Tendo salvado seu irmão da morte quando pequeno, Bailey também se sacrificou para que o irmão fosse estudar na Europa. Quando adulto, assume o lugar do pai na única financiadora que não se rende a exploração do muquirana e praticante de usura, Sr. Potter (Barrymore). Casa-se com Mary (Reed) e constitui uma família de quatro filhos. Porém, a estabilidade que foi construindo aos poucos e com honestidade ameaça se perder juntamente com os oito mil dólares perdidos pelo atrapalhado assistente, Tio Billy (Mitchell). Angustiado, George é salvo do suicídio quando ajuda Clarence, que se jogara propositalmente no rio. Clarence mostra para ele, então, como seria muito mais infeliz a vida de seus amigos e familiares sem ele. Incentivados por Mary, toda a comunidade resolve ajuda-lo a reunir o dinheiro que precisa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: yellow; line-height: 16.96px;">Apesar de manter a mesma estrutura ingênua e sentimental presente em seus filmes anteriores, assim como sua mensagem ideológica que, em última instância glorifica um capitalismo não destituído de uma forte ética cristã e solidária, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/10/the-film-handbook97-frank-capra.html">Capra</a> apresenta aqui umas poucas novidades em termos de estilo. Ao optar, por exemplo, por deixar bem evidente os recursos da narrativa dentro da narrativa,chegando a congelar a imagem a certo momento. Ou ainda quando faz referência a um filme que se encontrava em cartaz no momento de sua filmagem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Sinos de Santa Maria</i>, estrelado por Henry Travers. Ambos recursos que seriam explorados frequentemente pelo cinema moderno, como nos filmes da Nouvelle Vague. O resultado final, no entanto, é profundamente decepcionante pela auto-condescendência e por situar sua dimensão dramática somente na esfera dos sentimentos pessoais de generosidade ou ganância irrestrita – sendo o personagem de Potter, vivido brilhantemente por Barrymore, uma caracterização típica do avarento de natal de Dickens, Scrooge. Não tendo sido sucesso comercial à época de seu lançamento, o filme talvez demonstre que as plateias do pós-guerra já não se encontravam tão receptivas ao idealismo liberal de <a href="https://magiadoreal.blogspot.com.br/2016/10/the-film-handbook97-frank-capra.html">Capra</a> que, por sinal, nunca mais emplacaria um sucesso de público ou crítica. Liberty Films para RKO Radio Pictures. 130 minutos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: yellow; line-height: 16.96px;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: yellow; line-height: 16.96px;"><br /></span></div><div><span style="color: yellow; line-height: 16.96px;">Postada originalmente em 22/11/2018</span></div>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-37407638257365942382024-03-02T12:02:00.004-03:002024-03-03T13:41:04.751-03:00Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#96: CINEMA EXPERIMENTAL<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrW16rmbgDb-DdO8EsSQJVlJqFrYtOJGFCmZNDaFfhybNKM_SbImkNyiTiRiGKzpq_YGxtUOR7msnA1ueXgMS1I8Va7DIeAX0-W5qdX6YzBFQ-ba5-sxxeRuBWXsPx0tliQoD7GNrQXUXaa3Luhz0Zrd86PG5rP8wEyUjFMOwcxBN1KeUoyk8ORjRZ56kg/s2048/cinema%20experimental%20sul-americano.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1312" data-original-width="2048" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrW16rmbgDb-DdO8EsSQJVlJqFrYtOJGFCmZNDaFfhybNKM_SbImkNyiTiRiGKzpq_YGxtUOR7msnA1ueXgMS1I8Va7DIeAX0-W5qdX6YzBFQ-ba5-sxxeRuBWXsPx0tliQoD7GNrQXUXaa3Luhz0Zrd86PG5rP8wEyUjFMOwcxBN1KeUoyk8ORjRZ56kg/s320/cinema%20experimental%20sul-americano.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p><b>CINEMA EXPERIMENTAL</b>. Estritamente falando, qualquer filme no qual qualquer experimentação estilística-formal ocorra, ainda que seja com tema único ou divisor de águas, pode ser denominado como "cinema experimental" ou de <i>avant garde</i>, mas a tendência na América do Sul é fazer uso do termo no modo como é aplicado na América do Norte, em relação aos filmes abstratos ou grandemente poéticos, geralmente curtos em duração, sendo formalmente não narrativos. De fato, existem poucos movimentos obviamente experimentais na América do Sul, à parte do movimento do <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/01/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Cinema Marginal </a></b>brasileiro, também conhecido como udigrudi (<i>underground</i>), do final dos anos 60, onde uma série de jovens diretores, inicialmente associados com o <b>Cinema Novo</b>, e rompendo com o mesmo e realizando filmes narrativos de orçamento extremamente baixo, agressivamente rudes e algumas vezes sem sentido, incluindo o paulista <i>O Bandido da Luz Vermelha</i>, de <b>Rogério Sganzerla</b> (1968) e o baseado no Rio de Janeiro <i>Matou a Família e Foi ao Cinema</i> (1969), de <b>Julio Bressane</b>. Também, ainda que a maior parte dos filmes do Cinema Novo fossem, de algum modo, convencionais em termos de suas estruturas narrativas, algumas de suas obras-chaves, incluindo alguns dirigidos por <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/08/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Ruy Guerra</a></b> e todos os estranhos, angustiados e complexos filmes de ficção de <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/08/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Gláuber Rocha</a></b>, podem ser considerados como obras "experimentais".</p><p>O realizador nascido no Brasil <b>Alberto Cavalcanti</b> foi talvez o primeiro realizador sul-americano a fazer filmes experimentais, na França, nos anos 20, mas nunca voltou a estas práticas quando finalmente realizou filmes em seu país natal. O primeiro filme sul-americano a ser reconhecido como experimental, no entanto, foi o longa brasileiro <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/06/dicionario-historico-de-cinema-sul_0160047890.html">Limite</a> </b>(1930), o único filme completado pelo brilhante jovem <b>Mário Peixoto</b>, votado pelos críticos de cinema brasileiros, como o mais significativo filme brasileiro de todos os tempos nos anos 80. Nesta década, quando o Brasil vivenciou um sério declínio na produção de filems de longa-metragem, houve um <i>boom</i> na produção de curtas, em vários centros, tal como Porto Alegre, enquanto um realizador brasileiro em particular, <b>Arthur Omar</b>, trabalhou consistentemente no modo experimental, tanto no cinema quanto em vídeo, principalmente na desconstrução da forma documental, realizando "mockumentaries". Também nos anos 1970, um líder do movimento <i>tropicália</i>, Hélio Oiticica (1937-1980), havia montado instalações de cinema expandido e de slides no Rio de Janeiro. As obras de arte vinculadas ao cinema de Oiticica foram finalmente reconhecidas internacionalmente em 2013, quando o fórum do Festival Internacional de Cinema de Berlim, devotou uma série de programas ao artista. </p><p>O lendário curta colombiano <b>La Langosta Azul</b> (<i>A Lagosta Azul</i>, 1954), que ficou fora de circulação por décadas, também tem sido considerado uma obra experimental, parcialmente porque foi co-dirigido pelo grande escritor sul-americano do "realismo mágico", <b>Gabriel García Márquez</b>. Apesar de claramente possuir uma história, <i>La Langosta Azul</i> é silencioso e não possui entretítulos, derivando sua poética de seu poder de visualidade surrealista e montagem. Existem outros exemplos isolados de filmes "poéticos" realizados na América do Sul, incluindo o documentário <b>Araya</b>, da venezuelana <b>Margot Benacerraf</b>, sobre trabalhadores de sal na costa caribenha. Em meados ao final dos anos 60 um movimento de dimensões continentais do <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/06/dicionario-historico-de-cinema-sul_01167817044.html">nuevo cine latinoamericano</a></b> se desenvolveu, invariavelmente produzindo obras da esquerda política, inspirados pela forma documental, particularmente a obra do argentino <b>Fernando Birri</b>. Alguns dos filmes mais esteticamente radicais foram realizados no <b>Chile</b>, por <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/11/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Miguel Littín</a> </b>e <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/04/dicionario-historico-de-cinema-sul_01091459269.html">Raúl Ruiz</a> </b>e na <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/11/o-dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Bolívia</a></b>, por <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/12/o-dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Jorge Sanjinés</a></b> e o grupo Ukamau (argumentando energicamente pelos direitos dos povos indígenas). O pique da inovação retórica e formal foi conseguido por <b>Fernando Solanas</b>, <b>Octavio Getino</b> e o monumental documentário em três partes do <b>Grupo Cine Liberación</b>, <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/02/dicionario-historico-de-cinema-sul.html"><b>La Hora de Los Hornos</b> </a>(1968), que foi "experimental" no modo que foi filmado e montado, clandestinamente, e então exibido e distribuído com a perspectiva de ser um "work in progress"; os realizadores estavam abertos as sugestões do público por mudanças.</p><p>Talvez a <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2020/12/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">Argentina</a></b> seja o país sul-americano com a mais rica história experimental do cinema e consciência sul-americana. Um fotógrafo, Horace Coppola, realizou filmes experimentais em 16 mm nos anos 20 e 30, e os animadores Victor Iturralde e Luis Bras realizaram experiências com pintura e ranhuras na película nos anos 50 e 60. Mas a cena do cinema experimental decolou nos anos 60, parcialmetne através do apoio do Instituto Torcuata di Tella de Buenos Aires. Esta organização de solidez financeira encorajou a vanguarda em vários meios, e a artista conceitual Marta Minuj, começou a realizar "happenings" nas ruas, ganhando o primeiro prêmio nacional do instituto em 1964. Em 1966 e 1967 Narcisa Hirsch realizou seus primeiros filmes em 16 mm, que recordavam seus próprios happenings, envolvendo distribuição de comida aos espectadores. Seus operadores de câmera eram figuras políticas de esquerda como <b>Raymundo Gleyzer</b> e Gerardo Vallejo. Com uma bolsa, Hirsch visitou Nova York e trouxe uma série de filmes experimentais em 16 mm quando retornou a Buenos Aires, que exibiu para amigos cinéfilos e artistas. Curiosamente, durante a ditadura militar, no final dos anos 70, com as forças governamentais mobilizadas a suprimir as vozes dissidentes no cinema comercial e documental, a comunidade formalmente experimental foi capaz de florescer, e uma série de realizadores, incluindo Horacio Vallergio, Juan Villola, e Gabriel Romano, assim como Claudio Caldini, Jorge Honik e Laura Abel, que trabalharam com super-8, emergiu em cena. Em anos recentes, o <b>Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires (BAFICI)</b>, tem apoiado consistentemente o cinema experimental, trabalhando em formatos video e digitais, assim como cópias originais em 16 mm. Em 2012 o programador Diego Trerotola trouxe o grande crítico de cinema J. Hoberman de Nova York para apresentar e exibir <i>Flaming Creatures </i>(1963), de Jack Smith, obra chave do cinema estadunidense experimental, do cinema "underground", em 16 mm, e organizou uma retrospectiva ampla da obra de Hirsch.</p><p>Não somente o BAFICI tornou-se o mais reconhecido festival internacionalmente na América Latina, mas também provavelmente o mais proeminente mostruário do cinema experimental. Mas a Argentina e a Brasil não são certamente os únicos países sul-americanos com a tradição continuada do cinema "experimental" e na <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/09/dicionario-historico-de-cinema-sul_0387993522.html"><b>Colômbia</b> </a>correntemente há pelo menos dois realizadores experimentais que recentemente realizaram produções em longa-metragem com recursos bastante limitados. Eles são Carlos Santa, com seu inquérito filosófico sobre "se perder a cabeça", <i>Los Extraños Presagios de León Prozak </i>(2010), utilizando toda forma imaginável de <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/07/dicionario-historico-de-cinema-sul_01556877120.html">anim</a><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/08/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">ação</a></b>; e Felipe Guerrero com seu documentário minimalista (meramente 23 planos estáticos) observacional, mas belo e revelador, sobre cortadores de cana e máquinas monstruosas que limpam densos e aparentemente antigos crescimentos, <i>Corta </i>(2012), que conseguiu apoio do Hubert Bals Fund na Holanda, e foi exibido na mostra "Stranger than Cinema" no Festival de Cinema de Jeonju.</p><p>Trabalhando com apoio financeiro limitado nos seus países natais, outros cinemas nacionais sul-americanos no modo "experimental", incluem o peruano <b>Juan Alejandro Ramirez</b>, que ainda não fez um filme de longa-metragem, mas que recebeu grande apreço e numeros prêmios por seus sete curtas e poéticos filmes de 16 mm, que invariavelmente mesclam documentário e ficção e analisam as vidas de pessoas marginalizadas; um exemplo é <i>Solo un Cargador </i>(2004), uma encenção ficcionalizada das viagens de um porteiro indígena andino, vistos e ouvidos, a partir de sua perspectiva, ganhando prêmios em mais de dez festivais nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, França e alhures. <i>ver também </i><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/05/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">ALONSO, LISANDRO</a>; <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/11/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">ANDRADE, JOAQUIM PEDRO DE</a>; <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2022/07/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">BIANCHI, SÉRGIO</a>; BORGES, JORGE LUÍS; CARRI, ALBERTINA; CENTRO DE CINE EXPERIMENTAL; PÂNTANO, O<i>; </i>LA COLONIA PENAL; CORTÁZAR, JULIO; <a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2023/12/dicionario-historico-de-cinema-sul.html">COZARISNKY, EDGARDO</a>; HAMACA PARAGUAYA; HISTORIAS DE LAGARTOS; HISTORIAS EXTRAORDINARIAS; INVASIÓN; LA LIBERTAD; MARTEL, LUCRECIA; POLIAK, ANA; MULHERES. </p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-41530115003567349302024-03-02T04:00:00.002-03:002024-03-02T04:00:00.260-03:00Filme do Dia: Ester (2005), Pernilla Johansson<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/3r8UuTXUy44" width="320" youtube-src-id="3r8UuTXUy44"></iframe></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">E</span><span style="color: #ffa400;">ster (Suécia, 2005). Direção:
Pernilla Johansson. Rot. Original: Petra Elmquist & Pernilla Johansson.
Fotografia: Michael Palmgren. Música: Harry Warren & Al Dubin “Dames”. Com:
Monica Petersen, Katarina Larke-Skedung.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">Tentativa de comicidade em
curta-metragem a partir de uma mulher balofa que se realiza tal e qual Esther
Williams numa piscina. Tinroof Produktion. 3 minutos.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-20410787085827826242024-03-01T04:00:00.001-03:002024-03-01T04:00:00.132-03:00Filme do Dia: Colectiv (2019), Alexander Nanau<p> </p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 93.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0c8AyN61o7XWlBWaShlN5hnqVumWRR7T5dxRi-sLy7tJfMfAxRIPgiN2jwgqeOmOYvX8pJNjSxcu2wYkiE_OCVsJ781bgeG_9kmIyDsf4bTIzsyjlaRQ6ZgMGeFiEHG6OqMgZn3PKHfvVS0MCtoqEXEq5tKLmuA7ws7bmPKsVNYQJ0xMwGBTMESDf1izl/s894/colectiv.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="671" data-original-width="894" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0c8AyN61o7XWlBWaShlN5hnqVumWRR7T5dxRi-sLy7tJfMfAxRIPgiN2jwgqeOmOYvX8pJNjSxcu2wYkiE_OCVsJ781bgeG_9kmIyDsf4bTIzsyjlaRQ6ZgMGeFiEHG6OqMgZn3PKHfvVS0MCtoqEXEq5tKLmuA7ws7bmPKsVNYQJ0xMwGBTMESDf1izl/s320/colectiv.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #ffa400;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 93.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #ffa400;">Colectiv
(Romênia/Luxemburgo/Alemanha, 2019). </span><span style="color: #6fa8dc;">Direção</span><span style="color: #ffa400;"> Alexander Nanau. </span><span style="color: #6fa8dc;">Rot. Original</span><span style="color: #ffa400;">
Alexander Nanau & Antoaneta Opris. </span><span style="color: #6fa8dc;">Fotografia</span><span style="color: #ffa400;"> Alexander Nanau. </span><span style="color: #6fa8dc;">Música </span><span style="color: #ffa400;">Kyan
Bayani. </span><span style="color: #6fa8dc;">Montagem</span><span style="color: #ffa400;"> Dana Bunescu, George Cragg & Alexander Nanau. </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;">Há um determinado momento, uma médica
escuta a interrogação do novo ministro da saúde de o que terá acontecido para
que se tenha chegado a situações tão absurdas quanto a de se ter larvas
visíveis na nuca de um paciente internado ou que se cubra os rostos de
pacientes internados, para simplesmente não se encarar as deformações que lhe
foram causadas pelas queimaduras. Essa, responde que talvez tenham perdido a
humanidade. E essa consideração da
médica deve não só ser levada em conta como observada em sua recorrência ao
redor do mundo, em situações distintas, por mais temores que se tenha de
generalizações vazias – uma delas poderia ser a criminosa atuação repressiva da
polícia francesa em relação aos manifestantes no contemporâneo <b>O Monopólio
da Violência</b>. Não se trata do que habitualmente se encontra vinculado a
nações europeias, mesmo que de menor representatividade no cenário mundial como
a Romênia. E o que essa cena traz é tão rico que escapa para outras
possibilidades de discussão. Inclusive, em relação à própria realização
documental. Se a equipe do ministério da saúde que sai de cena com o escândalo,
capitaneado por ninguém menos que um jornalista de um veículo dedicado ao
esporte, é completamente impessoal e protocolar, buscando blindar-se, o novo ministro
se permite filmar discutindo práticas e o próprio sistema de saúde como um todo
do país, em um nível de transparência evocativo de <b><a href="https://magiadoreal.blogspot.com/2021/12/filme-do-dia-crise-por-tras-de-um.html">Crise – Por Trás de umCompromisso Presidencial</a></b>, produção dos tempos áureos do Cinema Direto dos
anos 60. E se passar de um extremo para o outro não nos furta certo sentimento
de incredulidade no que vemos, por motivos obviamente opostos. Por trás de
tudo, logo se escavará mais fundo, há a questão da corrupção, de dinheiro
desviado mesmo após o incidente da boate, que provocou a morte de dezenas de
jovens e que também foi filmado inicialmente (como o do caso brasileiro
equivalente, e mais mortífero de alguns anos antes, da boate Kiss),
ironicamente logo após a banda que se encontrava se apresentando ter cantado
uma canção que critica justamente a corrupção e aí percebe que fogo começa a
emergir no recinto, e afirma que não faz parte da apresentação. A corrupção ou,
no mínimo, a passividade diante dela parecem tão incrustados no corpo social do
país quanto os vermes na carne do paciente na forte imagem apresentada pelo
documentário, que durante um bom tempo a grande imprensa demonstra ceticismo e
mesmo irritação com o colega Catalin Tolontan, o primeiro a trazer as questões
a baila em amplitude nacional. E há um efeito cascata que leva a outros erros e
omissões governamentais, como a transferência de pacientes necessitados de
transplante pulmonar para Viena, a um maior custo e possibilidade de morte do
paciente, quando um hospital local afirma ser capaz de efetivá-lo. Observamos
um destreinado ministro da justiça diante da questão posta por uma jornalista,
e depois assistindo a repercussão em um jornal televisivo, de seu escritório,
que possui um quadro observado anteriormente na mostra dedicada a uma das
vítimas de queimaduras atrozes que a deixaram com marcas e aleijões por todo o
corpo, e que se transforma numa espécie de símbolo da crise sanitária do país.
O que essa produção parece clamar é contra a passividade diante dos erros das
gestões públicas. E, depois de um tempo, o protagonista do documentário não
mais será Tolontan, e sim o próprio ministro da saúde. Para um filme que se
constrói em um padrão quase próximo da ficção, e de uma ficção que, a partir de
certo momento, consegue se encontrar no local certo na hora certa, seu final
pode destoar em sua opção pelo lacônico. Alexander Nanau Prod./Samsa Film/HBO
Europe. 109 minutos.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3535374345988500485.post-45201556232417141082024-02-29T04:00:00.003-03:002024-02-29T04:00:00.251-03:00Filme do Dia: Attica (2021), Traci Curry & Stanley Nelson<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmRfP7Ep6Q_KQm3UljBlmMD_kivax07XwxRB4L0OA4quwMnvMn2_GgW4S9XPHIIaIXtj1mn7IMYU67h4Ykw7fO658hyphenhyphen5dYxYZvQwOo5LMd9CdUOvRnE7Hkel2ccJ4o_ErCC6KaC8bFONMGd4cWXrD-rs0jyPd-Ptuw4nur2GbGfyD3QlhhwMaqMeLryth/s1000/attica.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="444" data-original-width="1000" height="142" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmRfP7Ep6Q_KQm3UljBlmMD_kivax07XwxRB4L0OA4quwMnvMn2_GgW4S9XPHIIaIXtj1mn7IMYU67h4Ykw7fO658hyphenhyphen5dYxYZvQwOo5LMd9CdUOvRnE7Hkel2ccJ4o_ErCC6KaC8bFONMGd4cWXrD-rs0jyPd-Ptuw4nur2GbGfyD3QlhhwMaqMeLryth/s320/attica.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span lang="EN-US" style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "ADLaM Display"; font-size: 28pt; text-align: left;">A</span><span style="color: #ffa400;">ttica (EUA, 2021).
</span><span style="color: #6fa8dc;">Direção </span><span style="color: #ffa400;">Traci Curry & Stanley Nelson. </span><span style="color: #6fa8dc;">Rot. Original</span><span style="color: #ffa400;"> Stanley Nelson.
</span><span style="color: #6fa8dc;">Fotografia</span><span style="color: #ffa400;"> Stefan Beaumont, Ryan Bronz, Kevin J. Burroughs, Ronan Killeen,
Antonio Rossi & Bill Winters. </span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #6fa8dc;">Música</span><span style="color: #ffa400;">
Tom Phillips. </span><span style="color: #6fa8dc;">Montagem</span><span style="color: #ffa400;"> Jaclyn Lee & Aljernon Tunsil.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 106%; tab-stops: 97.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 106%;">No
cinquentenário do episódio mais sangrento que envolveu um presídio
norte-americano,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em setembro de 1971,
dois longas documentais foram lançados, esse e <b>Betrayal at Attica</b>. Se o
último tende a ficar demasiado colado em uma única voz e em fotos dos corpos
massacrados até então indisponíveis ao olhar público, esse traz o tema para um
formato mais padronizado de narrativa documental, com vozes de vários dos
depoentes que sobreviveram, envolvidos no episódio e uma estrutura de montagem
que é referendada pelos dias do conflito (tal como o contemporâneo <b>Get Back</b>),
sendo que apenas ao primeiro dia são dedicados mais de 40 minutos. E tal como
no documentário sobre os Beatles, e ainda mais, há uma construção de suspense
sobre como se desenrolará a principal tensão que ronda os dias dos que são
maciçamente filmados – como será a apresentação pública da banda no caso do
filme sobre o quarteto britânico, como se desenrolará o final da rebelião no
presídio, no caso em questão. E enquanto observamos em uma narrativa o avanço
da banda em termos de desembaraço musical, aqui a crescente tensão representada
pela abandono dos mediadores (personalidades da vida pública americana que
haviam sido convocados pelos presos, como um senador vinculado a direitos
humanos, o jornalista negro John Johnson, que afirmará próximo ao final que
está perto de completar seus 90 anos e jamais esquecerá Attica, e o advogado do
célebre julgamento dos “7 de Chiicago”) é estabelecida por volta do quinto dia,
com o crescente agrupamento de tropas de policiais, assim como da Guarda
Nacional. E também o lava-mãos do então governador de Nova York, onde o
presídio ficava situado, Nelson Rockefeller, com apoio do presidente Nixon (e
cujas conversas também são exploradas em <b>Betrayal at Attica</b>). E o filme
traz uma infinidade de imagens do interior do presídio bem mais extensas que o
último, inclusive os reféns vendados que serviam como escudos humanos diante de
uma invasão completamente desproporcional em termos de armamentos – batalhões
da guarda nacional armados com rifles contra barras de ferro, tacos de
beisebol, facas e similares. Há requintes de perversão na execução dos presos,
já que muitos dos que haviam se destacado como lideranças nos momentos de
execução nos dias prévios, como um advogado que rejeitara o documento das
garantias de não agressão física, por não se encontrar com selo, sendo
perseguidos e executados. E é chocante observar a imagem em <i>rigor mortis</i>
de alguém tão repleto de vida poucos dias antes (e algumas dezenas de minutos
antes no filme). A mesma foto chocante de um verdadeiro riacho de sangue em
meio aos cadáveres,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>presente no outro
documentário, também se encontra aqui. E não menos chocantes são as manifestações
de comemoração dos policiais que gritam “white power”. E também retorna aqui,
as fotos dos prisioneiros despidos e com as mãos para o alto, também incluídas
em <b>Betrayal at Attica</b>. Muitos dos reféns (oito ao menos) foram também
mortos, todos por tiros disparados pela ação de retomada do controle sobre o
presídio. Finda com fotos do meteórico momento de glória dos prisioneiros,
alguns deles com as mãos representando o então bastante popular gesto de “black
power”, seguidos das legendas e depoimentos que se referem às<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vitórias judiciais em termos de indenizações
das vítimas pelo estado de Nova York (a figura da advogada Elizabeth Think, que
é protagonista do outro documentário sequer é citada aqui); mas com todas as
ressalvas da inexistência de um pedido de desculpas ou qualquer tipo de
indiciamento judicial dos responsáveis pelas 39 mortes, provocadas pela
operação de retomada, o mesmo não valendo para os prisioneiros responsáveis
pelas 3 mortes de guardas no momento do levante prisional – o que também
expressa o grau da disparidade de forças empregadas.| </span><span lang="EN-US" style="line-height: 106%;">Showtime Documentary
Films/Firelight Films/Topic Studios. </span><span style="line-height: 106%;">116
minutos.</span><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 106%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "PT Sans Narrow";"><o:p></o:p></span></p>Cid Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/14074767934227716993noreply@blogger.com0