Filme do Dia: Duelo de Gigantes (1976), Arthur Penn

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Duelo de Gigantes (The Missouri Breaks, EUA, 1976). Direção: Arthur Penn. Thomas McGuane. Fotografia: Michael C. Butler. Música: John Williams. Montagem: Dede Allen, Gerald B. Greenberg & Stephen A. Rotter. Dir de arte: Albert Brenner & Stephen Miles Berges. Cenografia: Marvin March. Figurinos: Patricia Norris. Com: Jack Nicholson, Marlon Brando, Randy Quaid, Kathleen Lloyd, Frederic Forrest, Harry Dean Stanton, John McLiam, John P. Ryan.
            Tom Logan (Nicholson) é um ladrão de cavalos que após assaltar um trem instala um rancho no local em que o fazendeiro David Braxton (McLiam) dita as leis. A filha de Braxton, Jane (Lloyd), apaixona-se por Tom. Braxton contrata o  excêntrico “homem da lei” Robert E. Lee (Brando) para exterminar com o bando de Logan, o que ele vai fazendo um por um, restando somente Logan.

Esse faroeste dirigido por Penn talvez seja o último filme digno de nota com Brando. Aqui, inexiste o maniqueísmo entre quem se encontra dentro e fora da lei de um modo tão marcado (e bem mais pungente, diga-se de passagem) de Caçada Humana (1966), em que Brando era a única figura da lei e da ordem contra toda a sociedade praticamente. Aqui, até certo momento Penn parece querer induzir seu espectador, sobretudo aquele que tem conhecimento do filme anterior, de que o personagem de Brando reproduziria uma moral equivalente. Em pouco tempo se perceberá que ele é um frio e calculista assassino racional. Assim, Penn complexifica a relação ética disposta em seu filme de dez anos antes e o herói se torna o ladrão de cavalos vivido por Nicholson, considerado um pequeno criminoso diante das atrocidades cometidas pelo corrupto e rico Braxton e seu Lee, referência ao célebre militar americano da época da Guerra da Secessão – Penn já havia feito uma paródia direta, e mais bem sucedida do General Custer, outro nome célebre da mesma guerra, em O Pequeno Grande Homem. A engenhosa mordacidade do personagem encarnado por Brando não chega a salvar de todo esse que talvez tenha sido também o último filme do realizador a ter ganho maior destaque. A violência aqui, ao contrário do balé em câmera lenta dos filmes de Peckinpah, por vezes acontece num abrir e fechar de olhos mais evocativo dos Irmãos Coen, como é o caso da cena na qual  Lee mata o capanga de Tom, vivido por um ator bastante freqüente nas produções da época, Harry Dean Stanton. A narrativa se encontra repleta de elipses, e com uma dimensão quase onisciente por parte de um Robert E. Lee que consegue observar todos os seus alvos de cima – sendo as imagens granuladas a senha para se perceber que ele observa a ação por seu binóculo. Devon/Perksy-Bright para United Artists. 126 minutos. 

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